País ampliará pesquisas do setor mineral por meio de redes, diz novo diretor do Cetem
O novo diretor do Centro de Tecnologia Mineral (Cetem), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Fernando Antonio Freitas Lins, afirmou que a expansão do trabalho em redes e a realização de pesquisas em temas considerados estratégicos para o Brasil são as prioridades de sua gestão. Lins será empossado, nesta sexta-feira (20), pelo ministro Marco Antonio Raupp, no Rio de Janeiro.
Entre os temas prioritários de sua gestão, que vai de 2012 a 2015, Fernando Lins citou terras-raras e minerais para fertilizantes. Ele explicou que o Brasil é um grande produtor agroindustrial e consome muitos minerais fertilizantes importados, como potássio, fosfato e nitrogênio. “A dependência do Brasil é cerca de 70%”.
Para o diretor, um esforço de pesquisa nessa área pode ajudar a elevar a produção interna do Brasil. “Seria muito interessante, do ponto de vista de evitar qualquer susto, como dificuldades de oferta no mercado mundial”, disse. Lins lembrou que a falta de fertilizantes por algum tempo pode levar à queda de safra internamente.
No campo de terras-raras, o Brasil tem alto potencial geológico. As reservas estimadas ficam em torno de 3,5 bilhões de toneladas. Segundo ele, a pesquisa é estratégica porque os metais que constituem esse grupo de 17 elementos químicos, presentes em minérios como a monazita, a bastnaesita e a xenotima, são muito importantes em tecnologias avançadas, usadas em computadores e celulares, por exemplo.
Outras aplicações são a indústria petrolífera, a produção de semicondutores e supercondutores, os ímãs de alto desempenho, fármacos, sistemas de orientação espacial e a indústria bélica. Embora o Brasil não fabrique esses equipamentos, existe uma orientação política do governo de que o País não fique somente na fase de produção desses minerais. “O governo terá também projetos que irão até o fim da cadeia”, afirmou o novo diretor.
A China se mantém na liderança da produção de terras-raras, com 95% dos recursos produzidos no mundo.
De acordo com Fernando Lins, diante dos desafios da área de mineração e para compensar a falta de pessoal especializado, a tendência do Cetem é expandir o trabalho em redes, desenvolvendo projetos estruturados em parceria com outros institutos de pesquisa, para chegar a resultados bons e efetivos. “É uma forma de otimizar os recursos humanos disponíveis”.
Outra meta é ampliar o tamanho do centro, que possui sede no Rio de Janeiro e um núcleo de rochas ornamentais em Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo. A ideia é criar outros núcleos regionais em Santa Catarina, devido à existência de carvão, e no Piauí, onde existe a produção de gemas e foram feitas descobertas importantes de minério de ferro. Para isso, devem ser estabelecidas parcerias com governos estaduais.
O novo diretor quer promover a modernização da infraestrutura do Cetem, por meio da renovação e manutenção de equipamentos. Lins pretende inserir o centro no processo de evolução da mineração mundial, de modo a dar ênfase à participação brasileira.
“É uma oportunidade para o Brasil, do ponto de vista tecnológico, aproveitar essa onda e surfar nesse momento positivo”. O diretor acredita que o Cetem e outros institutos de pesquisa têm condições de aproveitar esse cenário de crescimento do setor para ficar mais competitivos. “O Cetem pode ser um catalizador disso”, afirmou.
O centro tem atualmente 100 servidores, dos quais 60 são pesquisadores. Para recuperar o contingente que se aposentou nos últimos anos, Lins estimou que seriam necessários, pelo menos, mais 100 pesquisadores.
Está prevista a realização, ainda este ano, de um concurso para admissão de cinco pesquisadores. O diretor pretende a realizar novos concursos para a contratação de 10 a 15 pessoas por ano, nos próximos cinco ou seis anos.
Fonte:
Agência Brasil
20/04/2012 12:53
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