OPOSIÇÃO RECUSA-SE A SABATINAR TEREZA GROSSI



Os senadores do Bloco Oposição e os senadores Roberto Requião (PR) e Pedro Simon (RS), do PMDB, recusaram-se a participar da sabatina de Tereza Grossi, indicada pelo presidente da República para assumir a Diretoria de Fiscalização do Banco Central (BC). Depois da rejeição de requerimento do senador José Eduardo Dutra (PT-SE) pedindo o sobrestamento da votação do parecer do senador Jorge Bornhausen (PFL-SC) sobre a indicação, os senadores retiraram-se da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).O requerimento pretendia que uma decisão do Senado sobre a indicação de Grossi fosse precedida pela conclusão das ações judiciais movidas pelo Ministério Público contra Tereza Grossi por improbidade administrativa. A indicada participou, em janeiro de 1999, da operação de socorro aos bancos Marka e FonteCindam, que resultou em prejuízo ao erário e foi citada no relatório final da CPI dos Bancos.Para o senador Roberto Saturnino (PSB-RJ), com a indicação, o presidente Fernando Henrique Cardoso desrespeitou o Senado ao "jogar no lixo" as conclusões da CPI. Já o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) acredita que a ex-chefe de fiscalização do BC não foi uma "mera executora de ordens" e não praticou devidamente as funções de sua competência.Nessa linha, Requião afirmou que a indicada foi responsável "objetiva e direta" pela operação, lembrando que foi ela quem "encomendou" da Bolsa de Mercadorias e Futuros documento afirmando que havia risco de crise sistêmica. Dutra e Simon declararam que a aprovação do nome de Tereza Grossi pode desmoralizar o Senado, pois desconsidera as conclusões de uma CPI, aprovadas por unanimidade.O senador Roberto Freire (PPS-PE) anunciou que irá apresentar em plenário requerimento para que a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) seja ouvida sobre o assunto. Ele acredita que, de acordo com o Regime Jurídico Único dos servidores públicos, o funcionário sobre quem pesam acusações deve ser afastado do cargo até o fim das investigações.O líder do governo, senador José Roberto Arruda (PSDB-DF), recorreu ao dicionário Aurélio para interpretar o relatório final da CPI dos Bancos que, em trecho lido por ele, afirma que irregularidades foram apenas "vislumbradas". Ou seja, para ele, a CPI conseguiu mostrar apenas "um fraco clarão de luz" ou "conhecer imperfeitamente" os fatos que envolveram o socorro aos bancos."Votar a indicação não é desrespeito à CPI. Estou sendo coerente com a minha assinatura no relatório", afirmou Arruda. Ele sustentou que o fato de Tereza Grossi ser ré em ação movida pelo Ministério Público não é motivo para incapacitá-la para a vida pública.Os senadores Jefferson Peres (PDT-AM), Heloísa Helena (PT-AL), Lauro Campos (PT-DF) - que se retiraram da reunião -, Ernandes Amorim (PPB-RO), José Alencar (PMDB-MG) e Agnelo Alves (PMDB-RN) também participaram das discussões até a votação do requerimento de Dutra.

21/03/2000

Agência Senado


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