O jornal A Crítica defendeu a liberdade de expressão durante a ditadura, diz Jefferson Praia
A Critica foi um jornal que atuou na defesa da liberdade de expressão e de pensamento durante o período da ditadura militar no Brasil, capaz de abrigar pontos de vista conflitantes e se apresentar como espaço plural de ideias. A afirmação foi feita em sessão solene do Congresso Nacional, nesta terça-feira (19), em comemoração aos 60 anos de existência do diário amazonense, pelo senador Jefferson Praia (PDT-AM), autor do requerimento para a realização da homenagem, juntamente com a deputada Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).
Jefferson Praia, primeiro orador a discursar, ressaltou o papel de A Crítica no auxílio ao cidadão comum a compreender e a se situar em um mundo com grandes avanços tecnológicos, de modo a transformar informações em "conhecimento legítimo".
- Algo maior que um empreendimento meramente jornalístico, é um projeto pedagógico-civilizatório, a serviço da cidadania. Sem uma análise que permita colocar o fato em seu contexto, conhecer suas causas e antever seus impactos para o público, tampouco haverá cidadãos - ponderou o parlamentar, em referência ao diário amazonense.
Jefferson Praia apontou ainda o papel do jornal em fortalecer o patrimônio cultural e ambiental representado pela Amazônia e mostrar a importância de sua preservação.
Já o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), amigo pessoal de Umberto Calderaro Filho - fundador do jornal, falecido em 1995 -, destacou "sua enorme capacidade de compreensão política, habilidade em lidar com o poder com moderação e seu amor à liberdade de imprensa", tradição, segundo ele, mantida pela atual administração do jornal. O senador teceu comparação entre as personalidades de Calderaro e do falecido senador Antonio Carlos Magalhães. Ambos, na sua avaliação, davam conselhos no sentido da moderação, mas eram pouco moderados em suas atitudes. Arthur Virgílio, então prefeito de Manaus, e Calderaro enfrentaram juntos a censura e a ditadura militar, "rodando o jornal e o colocando na rua", apesar de proibida sua circulação.
"Polêmica viva"
Também o presidente do Senado, José Sarney, homenageou o fundador do jornal A Crítica, descrevendo-o como "jornalista peleador, uma polêmica viva" e, ao diário, como "imprensa vigorosa de palavras fortes". Comparou Calderaro com outros nomes marcantes do jornalismo brasileiro da época - Assis Chateaubriand e Roberto Marinho - e disse que os veículos de comunicação por eles idealizados são o resultado do perfil de seus fundadores, "cuja personalidade ultrapassa a projeção de seus espíritos, de sua alma e de seu temperamento".
Sarney observou ainda que jornais não costumam ter vida longa. Por isso, disse, a sobrevivência e a expansão de A Crítica demonstram a capacidade dos sucessores de Calderaro.
A senadora Serys Slhessarenko (PT-MT), 2ª vice-presidente, que abriu a sessão solene, ressaltou a competência e o compromisso político com a informação do diário amazonense e sua importância no cenário nacional e internacional, pelas premiações recebidas: Prêmio Airton Senna de Jornalismo, como melhor jornal do norte e o recebido pelo repórter-fotográfico Luiz Vasconcelos, vencedor do Prêmio Internacional de foto-jornalismo do World Press Photo.
A deputada Vanessa Grazziotin, uma das responsáveis pela homenagem, recordou que Umberto Calderaro costumava dar atenção aos movimentos estudantis e aos partidos de esquerda, numa demonstração de sua "ampla compreensão da sociedade", definindo o papel que, segundo ela, a publicação teve na construção do estado do Amazonas.
O deputado Átila Lins (PMDB-AM) ressaltou a contribuição de A Crítica para a defesa do Pólo de Desenvolvimento da Zona Franca de Manaus. Também participaram da homenagem os deputados Rebeca Garcia (PP-AM) e Lupércio Ramos (PMDB-AM).
Integraram a mesa da sessão o senador Jefferson Praia; a senadora Vanessa Grazziotin; Rita de Araújo Calderaro, atual diretora-presidente de A Crítica; e Umberto Tomaz Calderaro, diretor de Mercado do jornal e neto de Umberto Calderaro Filho.
19/05/2009
Agência Senado
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