Para Sebastião Rocha, discriminação regional deve ser considerada crime



O senador Sebastião Rocha (PDT-AP) anunciou ter apresentado projeto de lei tipificando como crime a discriminação regional. Em discurso na tribuna nesta terça-feira (26), o parlamentar protestou contra artigos publicados na imprensa propondo a venda do estado do Amapá.

Na véspera do Natal, o cronista Eduardo Almeida Reis publicou no jornal Hoje em Dia , de Belo Horizonte, um artigo no qual diz que "o estúpido assassinato do navegador Peter Blake permitiu que a nação tomasse conhecimento da existência, em carne e osso, de uma figura que ninguém conhecia: o amapaense". Classificou o estado de "inviável" e propôs que o Amapá seja vendido para que, em seu território, seja instalado um estado palestino. O dinheiro arrecadado, segundo a proposta, deveria ser utilizado para pagar a dívida externa.

Pouco depois, o Jornal do Brasilpublicou artigo comentando que o Ministério Público do Amapá iria processar o periódico mineiro, devido à crônica de Almeida Reis. O artigo do JB endossa as idéias do cronista.

Sebastião Rocha chamou os autores de "pseudo-jornalistas" e disse que Almeida Reis é "uma figura que deve enojar o povo do Amapá". Para o senador, os artigos são "uma tremenda canalhice".

- O que aconteceu no Amapá poderia ter acontecido em qualquer lugar do Brasil - afirmou o parlamentar, lembrando que dois prefeitos de grandes cidades foram assassinados no estado de São Paulo.

Para o senador, o Amapá é vítima "desse estado de desgoverno que perdeu a guerra para a violência". Acrescentou que, o que se falar do Amapá, estará se falando do governo brasileiro.

Sebastião Rocha afirmou que as pessoas que escreveram os dois artigos - o do Jornal do Brasilfoi por ele identificado apenas pelo endereço eletrônico [email protected] - merecem o repúdio da sociedade amapaense e devem ser tratados como criminosos. Informou que pediu aos dois jornais informações sobre o que as duas pessoas representam no contexto do jornal.

O representante do Amapá destacou que o valor da indenização pedida pelo Ministério Público do estado, de R$ 50 milhões, é um valor simbólico. Para ele, a honra do Amapá vale tanto quanto a honra do Brasil, ou seja, é inestimável.

Sebastião Rocha defendeu ainda o senador José Sarney (PMDB-AP), também atacado nos dois artigos. O representante do PDT qualificou os autores como "figuras abomináveis da imprensa".



26/02/2002

Agência Senado


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