Oposição crê em divisão da base governista



Os senadores dos partidos de oposição apostam em uma divisão da base governista como conseqüência da eleição de Jader Barbalho (PMDB-PA) para a Presidência do Senado. Para a líder do Bloco Oposição, senadora Heloísa Helena, a disputa desagregou a sustentação do governo.

O candidato das oposições, Jefferson Péres (PDT-AM), avalia que a eleição de Jader fortalece a "facção mais governista" do PFL.

- O lançamento da candidatura Arlindo Porto sepultou qualquer chance de uma alternativa ao senador do PMDB- disse ele.

Péres disse crer na perda de espaço político pelo senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).

- Não se sabe se ele continuará sendo uma liderança nacional ou não - analisou, defendendo ainda que o Ministério Público e a Comissão de Ética do Senado investiguem as acusações mútuas de corrupção entre Antonio Carlos e Jader Barbalho.

Na avaliação do senador Roberto Freire (PPS-PE), a vitória de Jader significou que o aliado preferencial do governo Fernando Henrique Cardoso deixou de ser o PFL e passou a ser o PMDB.

Único senador de seu partido a declarar voto no candidato oposicionista, Roberto Saturnino (PSB-RJ) vê prejuízos políticos para o Executivo com essa opção.

- A derrota do PFL vai se refletir em posturas eventuais de discordância do partido com o governo - avalia.

Saturnino disse que ainda é cedo para se fazer uma previsão a respeito da gestão de Jader na Presidência do Senado.

- Jader se comprometeu a ouvir mais os outros membros da Mesa, no entanto a sua postura ainda é uma incógnita tanto para as oposições como para a opinião pública - comentou.

Para o senador Paulo Hartung (PPS-ES), depois de um momento de acomodação natural que virá após a eleição do Senado, o governo federal continuará a contar com maioria na Casa. Ele defendeu a definição de uma agenda clara que retome as reformas no país, incluindo a reforma tributária a lei das sociedades anônimas.

- O Congresso passou por um momento de briga pessoal, de dossiê pra cá e dossiê pra lá, e isso desgastou a imagem da instituição. Precisamos construir uma agenda que recoloque a Câmara e o Senado trabalhando ao lado da população - afirmou.

O senador José Eduardo Dutra (PT-SE) disse que a democracia e a imagem do Congresso Nacional foram os grandes perdedores diante da forma como foram conduzidas as eleições para a Câmara e Senado. Ele defendeu a apuração de todas as acusações trocadas entre o ex-presidente Antonio Carlos e Jader.

- O caminho deveria ser o de uma comissão parlamentar de inquérito, que nós estamos trabalhando para ser instalada, mas se não conseguirmos, que pelo menos o Ministério Público faça a investigação - afirmou.

A senadora Emilia Fernandes (sem partido - RS) elogiou a coragem de Jader na disputa com Antonio Carlos.

- Foi quase um ano de confronto e isso não é para qualquer um - disse.

Na opinião de Emilia, dessa disputa fica a lição de que o povo brasileiro precisa ficar mais atento aos candidatos que elege para o Legislativo. A senadora acha que o PFL deveria ter apoiado o candidato oposicionista, senador Jefferson Péres.

14/02/2001

Agência Senado


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