Serys lamenta falta de agilidade da Justiça quanto ao sumiço de Eliza Samudio



Matéria retificada às 19h49

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A senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) fez, nesta quarta-feira (8), duras críticas à atuação da Justiça no caso do desaparecimento da modelo Eliza Samudio, que teria sido sequestrada e a morta a mando do goleiro do Flamengo Bruno Souza, conforme as notícias dos últimos dias.

A parlamentar lembrou discurso que fez há poucos meses criticando declarações de Bruno, que considerou ofensivas às mulheres. Ela lamentou que a Justiça não tenha sido mais ágil no caso, pedindo a prisão do jogador no início de junho, quando se teve notícia do desaparecimento da jovem.

No dia 9 de março, em sessão solene realizada no Senado em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, a parlamentar protestou contra as declarações do goleiro Bruno no episódio da briga do atacante Adriano com sua noiva Joana Machado. Nessa briga, durante a qual Adriano deu tapas na noiva em público, Bruno questionou os repórteres com a seguinte frase: "Quem nunca tascou, saiu na mão contra uma mulher?".

- Diante dessa afirmação horrorosa, ele já mostrava ao Brasil a distorção da sua personalidade. Realmente, todas as providências têm que ser tomadas contra essas personalidades distorcidas, essas personalidades que fazem esse tipo de afirmação - obseervou Serys nesta quarta.

A senadora relembrou protesto que fez, em 29 de junho, em relação a outro episódio, o da agressão que o Vereador Lourivaldo Rodrigues de Moraes, de Pontes e Lacerda, do Mato Grosso, fez contra a repórter Márcia Pache, da TV Centro-Oeste, filiada ao SBT. A jornalista fez uma pergunta ao Parlamentar, que respondeu com um tapa no rosto da repórter.

- Ela caiu e bateu com a cabeça no chão. E eu repeti: quem bate mata - censurou Serys.

Para a parlamentar, as cenas da violência em Mato Grosso levaram à expectativa de o agressor covarde saísse algemado, indo direto para a prisão. Isso, porém, não ocorreu.

- Talvez se a agressão tivesse sido contra um repórter, um homem, o agressor não tivesse toda essa sorte. A impressão que fica, senhores e senhoras, é que certas autoridades deste País, quando se trata de agressão à mulher, somente agem quando o pior já ocorreu.

 "Tragédia anunciada"

Serys procurou justificar suas críticas a uma "tragédia anunciada" explicando a queixa contra Bruno foi registrada em outubro de 2009 na Delegacia de Atendimento à Mulher de Jacarepaguá, e com o conhecimento do Ministério Público do Rio de Janeiro. Somente agora, oito meses depois, Eliza, de 25 anos, o MP denunciou o goleiro por lesão corporal, sequestro e cárcere privado.

- Precisou que o Brasil e o mundo assistissem estarrecidos aos horrores de um crime anunciado para [a Justiça] se pronunciar - disse a senadora.

Citando matéria do jornal Folha de S.Paulo, a parlamentar mencionou que a acusação resultou na abertura de inquérito, e a polícia chegou a pedir à Justiça proteção à Eliza. Entretanto, nenhuma medida foi tomada até o desaparecimento da model, no início de junho. A justificativa era que o exame do Instituto Médico Legal (IML) não estava pronto. O exame atestaria tentativa forçada de aborto, já que Eliza estava grávida, supostamente de Bruno. O goleiro, além de agredir, teria feito a ex-namorada tomar algum tipo de chá abortivo por rejeitar a criança.

- Infelizmente, este é mais um caso triste que ganha repercussão mundial, revelando o quanto precisamos avançar e o quanto precisamos refletir sobre o ocorrido. Infelizmente, esta distorção de um homem machista e reacionário, fraco emocionalmente, está muito presente, em cada canto deste País, nos diversos Brunos que existem por aí - alertou Serys.

 Ação preventiva

 A senadora aproveitou para cumprimentar a Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania do Distrito Federal (Sejus) que está promovendo, nesta quinta-feira, 8 de julho, uma ação conta a Violência Doméstica e Sexual. O local escolhido foi a plataforma superior da Rodoviária do Plano Piloto de Brasília, por onde passam aproximadamente 700 mil pessoas por dia.

 Lá foram montadas tendas que estão oferecendo assistência social, psicológica e jurídica para a população. O objetivo, segundo a Subsecretária para Assuntos da Mulher, Marta Regina Leite, é orientar e conscientizar sobre as várias formas de violência. Disse ela: "Nós vamos distribuir folhetos e cartilhas, explicar sobre a Lei Maria da Penha e dar toda a orientação sobre quando, onde e como denunciar", reforça a Subsecretária.

 O público também está sendo informado sobre os programas de atendimento a mulheres vítimas de violência e filhos até 12 anos de idade, ou adolescentes que sejam encaminhados por determinação judicial.



08/07/2010

Agência Senado


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