Obras de paisagismo nas margens do Tietê entram em nova fase



Com iniciativa do DAEE, rio ganhará área verde equivalente ao tamanho de 50 campos de futebol

As margens do Rio Tietê, na capital, vão ganhar área verde equivalente ao tamanho de 50 campos de futebol. Os dois lados do trecho compreendido entre a barragem móvel do Cebolão, na foz do Rio Pinheiros, até a da Penha, na zona leste, com extensão de 24,5 quilômetros cada um, receberão cerca de 27 mil unidades de plantas, entre árvores, arvoretas e arbustos, além de 350 mil metros quadrados de forração. A iniciativa, do governo do Estado, está sendo desenvolvida pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), da Secretaria de Saneamento e Energia.

O projeto prevê uma paisagem composta de aroeiras, quaresmeiras, paus-brasis, palmeiras, jatobás, ipês, chorões, manacás-da-serra, cerejeiras, entre outras espécies. São mais de 70, com portes que vão dos três aos 30 metros de altura. “O intuito é criar um ambiente agradável, impedir invasões das áreas, ajudar na consolidação das margens com as raízes das plantas e, conseqüentemente, preservar as várzeas e prevenir inundações”, informa o diretor de engenharia e obras do DAEE, engenheiro Ronaldo Paiva. “Pelos planos, as espécies formarão um grande corredor de vegetação em cerca de cinco anos”, conta. O custo previsto é de R$ 4 milhões por ano.

Ele explica que o que está sendo realizado agora é a continuação de um trabalho iniciado há um ano. Na ocasião, foi preparado o terreno e feito o plantio de 140 mil árvores, palmeiras, arbustos e trepadeiras. A nova etapa, iniciada no dia 23 de dezembro, abrange o cultivo de mais 14 mil mudas, que substituirão as que não se desenvolveram, e a manutenção e adequação do paisagismo, além de remoção de lixo e entulho das margens, pistas de serviço, canaletas e caixas de drenagem, ao longo dos 12 meses. O contrato firmado tem a previsão de ser renovado ano a ano até, pelo menos, os cinco anos necessários para as espécies cultivadas ganharem força.

Consciência ecológica

O engenheiro agrônomo Pedro Luiz Braghin, um dos responsáveis pelo paisagismo em andamento, relata que o trabalho no local fica sujeito a muitas intempéries, por causa do pesado tráfego de veículo, bem como à poluição e condições de vento. O terreno também não é o mais propício. Por isso, a manutenção tem de ser contínua, se não todo o esforço empreendido pode ser em vão. “É um desafio bastante estimulante”, considera.

As condições de trabalho para os dois grupos de funcionários que atuam na iniciativa também são delicadas. Uma parte cuida do paisagismo propriamente dito e de parte da limpeza das 6 horas até por volta das 15 horas, quando o aumento no movimento de veículos nas marginais impede a continuação do trabalho. A outra retoma no período em que a circulação de veículos é mais tranqüila, das 21 horas até as 6 horas, para atividades de limpeza.

As árvores plantadas são intercaladas com floreiras, onde ficam as espécies herbáceas. Elas ocupam uma faixa de terreno com largura variável entre 2 e 10 metros, no nível da Marginal Tietê. Segundo o diretor técnico de divisão do DAEE, engenheiro Fernando Jorgino Blanco, além do plantio serão feitos podas, coroamento e reposições, quando for necessário. As espécies gramíneas serão cortadas mensalmente e o contrato prevê ainda duas adubações.

Blanco diz que o corredor criado interligará o Projeto Pomar, nas margens do Rio Pinheiros, ao Parque Ecológico do Tietê. Dessa forma, ao constituir uma ponte entre áreas de vegetação, criará melhores condições para as aves que voam pela região. “Um ambiente assim reforça, também, a consciência ecológica do cidadão”, avalia o engenheiro.

Árvores contra inundações

Realizado inicialmente no trecho da capital onde foi executada a obra de rebaixamento da calha do Tietê, o projeto de paisagismo é mais extenso. O engenheiro Ronaldo Paiva diz que está previsto, também, o cultivo de vegetação em mais 64 quilômetros a partir do próximo ano, da Penha até a cidade de Salesópolis. Entre outros benefícios, o plantio nessa área visa à preservação das várzeas para evitar inundação. “As raízes das árvores dificultam erosão e ocupações”, diz.

Conforme lembra Paiva, há 20 anos as chuvas que caíam na nascente do Tietê, entre Salesópolis e Mogi das Cruzes, se espraiavam pelas várzeas e demoravam 48 horas para chegar à capital. Com as ocupações que ocorreram no decorrer dos anos, agora chegam muito mais rápido, cerca de 12 horas antes, aumentando o risco de enchente. “Nosso objetivo, a longo prazo, é criar núcleos de lazer e parques, ao longo do rio, e empreendimentos sustentáveis, como hotéis e marinhas, por concessão ou comodato. Para isso, dependemos de parcerias”, informa o diretor de engenharia do DAEE.

Da Agência Imprensa Oficial

(I.P.)



01/28/2008


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