PARA SUPLICY, CONGRESSO DEVE ACOMPANHAR TRABALHO DO CADE



O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que, no caso da fusão das cervejarias Brahma e Antárctica, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) deve examinar a importância da concorrência interna, mas também o significado da competição internacional. "Não será decisão fácil e cabe ao Congresso acompanhar isso muito de perto", aconselhou ele.
Suplicy conversou com o ex-deputado petista Aírton Soares, hoje advogado da Abradisa (Associação Brasileira dos Distribuidores da Antarctica), que contou ter sido o seu cliente procurado por dois advogados que lhe pediram R$ 20 milhões para persuadir o Cade na elaboração de um parecer a respeito dessa fusão. Conforme Suplicy, o próprio Aírton Soares levou essa informação a uma conselheira do Cade, o que resultou na abertura de um inquérito hoje em andamento.
O parlamentar considerou importante a iniciativa do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) para que conselheiros do Cade sejam ouvidos no Senado a respeito desse episódio. Também elogiou o trabalho realizado por esse Conselho que, ao longo dos últimos anos, "vem aumentando significativamente seu trabalho em defesa da saúde da economia brasileira e contra os abusos do poder econômico".
Suplicy disse que, mesmo com estrutura pequena e orçamento reduzido, o atual grupo de conselheiros do Cade aumentou em 951% o total de processos julgados no mandato anterior. Em aparte, o senador Geraldo Melo (PSDB-RN) disse que a Ambev é a primeira criação, na indústria de bebidas, de uma estrutura suficiente para enfrentar a concorrência com os gigantes internacionais.
Lembrando que a empresa que mais agressivamente entrou na luta contra essa fusão é ligada à Coca-cola, Geraldo Melo ironizou que talvez "a Coca-cola não goste de empresas grandes". Também em aparte, o senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE) disse que o Brasil precisa fortalecer estruturas como o Cade e simplificar o processo de fiscalização. "Se quer modernizar o Estado, o governo tem que investir nas estruturas reguladoras e fiscalizadoras", avisou ele.

11/02/2000

Agência Senado


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