País deve aprovar PEC sobre trabalho escravo



O relatório Índice de Escravidão Global 2013, divulgado pela Fundação Walk Free, recomenda que o Brasil aprove a Proposta de Emenda Constitucional (Pec) do Trabalho Escravo, que tramita há dez anos no Congresso Nacional, aumente as sanções, a pena e a multa para o uso de mão de obra forçada; fortaleça a Lista Suja do Trabalho Escravo; e pressione ainda mais as empresas que produzem ou que usem produtos provenientes de trabalho análogo à escravidão.

O Brasil está em 94º entre os 162 países avaliados proporcionalmente em relação à população. O País, de acordo com o relatório, tem de 170 mil a 217 mil pessoas em situação análoga à escravidão.

No ranking das Américas, o Brasil está em 13º. No mundo, o país em que há, proporcionalmente, a maior prevalência de casos é a Mauritânia, na Costa Oeste da África; seguida pelo Haiti e Paquistão. Em termos quantitativos, os que mais registram casos são a Índia e a China, com, pelo menos, 13,3 milhões e 2,8 milhões de pessoas escravizadas respectivamente.

Nos parâmetros do índice, escravidão é a condição de uma pessoa sobre a qual é exercido qualquer poder de propriedade. Entre essas condições, estão a servidão por dívida, casamento forçado ou servil e a venda ou a exploração de crianças – inclusive em conflito armado.

“O Brasil tem boas práticas, com um plano nacional, políticas integradas, especialistas altamente treinados, juízes do Trabalho e a lista suja (Lista Suja do Trabalho Escravo), o que é ótimo. A maioria dos países não tem isso”, destacou o autor do índice, Kevin Bales, em referência, em especial, aos plano nacionais de erradicação do trabalho escravo, de 2003 e 2008.

Ainda assim, para Bales, o País pode melhorar por meio da adoção de medidas preventivas, especialmente no que tange à exploração de mão de obra, casos em que são verificados as situações de condição análoga à escravidão no Brasil.

“O Brasil tem problemas? Sim, mas veja quantas pessoas saíram de situação análoga à escravidão devido à atuação de organizações e do governo: dezenas de milhares”, explicou o autor do relatório. De acordo com o índice, só em minas de carvão, entre 2003 e 2011, foram libertados 2,7 mil trabalhadores nesse tipo de situação.

Segundo o documento, atualmente, o grupo de pessoas mais vulneráveis ao trabalho escravo, no Brasil, é o de estrangeiros em busca de empregos – especialmente os haitianos e bolivianos, que emigram devido a condições econômicas, sociais e naturais em seus países. Esses estrangeiros são majoritariamente explorados por meio da escravidão por dívida.

“(Os estrangeiros) não podem ser invisíveis, especialmente para a população local. Quando há imigrantes, eles são tratados inferiormente. Se eles não falam bem português, ninguém fala com eles, são ignorados. É fácil não saber da situação”, explicou Bales.

O Brasil apresenta também problemas no que se refere ao trabalho penoso - atividades perigosas ou em condições precárias, como em minas de carvão. “O governo brasileiro tem assumido um papel ativo no reconhecimento da existência da escravidão moderna e na promoção de discussões [sobre o tema]”, ressalta o relatório da Fundação Walk Free, que cita como “exemplar” os esforços do Brasil no combate ao uso de mão de obra forçada.

Fonte:
Secretaria de Direitos Humanos



17/10/2013 16:57


Artigos Relacionados


Trabalho escravo ainda faz 20 mil vítimas no País, diz MPT

Trabalho escravo diminuiu no País em 2010

Senadores debatem trabalho escravo no país

Lista de trabalho escravo mostra 220 infratores no País

Ademir quer pressa na supressão do trabalho escravo no país

O Pará deixará de ser campeão do trabalho escravo no país, diz Ana Júlia