Para CPI dos Bancos atuação do Banco de Boston foi suspeita, diz Antero



Com base em informações do relatório final da CPI dos Bancos, o senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) apontou que o Banco de Boston, instituição à qual Henrique Meirelles pertenceu até este ano, foi um dos principais beneficiados pelo ataque especulativo ao real em janeiro de 1999. Antero solicitou em questão de ordem que a sabatina fosse suspensa, mas seu pedido foi rejeitado pelo presidente da reunião da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), senador Waldeck Ornélas (PFL-BA).

De acordo com Antero, relatórios de fiscalização do Banco Central (BC) à época apontaram que o Banco de Boston não teve -a preocupação de atuar dentro das normas cambiais em vigor- e não colaborou no fornecimento das informações solicitadas. O relatório lido por Antero afirma que o banco encobriu operações cambiais para que não fosse obrigado a depositar no BC o excedente ao limite estabelecido de US$ 5 milhões.

- Essa foi uma claríssima operação contra o BC. Essas operações estavam sob o comando de Meirelles, que ocupava a presidência do Banco de Boston. Se isso não é gravíssimo, não sei o que é grave para esta comissão avaliar - afirmou Antero, que disse esperar que o presidente eleito Luíz Inácio Lula da Silva revisse sua decisão de indicar Meirelles para a presidência do BC.

Segundo o senador, a fiscalização do BC concluiu que o Banco de Boston possibilitou a transferência do lucro auferido na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BMF) para a matriz sem o recolhimento dos tributos devidos.

- Como vai se sentir a fiscalização do BC comandada por quem, quando estava do outro lado, dificultava a fiscalização do BC? - questionou Antero.

Por não ser membro da CAE, Antero teve indeferido por Waldeck requerimento para que o BC enviasse ao Senado, em 24 horas, os processos de fiscalização sobre o Banco de Boston nos últimos cinco anos. Antero pretendia que o Senado pudesse tomar conhecimento do conteúdo antes da votação em Plenário.

Em resposta ao senador, Meirelles afirmou que não tinha responsabilidade direta sobre as entidades brasileiras responsáveis pelas operações no Brasil naquela época. Ele argumentou ainda que, ao final das investigações, não foram detectadas irregularidades contra o Banco de Boston. Meirelles disse ter confirmado com o senador eleito Aloízio Mercadante (PT-SP) que não houve qualquer penalidade.

- Tive conduta considerada irrepreensível pelo BC no período em que fui diretor no Brasil. Não é correta a afirmação de que seria comandante das operações. As operações são autônomas com responsáveis aprovados pelo BC - afirmou.



17/12/2002

Agência Senado


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