OITO SENADORES DEBATERAM EM PLENÁRIO A INDICAÇÃO DE TEREZA GROSSI



A indicação de Tereza Grossi para a Diretoria de Fiscalização do Banco Central e o ofício do presidente da República defendendo-a levaram oito senadores a manifestarem-se contra e a favor da funcionária em plenário. Referindo-se ao ofício em que dois procuradores manifestaram-se contra a indicação, Roberto Freire (PPS-PE) admitiu que eles não podiam dirigir-se ao Senado como o fizeram, mas sustentou que cabia ao plenário reconhecer que os dois tinham razão."Quando soube do expediente do presidente da República, pensei que o Sr. Fernando Henrique Cardoso ia pedir a retirada de sua mensagem", disse o parlamentar. Para Freire, essa seria a atitude correta de quem tem um mínimo de sensibilidade e respeito democrático pelo Senado. Para ele, se o relatório de uma CPI diz que Tereza Grossi participou de atos lesivos aos interesses públicos, o governo devia ter a sensibilidade de não indicá-la para uma diretoria do BC.José Roberto Arruda (PSDB-DF) afirmou que, funcionária concursada, Tereza Grossi tem uma folha de serviços prestados ao Banco Central, não podendo ser penalizada por ter cumprido ordens superiores. Ele também afirmou que o relatório da CPI não indiciou ninguem, até porque CPI não tem esse poder. Da mesma forma, o senador Edison Lobão (PFL-MA) se disse convencido de que a funcionária não teve nenhuma participação no processo que resultou na ajuda a dois bancos privados. Conforme Lobão, ela era apenas uma funcionária e devia obediência a seus superiores.O senador Roberto Saturnino disse que, como Arruda, o presidente da República provavelmente foi mal informado a respeito do que foi dito no depoimento que Tereza Grossi prestou à CPI do Sistema Financeiro. Para Saturnino, o presidente o ofício do presidente ao Senado se origina dessa desinformação.José Eduardo Dutra disse que ninguém no Senado estava questionando se Tereza Grossi é ou não funcionária concursada. Também observou que o relatório da CPI não responsabiliza apenas os diretores, mas também os funcionários da área de fiscalização, onde Tereza Grossi atuava. A senadora Heloísa Helena (PT-AL) se disse envergonhada com a postura do governo federal e com os argumentos apresentados para que o Senado aprovasse o nome de Tereza Grossi. "O senhor maior do servidor público não é uma operação fraudulenta determinada pelos superiores, é a lei", ensinou ela.Anunciando seu voto contrário à indicação da funcionária, Ernandes Amorim (PPB-RO) disse que o Banco do Estado de Rondônia (Beron) promoveu uma "lavagem de dinheiro" no montante de R$ 2 bilhoes e foi levado à falência na época em que Tereza Grossi trabalhava na fiscalização do BC e podia ter denunciado o que estava acontecendo naquele estado. Roberto Requião (PMDB-PR) confessou sua perplexidade com o ofício do presidente da República, lembrando que esse é o mesmo governante que concedeu antecipação de receita orçamentária (ARO) a São Paulo depois de conhecidos os resultados da CPI dos Precatórios. "O presidente em nada mais me surpreende. Minha surpresa se dá em relação ao Senado", disse ele, lembrando que não há um único senador que não tenha votado a favor do relatório da CPI do Sistema Financeiro.

21/03/2000

Agência Senado


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