Tereza Grossi diz que ex-funcionário do BC tinha conta no FonteCindam



A diretora de Fiscalização do Banco Central, Tereza Grossi, revelou nesta terça- feira (dia 5) perante as comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Fiscalização e Controle (CFC) que um ex-funcionário daquela instituição era, de fato, um dos grandes investidores do banco FonteCindam, um dos favorecidos, ao lado do Marka, da operação de socorro estimada em US$ 1,6 bilhão em janeiro de 1999, após a mudança da política cambial do país.

A diretora negou-se a revelar publicamente o nome do ex-funcionário, mas explicou que o nome dele surgiu em recente cruzamento de informações feito pela instituição, cujo resultado será encaminhado aos órgãos que investigam aquela operação de socorro, basicamente, a Polícia Federal, o Ministério Público e a Justiça.

Ela explicou que esse trabalho difere daquele realizado para a CPI do Sistema Financeiro, que listava todos os aplicadores das instituições beneficiárias da operação de socorro de janeiro de 1999, mas não cruzava essas informações com a listagem dos funcionários da ativa e aposentados do Banco Central.

Ela explicou que o ex-funcionário identificado não é o maior quotista dos fundos de investimentos do FonteCindam, mas é um dos maiores.

O presidente do Banco Central, também presente à reunião da CAE, disse não ver a hora de a Justiça concluir as apurações sobre o caso Marka e FonteCindam, a fim de encerrar a situação de desconforto vivida hoje por aquela instituição, diante do caso. Ele negou, contudo, ter tido conhecimento, antes do episódio, de alguma coisa que manchasse a reputação do professor Francisco Lopes, ex-dirigente do Banco Central, de quem partiu a operação de socorro aos dois bancos, um deles de propriedade de Salvatore Cacciola, fugitivo da Justiça brasileira e residente na Itália.

Fraga, durante seu depoimento, procurou isentar Tereza Grossi de qualquer responsabilidade no caso, ressaltando que após exaustivas investigações, a Polícia Federal decidiu não indiciá-la. Por isso, explicou, ela foi promovida de chefe interina do Departamento de Fiscalização, para o cargo de diretora. Tereza Grossi, explicou Fraga, apenas limitou-se a levantar dados solicitados pela diretoria sobre o Marka, junto à Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F;). Na operação de socorro ao FonteCindam ela não teve nenhuma participação, afirmou.

05/06/2001

Agência Senado


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