Paim cobra regras mais claras para a divulgação de pesquisas eleitorais



Ao lembrar que a contagem dos votos do primeiro turno das eleições municipais deste ano revelou muita surpresa com relação às previsões feitas pelos institutos de pesquisa, o senador Paulo Paim (PT-RS) defendeu regras mais claras para a divulgação dos resultados destas consultas à população. Ele sugeriu que o Brasil siga o exemplo da França, onde as pesquisas não podem ser divulgadas na proximidade das eleições.

- As distorções das pesquisas eleitorais precisam ser corrigidas e o seu uso indevido, influenciando o processo eleitoral, precisa ser combatido e punido criminalmente - disse o senador.

Paim entende que, na falta de um instituto de pesquisa estatal que possa atuar com total isenção, é preciso redefinir as regras para a divulgação e a elaboração das pesquisas. Ele acrescentou que lei também precisa disciplinar a fiscalização das pesquisas pelos partidos políticos.

Na avaliação do senador, em 1982, primeira eleição direta para os governos estaduais depois do golpe de 1964, foi inaugurada a era de suspeição desse tipo de consulta. O motivo, explicou, foi o "caso Proconsult", quando houve uma manipulação dos resultados da eleição com o objetivo de tentar evitar a vitória de Leonel Brizola. Desde o golpe militar as pesquisas estavam proibidas.

Paulo Paim revelou que há dois anos, quando foi eleito senador, também foi vítima dos institutos de pesquisa. Ele relatou que os resultados publicados classificavam sua candidatura em quarto lugar, sem chance de vitória. Com as urnas abertas, foram computados 2.102.904 para Paim, o que lhe garantiu o mandato. Este ano, acrescentou, as eleições também não fugiram à regra da inconsistência das sondagens realizadas.

- Para compensar esta falta de precisão, os institutos têm divulgado suas pesquisas eleitorais com grandes margens de erro. Com isso eles acabam agradando todos os candidatos. Depois, fazem uma conta de chegar para comprovar a honestidade das suas sondagens - analisou Paim.

Em aparte, o senador Heráclito Fortes (PFL-PI) destacou que nas eleições deste ano houve uma proliferação "de institutos de pesquisa de fundo de quintal, verdadeiros caça-níqueis" que divulgaram resultados sem nenhum fundo científico. Já o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) disse que, quando disputou a reeleição, as pesquisas lhe davam 3% da preferência, enquanto apontavam que seu adversário detinha 46% dos votos do eleitorado paraibano. Depois da apuração, ele foi reconduzido ao cargo e o adversário não conquistou uma vaga no Senado.



21/10/2004

Agência Senado


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