Orientação sobre utilização de mochilas escolares reduz problemas futuros na coluna



Dissertação de mestrado da FMUSP mostra que a educação postural é bem aceita pelas crianças e tem adesão de pais e professores

Muitos pais ficam em dúvida na hora de escolher o modelo de mochila escolar para os filhos. Que tipo é menos prejudicial para a coluna, o de alças ou o tipo carrinho? Um estudo realizado na Faculdade de Medicina da USP, pela fisioterapeuta Susi Mary de Souza Fernandes, mostra que a orientação de pais, professores e das próprias crianças é o melhor caminho para corrigir a postura dos escolares e evitar que eles sofram, mais tarde, com dores na coluna. A pesquisa, que rendeu à fisioterapeuta o título de Mestre em Ciências pela FMUSP, foi feita com 99 estudantes de uma escola particular de São Paulo, cursando da 1ª à 4ª série do ensino fundamental e com idade variando entre 7 e 11 anos. Foram pesquisados o peso transportado nas mochilas, o tipo de mochila mais frequentemente utilizado e o modo como as crianças transportam suas mochilas.

A pesquisa foi feita em duas etapas. Após a primeira avaliação, tanto as crianças quanto os pais e os professores assistiram a palestras de educação postural, e as crianças receberam orientações mensais por três meses. Os escolares aprenderam, por meio de vivência prática, que a carga da mochila deve ter no máximo 10% de seu peso corporal, e que o transporte deve ser feito de modo simétrico, ou seja, nos dois ombros, bilateralmente. Quando foram avaliados na primeira etapa, 49,5% dos alunos usavam mochilas do modelo carrinho, e 46,5% utilizavam o modelo duas alças. Na segunda avaliação, após terem recebido orientação postural, verificou-se um aumento no número de alunos com mochila duas alças para 60,6% e uma redução estatisticamente significante para os alunos que utilizavam carrinho (33,3%).

Em relação à maneira de carregar a mochila, houve aumento de 41,4% para 55,6% para ombro bilateral, e para transporte em mãos foi observada redução de 5,1% para 0%. Quanto ao peso transportado, observou-se uma redução significativa: a diferença média foi de 2,66 kg. “Percebemos que o peso das mochilas diminuiu, o tipo de mochila mais utilizado passou a ser o de duas alças e o transporte passou para ombro bilateral”, constata a autora do estudo.

Os pais foram orientados a verificar a mochila das crianças, freqüentemente, pois foi constatado que os alunos carregavam material além do exigido diariamente pela escola. Outro alerta feito aos pais é que, mesmo vazias, as mochilas tipo carrinho eram muito pesadas, e transportá-las de modo inadequado gerava sobrecarga, principalmente porque a escola possuía escadas para acesso à sala de aula. “Foram encontradas mochilas tipo carrinho com peso superior a 10 kg, apesar do material de uso diário exigido pela escola (apostila, agenda escolar e estojo) não ultrapassar 1,5 kg”, revela a fisioterapeuta Susi Fernandes. Já as mochilas com alças, quando vazias, não ultrapassaram o peso de 1 kg.

“Concluímos que as crianças recebem bem educação para hábitos de saúde e que medidas de educação devem ser implantadas para que as doenças de coluna no adulto possam ser evitadas”, ressalta Susi Fernandes. Para os professores, foi sugerida a racionalização do material, bem como a adequação dos horários de aula, a fim de que as crianças pudessem organizar as mochilas. Também foi levantada a necessidade de armários para armazenamento do material na própria escola.

 

Da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

(I.P.)

 



01/19/2008


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