Para ministra, igualdade racial deve ser vista como questão estratégica
Luiza Bairros: não podemos pagar o preço de deixar os negros fora do desenvolvimento
A ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Luiza Bairros, disse no Senado, nesta segunda-feira (25), que o país não pode repetir experiências históricas de exclusão social e econômica da população negra. De acordo com a ministra, a promoção da igualdade racial precisa ser urgentemente encarada como parte do contexto mais amplo das grandes questões que desafiam o país em termos de desenvolvimento.
- Ou fazemos isso agora ou não teremos mais tempo. O país não pode pagar o preço de deixar mais da metade de sua população de fora do desenvolvimento – afirmou.
O alerta foi feito durante audiência pública promovida pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) para comemorar os 25 anos de existência da Fundação Cultural Palmares e os dez anos da Seppir, em meio a debate para avaliar conquistas e demandas do movimento negro. A audiência foi proposta pelo senador Paulo Paim (PT-SP), que também coordenou os trabalhos. Entre outros convidados, estava ainda a ministra da Cultura, Marta Suplicy, a cuja pasta se vincula a Fundação Palmares.
Luiza Bairros lembrou que, entre o final do século XIX e início do século XX, após a abolição da escravatura, o Brasil optou por atender o mercado de trabalho com importação de mão-de-obra europeia. Conforme assinalou, essa é a experiência que o país não pode repetir no momento em que busca superar obstáculos estruturais ao crescimento e conquistar posição de relevo no conjunto das nações.
- Isso seria absolutamente desastroso para o país – salientou.
Violência
A titular da Seppir reconheceu como importante avanço as ações afirmativas e os números mais positivos em termos de mobilidade social experimentados pela população negra nos anos recentes, fruto de políticas dos governos do ex-presidente Lula e de Dilma Roussef. Ressaltou, porém, que essas conquistas ainda estão “sombreadas” por problemas ainda não resolvidos, como, por exemplo, as altas taxas de assassinatos de jovens negros.
Como observou a ministra, dados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (Pnad) confirmam que mais da metade da população é composta por afrodescendentes. Os dados também demonstram que essa maioria ainda está submetida a piores condições de vida que os demais brasileiros - a seu ver, uma situação “totalmente balizada por aquilo que o racismo cria em termos de desvantagem”.
Janela demográfica
Luiza Bairros lembrou que o país vive no momento a fase demográfica considerada como “janela de oportunidade”, na qual a maioria da população é ativa no mercado de trabalho, havendo menor quantidade de crianças e idosos. Depois de lembrar que essa “janela” vai se fechar até 2030, a ministra salientou a importância de mais investimentos em formação profissional e tecnológica para formar mão-de-obra. Com isso, assinalou, o país pode alcançar mais produtividade como estratégia para enfrentar a mudança em direção ao ciclo seguinte, quando se espera um contingente menor em atividade.
A seu ver, os investimentos necessários representam igualmente a “última oportunidade” de inserção da população negra em condições vantajosas na sociedade que se “desenha para o futuro”. Nesse sentido, seriam também “cruciais” as atuais políticas afirmativas, entre as quais a política de cotas nas universidades e a previsão de cotas para os concursos públicos federais, tema contemplado por projeto de lei já encaminhado ao Congresso pela presidente Dilma Rousseff.
25/11/2013
Agência Senado
Artigos Relacionados
Ministra diz a Paim que Estatuto da Igualdade Racial deve sair ainda em novembro
Paim reúne-se com ministra para tratar do orçamento da Secretaria da Igualdade Racial
Ministra da Igualdade Racial recebe homenagem
"Brasil já deveria ter superado questão da igualdade racial", diz Quintanilha
Prefeito de Bom Jesus da Lapa se reúne com ministra da Igualdade Racial
Ministra lança Guia de Implementação do Estatuto de Igualdade Racial