SENADORES SE MANIFESTARAM CONTRA E A FAVOR DE ESCOLHA DE TEREZA GROSSI



Antes da votação secreta destinada a decidir se a economista Tereza Grossi assumiria a diretoria do Departamento de Fiscalização do Banco Central, vários senadores se manifestaram contra e a favor da indicação feita pelo presidente da República. Os parlamentares de oposição contestaram a escolha governamental, dizendo que ela atingia a imagem do Senado. Em defesa da indicação, o senador Edison Lobão PFL-MA) lembrou que caberá a Tereza Grossi a difícil tarefa de levar a bom termo a supervisão bancária do país, cargo que exige alguém exatamente com seu perfil profissional. Ele sustentou que não lhe falta o alto grau de responsabilidade que a tarefa requer e lembrou que três das maiores personalidades do país escolheram seu nome - o presidente da República, o ministro da Fazenda, Pedro Malan, e o presidente do Banco Central, Armínio Fraga. Lobão disse reconhecer na economista, tanto quanto essas autoridades, a qualificação para o cargo. O senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse que, ao deliberar sobre essa escolha, o Senado estava decidindo três coisas essenciais para a Casa e para o presidente da instituição: se Tereza Grossi iria para a diretoria de Fiscalização do BC; se era uma funcionária exemplar que apenas cumpriu ordens quando das irregularidades que beneficiaram os bancos Marka e FonteCindam; e se uma ordem, mesmo imoral, é para ser cumprida. "Se a aprovarmos, nós vamos rasgar nossa biografia, Vossa Excelência (dirigindo-se a Antonio Carlos Magalhães) vai rasgar sua biografia, o Senado vai rasgar sua biografia", afirmou.Na opinião do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), Antonio Carlos deveria sustar a votação da matéria em razão dos argumentos apresentados pela oposição. "Se assim proceder, será respeitado pela opinião pública, pelo próprio presidente Fernando Henrique Cardoso, pelo procurador-geral da República e pelos demais procuradores", pediu ele. E ponderou que aprovar Tereza Grossi significava enfraquecer o Senado. Ao anunciar seu voto contrário, o senador Roberto Saturnino (PSB-RJ) afirmou que a indicada não preenche o requisito de reputação ilibada exigido para o cargo, em razão das suspeitas que a CPI do Sistema Financeiro levantou contra seu comportamento. Para ele, a simples indicação de uma pessoa indiciada caracteriza um desrespeito flagrante ao Senado. "Por que submeter o Senado a esse vexame?", questionou.O senador José Eduardo Dutra (PT-SE) afirmou que o Senado discutia muito mais que uma simples indicação de autoridade. "O que está em questão é a democracia e as prerrogativas de um Congresso Nacional numa democracia", sustentou. Ele também comparou desfavoravelmente o procedimento do presidente Fernando Henrique Cardoso com o do general João Figueiredo, que, depois de indicar o nome de Shigeaki Ueki para o cargo de embaixador junto à Comunidade Econômica Européia, o retirou ao conhecer a posição contrária do Senado. Depois de ler trechos do relatório da CPI do Sistema Financeiro, Heloísa Helena (PT-AL) sustentou que Tereza Grossi foi enquadrada por essa comissão de inquérito em todas as irregularidades que beneficiaram os bancos Marka e FonteCindam. Conforme Heloísa Helena, a reputação de Tereza Grossi não foi considerada ilibada pelos senadores da CPI. A senadora também argumentou que, se apenas Tereza Grossi tem competência para exercer esse cargo no BC, a instituição tem que fechar.A senadora Emilia Fernandes (PDT-RS) afirmou que os resultados dos trabalhos da CPI dos Bancos indicaram provas consistentes de que houve favorecimento e prejuízos ao erário patrocinado pelo Banco Central no caso Marka e FonteCindam. A explicação para a insistência do presidente da República na indicação do nome de Tereza Grossi, segundo a senadora, pode estar na vontade de querer premiar alguém que cumpriu determinações superiores mas não com as funções de funcionária pública.

28/03/2000

Agência Senado


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