O encontro da agricultura familiar com a gastronomia



Em Alagoas, a chef carioca Tereza Corção e a agricultora Luciene Santos se unem para elaborar cardápio especial da comemoração dos 10 anos do Programa de Aquisição de Alimentos. Com produção de inhame, Luciene é exemplo de sucesso do PAA.

Nas ruas do comércio de Viçosa (AL), a 90 km de Maceió, a agricultora familiar Luciene Maria da Silva Santos, de 44 anos, e a chef carioca Tereza Corção, do Instituto Maniva, buscam ingredientes para preparar receitas culinárias. Elas acabaram de se conhecer e vão preparar receitas para o coquetel que será servido no Seminário Internacional “PAA+Aquisição de Alimentos no Ano Internacional da Agricultura Familiar”, que acontece nesta terça-feira (4), em Brasília.

Luciene faz parte do universo de 388 mil agricultores familiares, assentados da reforma agrária, extrativistas, pescadores artesanais, povos e comunidades tradicionais que, nos últimos dez anos, forneceram produtos ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), coordenado pelos ministérios do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e do Desenvolvimento Agrário (MDA). Sua história é um dos relatos do livro PAA – 10 anos de Aquisição de Alimentos, que será lançado durante o seminário internacional.

A agricultora vive no Assentamento Dourada, na área rural de Viçosa, e montou uma pequena panificadora para fabricar pães utilizando o excedente da sua produção de inhame. A sugestão de receita veio de uma nutricionista do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) de Viçosa. Ela consegue produzir um pão com maior valor nutricional, que é vendido por R$ 0,35 ao PAA, ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), às lanchonetes da cidade e também de porta em porta em outras três comunidades rurais próximas ao assentamento.

A família de Luciene produz pães de inhame diariamente e ainda cuida da pequena propriedade, que produz frutas, verduras e hortaliças. “O valor nutricional do inhame é o nosso diferencial. Antes eu vendia (o inhame) na feira e plantava para consumo próprio. Chegar aqui só foi possível por causa do PAA e do Pnae, porque o preço do PAA é fixo”, afirma Luciene, que tem investido os recursos do programa no aumento da plantação em sua pequena propriedade. Os alimentos comprados pela prefeitura vão para entidades socioassistenciais, hospitais, creches e outras instituições públicas.

Cardápio especial

A chef de cozinha Tereza Corção viajou 2 mil km, do Rio de Janeiro a Viçosa, para conhecer Luciene e sua produção. Tereza é conhecida por criar pratos com produtos orgânicos no Rio de Janeiro. Ela compra a “xepa” (sobra das feiras) dos produtores e desenvolve pratos em seu restaurante.  “Dependemos da agricultura familiar para ter alimento saudável. A nossa proposta é aproximá-la dos restaurantes e também aproximar os agricultores dos chefs”, explica.

Na mala, Tereza levou receitas de queijadinha e de bolo de castanha como sugestões para Luciene. Em troca, a cozinheira encomendou 600 pães de inhame da agricultora familiar para servir no coquetel em Brasília. Para a chef, a agricultura familiar é uma área pouco valorizada pela sociedade, que requer muito esforço físico dos produtores e tem baixa remuneração. Ela reconhece o esforço das políticas públicas do governo federal para fortalecer a área e proporcionar uma alimentação mais saudável, principalmente à população mais pobre. “O governo se colocou como um grande comprador destes produtos, isso fez com que a agricultura familiar não morresse”, afirma.

O PAA tem ajudado no desenvolvimento e na organização da agricultura familiar em todo o País, pois os produtores rurais enfrentavam dificuldades de comercialização. O programa foi o estímulo para a produção do pão de inhame de Luciene, pois não havia mercado e preço justo que garantisse o retorno financeiro.

Produtores como Luciene ganharam mais uma opção de mercado com a criação, em 2012, da modalidade de Compra Institucional do PAA. Por meio dela, estados, municípios e instituições públicas passaram a poder adquirir produtos da agricultura familiar com recursos próprios e dispensa de licitação. Viçosa foi o primeiro município no país a operar a nova modalidade. A lista de produtos adquiridos pela prefeitura é bem variada: são mais de 20 itens, com destaque para o inhame.

“Com a mudança, a compra direta do agricultor passou a ser por chamada pública, então pudemos adquirir mais produtos”, explica o coordenador do PAA em Viçosa, Marcelo Vieira. Cada agricultor pode vender até R$ 8 mil por ano para o programa. Para este ano, a prefeitura de Viçosa tem orçamento disponível de quase R$ 250 mil para compras institucionais.

Fonte:

Ministério do Desenvolvimento Social



03/02/2014 17:08


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