Para diretor da Conspiração Filmes integração entre cinema e TV precisa do Congresso



A integração entre a televisão e o cinema requer a interferência do legislador, porque as leis do mercado têm-se mostrado insuficientes para que esse objetivo se concretize. A proposta foi defendida nesta quinta-feira (dia 28) pelo diretor da Conspiração Filmes, Leonardo Barros, durante audiência pública realizada pela Subcomissão de Cinema, Comunicação Social e Informática do Senado Federal, que também contou com a participação do diretor da Rede Globo e cineasta Daniel Filho.

Dentro dessa perspectiva, Leonardo Barros disse que é a favor de três medidas básicas: a obrigatoriedade da exibição de filmes nacionais pela TV; o investimento, pelas emissoras, em co-produções, e total liberdade para que elas escolham os projetos que irão realizar.

Para o vice-presidente da subcomissão, senador Roberto Saturnino (PSB-RJ), a proposta do diretor da Conspiração Filmes "toca em um ponto fundamental". Mas ele admitiu sua preocupação quanto à maneira como se dará essa integração cinema-TV.

- Sabemos do peso da TV no comportamento do Congresso Nacional. Estamos com disposição para que o Senado seja a mão capaz de produzir essa aproximação. Porém, não adianta fazer projeto de lei para ele ir parar no fundo de alguma gaveta, porque se houver oposição das televisões ele não anda - observou.

O presidente da Comissão de Educação, senador Ricardo Santos (PSDB-ES) levantou a questão sobre as relações entre a TV e o produtor cultural independente. Daniel Filho disse que a colaboração entre o cinema e a televisão deva ser estimulada, "porque é necessária". Ele lembrou, no entanto, que depois de 25 anos trabalhando na TV Globo, deixou a empresa para se tornar produtor independente e, nessa tentativa, perdeu cerca de U$ 420 mil, praticamente tudo que havia ganho durante os anos como funcionário da Globo, logo em seu primeiro projeto, Confissões de uma Adolescente .

A característica da programação das televisões foi citada por Daniel como um aspecto de grande relevo nesse processo de integração. Referindo-se à Globo, Daniel Filho citou a qualidade da programação da emissora, com a qual o filme que se pretende exibir deve se integrar. Ele também lembrou que a grande maioria das televisões brasileiras não dispõem de recursos nem meios para realizar produções próprias ou mesmo co-produções.

Leonardo Barros disse que, no processo de aproximação da TV com o cinema deve ser evitado "o parto feito a fórcepes". Ele acrescentou que, de qualquer maneira, "será um parto doloroso".

O senador Francelino Pereira (PFL-MG) voltou a defender o Congresso como o espaço democrático mais indicado para a discussão de propostas voltadas para a criação de um indústria do audiovisual, o que só poderá se efetivar depois que o país dispuser de uma política pública para o setor. O senador Juvêncio da Fonseca (PMDB-MS) disse que apesar de concordar com Francelino, tinha de admitir que as autoridades não têm demonstrado sensibilidade sequer para elaborar uma política agrícola, mesmo sendo a agropecuária tão importante para a economia do país.

Já o senador Antonio Carlos Júnior (PFL-BA) ressaltou que "o conteúdo nacional" acabará aproximando, a médio prazo, o cinema da televisão. Mas, para ele, antes que essa situação se resolva caberá ao Congresso, através dos meios que dispõe, administrar esse espaço de tempo que falta.

28/06/2001

Agência Senado


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