Para Pfromm Netto, TV comercial produz lixo



Em audiência pública realizada nesta segunda-feira (5) pelo Conselho de Comunicação Social para debater as diferenças entre as TVs comercial e educativa, o psicólogo e pedagogo Samuel Pfromm Netto, professor aposentado da Universidade de São Paulo (USP), criticou o que chamou de "programação de baixíssima qualidade" das TVs comerciais, o que, em sua visão, contribui para deformar culturalmente crianças e adultos.

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- O bordel e o botequim, seus bêbados, suas xingações e palavrões estão entrando, e as crianças vendo e ouvindo, com personalidade plasmada pelos dejetos, pelo lixo televisual - destacou.

Para o professor, a necessidade de ser excitante, carregada e barulhenta - "um verdadeiro soco na cara a cada dois minutos para que o telespectador não durma" - é uma receita de como jamais se deve fazer TV educativa. Esta deve ser, em sua opinião, essencialmente destinada à educação, tornando-se meio fundamental de ensino e de aprendizagem para todos os brasileiros dos diversos pontos do país. Ao contrário, como lembrou, as TVs comerciais são máquinas de vender publicidade, com entretenimento, sensacionalismo, violência e "nacos fugidios de cultura de qualidade entre as propagandas exibidas".

Pfromm lamentou que as emissoras educativas estaduais estejam hoje destoando de seu objetivo original, dirigidas "por burocratas e apaniguados políticos sem um mínimo de sintonia com as responsabilidades e deveres que deveriam fazer parte do dia-a-dia dessas emissoras". Disse ainda o professor da USP que há um estado de verdadeira anomia - ausência de lei - para resolver essa questão e atribuiu tais problemas à própria atuação da TV Educativa, acomodada, indiferente ao universo de entidades com as quais deveria ter relações, e sem procurar soluções para a pobreza de recursos que a mantém. O professor destacou que, no Japão, a emissora educativa mantém-se com verba proveniente da venda de televisores e sugeriu que o Brasil adote medidas criativas como essa.

O ataque à programação da TV comercial foi rebatido pelo conselheiro Gilberto Leifert, representante das empresas de TV, que registrou que autores, diretores, artistas e profissionais que fazem uma das melhores TVs do mundo não podem aceitar a acusação de que "produzem dejetos".

- Dizer que a TV aberta produz dejetos é desrespeito e generalização - disse.

Pfromm se desculpou pela exaltação, dizendo:

- Estou defendendo a honra da minha filha, que se chama TV Educativa. É natural que me exalte como quando um bom pai se exalta defendendo a honradez da sua filha. É nessa defesa que me exalto, às vezes, no tom - disse.

O professor se referia ao fato de ter presidido a Funtevê do MEC - hoje Fundação Roquette Pinto - em 1983 e 1984 e de ter sido o responsável pelo setor de programas educativos da TV Cultura/Fundação Padre Anchieta de São Paulo (1972-1975). Ele destacou ainda a necessidade de se aumentar o número de emissoras educativas - gratuitas e abertas - e não apenas nas TVs a cabo.



05/06/2006

Agência Senado


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