PARA MARINA SILVA, GOVERNO DEVE RECONSIDERAR NOMEAÇÃO DE CAMPELO
"Acho da maior importância que a Polícia Federal não tenha essa mácula", afirmou nesta quinta-feira (dia 17) a senadora Marina Silva (PT-AC), ao pedir que os partidos de sustentação ao governo convençam o presidente da República de que João Batista Campelo não pode dirigir a Polícia Federal. Para ela, isso tem a ver com respeito ao estado de direito e à Constituição promulgada em 1988.A senadora argumentou que as resistências ao nome de Campelo não se amparam em pressupostos ideológicos, mas em fatos. "O presidente da República tem mais do que motivos para fazer uma reconsideração da postura que assumiu ao indicá-lo, para o bem da Polícia Federal e do país", afirmou a parlamentar.Marina Silva ressaltou que a Polícia Federal é valiosa para o país, principalmente para a região Norte, no combate ao narcotráfico, e observou que a instituição já paga um preço muito alto por não ter efetivo suficiente. Para a senadora, a PF não pode carregar mais um peso, que é "o peso da desmoralização pública pelos fatos que agora estão sendo apresentados à sociedade".A senadora referiu-se, também, à escolha para o Superior Tribunal de Justiça de um juiz que responde a processo de paternidade e à de Francisco Lopes para o Banco Central, para afirmar que o país está enfrentando um momento muito grave. Em sua opinião, isso macula as instituições, daí porque os partidos que apoiam o presidente devem agir. - Apelo à base de sustentação do governo que verifique o que está acontecendo, porque é muito grave. Parece que aquele que pressiona mais, indica quem quer que seja. Pelo amor de Deus, que sejam feitas indicações de pessoas que não tenham esse tipo de mácula - pediu a parlamentar.Referindo-se ao depoimento de João Batista Campelo à Comissão de Direitos Humanos da Câmara, Marina Silva informou que, em inúmeras oportunidades, ele preferiu não responder se foi responsável por tortura em inquéritos policiais, durante o regime militar. A senadora observou que existem denúncias irrefutáveis contra o delegado em processo instaurado na década de 70 e hoje arquivado na Justiça Militar. Nesse processo, sustentou, ele figura como participante de inquirição de testemunhas submetidas a ameaça e constrangimento. Em aparte, a senadora Heloísa Helena (PT-AL) também sustentou que existe um laudo oficial que incrimina João Batista Campelo como condutor de interrogatório em que as testemunhas foram submetidas a tortura. Conforme a senadora, existe uma sentença do Conselho Permanente de Justiça do Exército, que por unanimidade entendeu que esses testemunhos haviam sido dados mediante coação física e moral.
17/06/1999
Agência Senado
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