ONU: caso Eliza Samudio expõe padrão de violência à mulher



A representante do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem) Rebecca Reichmann Tavares, afirmou na última semana que o caso do desaparecimento de Eliza Samudio enquadra-se no típico padrão de ocorrências de violência contra a mulher em todo o mundo. O principal suspeito do desaparecimento de Samudio é o goleiro Bruno Fernandes, do Flamengo, com quem ela teria tido um filho. Segundo Tavares, a maioria dos casos acontece por três motivos: a mulher quer terminar um relacionamento ou retomar o controle sobre a própria vida e o homem que não quer assumir paternidade.

Em muitos casos, o perfil é de um homem cuja mulher está procurando trabalhar fora de casa, desenvolve as próprias amizades e às vezes volta a morar junto com a família. “Os homens não aceitam que a mulher saia da relação, então, a resposta é com violência”, destacou Tavares.

A norte-americana ressalta que a violência contra a mulher é um problema universal. “Não tem classe social nem faz parte de um ou outro lugar do mundo. Todas as culturas são machistas. A diferença é que, em alguns países, a resposta do Estado em proteger a mulher é mais forte”, enfatiza a representante.

Falhas no sistema de denúncias

De acordo com Rebecca Tavares, o Brasil tem muitas políticas de proteção e conscientização nessa área. No entanto, as denúncias não recebem o tratamento adequado, principalmente por uma questão cultural. “As mulheres são tratadas como se estivessem provocando a violência, que não deveriam sair de casa, porque policiais e juízes estão convivendo com os próprios preconceitos e com a cultura que muitas vezes culpa a mulher por esse tipo de caso”.

A representante da Unifem acredita que a criação da ONU Mulheres, anunciada na última sexta-feira (2), vai aumentar a capacidade de trabalhar com governos e com a sociedade civil no combate à violência contra a mulher. Ela destaca que os índices de violência são menores nos países onde há maior igualdade de direitos de gênero.

Para Tavares, é necessário ainda que as mulheres reconheçam os próprios direitos e denunciem qualquer abuso, assim como os homens devem saber que as mulheres têm os mesmos direitos que eles.

Fonte:
Agência Brasil

 



12/07/2010 03:04


Artigos Relacionados


Serys lamenta falta de agilidade da Justiça quanto ao sumiço de Eliza Samudio

SPM expõe ações para combater violência contra mulher

Novo padrão para delegacia da mulher vai do atendimento até a arquitetura

USP: Nível de instrução da mulher influencia no padrão alimentar das famílias brasileiras

USP: Nível de instrução da mulher influencia no padrão de consumo alimentar das famílias brasileiras

Casos de violência sexual contarão com protocolo padrão