Para presidente do BNDES, atratividade do setor de infra-estrutura ajudará o país a superar crise global



O Brasil tem condições de sair fortalecido da crise financeira global, opinou o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), nesta terça-feira (18). Ele assinalou que o país conta, a seu favor, com um setor bancário forte e capitalizado, a despeito da fase atual de cautela em relação à oferta de crédito, além de um setor empresarial saudável e um mercado interno em expansão, ainda que a taxas menores do que as dos últimos tempos. Mas o fator-chave, como disse, seria uma "fronteira de investimentos" em infra-estrutura que poucos países podem oferecer, com altas taxas de retorno e baixo risco.

- Temos que tirar proveito dessa fronteira de investimentos em infra-estrutura, assegurando crédito de longo prazo para viabilizar os projetos - defendeu Coutinho.

Para o presidente do BNDES, o país precisa aproveitar a atratividade dos investimentos em infra-estrutura para também atrair capitais externos. Dessa maneira, disse, o país estaria ao mesmo tempo assegurando divisas para fortalecer seu balanço de pagamentos. Coutinho não negou, entretanto, a gravidade da crise que o mundo enfrenta, marcada pela alta retração e seletividade no crédito. Segundo ele, é muito provável que as economias mais desenvolvidas, em 2009, apresentem crescimento negativo ou avanço não maior que meio por cento.

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, da mesma forma que Coutinho, entende que, nesse cenário, a desaceleração econômica será inevitável. Concordou, igualmente, sobre a importância da manutenção dos investimentos, salientando que esse tem sido o esforço do governo, de forma a "estabelecer limites" para a redução do nível das atividades.

Apetite privado

Otimista com relação ao Brasil, o presidente do BNDES chamou a atenção para os próximos leilões de concessão de rodovias, ferrovias e linhas de transmissão de energia. Segundo ele, serão leilões acirrados, revelando o "apetite" do setor privado por investir em infra-estrutura no país. Para Coutinho, o país pode também sustentar os investimentos no setor de petróleo e, em ritmo mais moderado, a demanda no mercado interno.

- Essa priorização de investimento será o norte para o país atravessar de maneira mais sensata o cenário de crise - observou.

Coutinho aproveitou para apresentar um balanço das ações do BNDES, instituição que, conforme afirmou, desempenha papel decisivo na promoção e na indução de investimentos do setor privado. Segundo ele, cerca de 30% da formação bruta de capital no país é induzida pelos financiamentos do BNDES, cujos desembolsos devem somar R$ 90 bilhões em 2008. Para 2009, confirmou ainda uma demanda - em projetos já aprovados - de recursos de R$ 120 bilhões, com forte procura de recursos para máquinas e equipamentos.

- Esse impulso positivo por investimentos é um indicador de robustez da economia - salientou

O BNDES, disse Coutinho, realizou em outubro um esforço adicional de apoio ao setor exportador, para compensar a retração do crédito privado. Ele informou que o banco deve fechar o ano com um nível de R$ 6 bilhões de operações de empréstimo na modalidade pré-embarque. Reconheceu que, com a queda dos índices de Bovespa, a carteira de participações acionárias do BNDES perdeu valor, caindo de R$ 93 bilhões para R$ 72 bilhões. Para não contribuir ainda mais para a depressão do mercado de ações, o banco assumiu posição cautelosa e refreou sua posição vendedora.

Coutinho disse que o banco está procurando ampliar a oferta de recursos para investimentos. Nesse sentido, a instituição está negociando com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) a liberação de novos empréstimos. Lembrou que, recentemente, o BID aprovou linha de US$ 1 bilhão, destinada a micro, a pequenas e a médias empresas.

- O BID está disposto a dobrar o seu apoio à América Latina e é importante que o Brasil não fique fora disso - afirmou.



18/11/2008

Agência Senado


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