Parlamentares debatem ingresso da Venezuela no Mercosul



O ingresso da Venezuela no Mercosul foi um dos temas mais discutidos nesta segunda-feira (19) durante reunião, em Montevidéu, da Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul com o embaixador do Brasil junto ao bloco e à Associação Latino-Americana de Integração (Aladi), Régis Arslanian. O líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP), defendeu a importância da entrada daquele país no Mercosul sob os aspectos econômico e político. Também se manifestaram pela adesão da Venezuela ao bloco os senadores Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC) e José Nery (PSOL-PA) e os deputados Iris de Araújo (PMDB-GO) e Dr. Rosinha (PT-PR).

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O líder do PT afirmou ser evidente a existência da violação de princípios democráticos na Venezuela - citando o fechamento de veículos de comunicação e o relacionamento entre os três Poderes -, mas disse que a pior coisa para a oposição naquele país seria o isolamento:

- Apartando, não vamos integrar - acrescentou.

Mercadante disse ainda estar empenhado em possibilitar que a oposição brasileira ouça a oposição venezuelana. Para o senador, se a Venezuela for aceita no Mercosul, a oposição terá uma interlocução que mudará a qualidade do processo político naquele país.

Mesquita Júnior observou que a entrada da Venezuela no bloco é o início do processo para ampliação do Mercosul, que, em sua opinião, "precisa se robustecer e trazer para o seu ambiente outras nações". José Nery disse que questões de natureza econômica mostram o quanto é importante o ingresso da Venezuela no bloco, e que a resistência a isso se deve a uma questão de natureza político-ideológica: "É isso que tem impedido o avanço", concluiu.

Iris de Araújo afirmou que é preciso pensar no povo venezuelano, e Dr. Rosinha disse que a União Europeia não teria crescido se tivesse uma postura semelhante à dos que não aceitam a entrada da Venezuela no Mercosul.

Já a senadora Marisa Serrano (PSDB-MS) e o deputado Antonio Carlos Pannunzio (PSDB-SP) manifestaram-se contra a entrada da Venezuela no Mercosul, sob o argumento de que o governo daquele país não respeita as liberdades democráticas. De acordo com o Protocolo de Ushuaia, assinado pelos Estados Partes do Mercosul, pela Bolívia e Chile, a plena vigência das instituições democráticas é condição essencial para o desenvolvimento dos processos de integração entre os países.

O presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), prestou informações sobre o andamento da matéria no colegiado e disse que a votação deverá ocorrer no próximo dia 29. Ele lembrou a posição do relator, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), contrária ao ingresso da Venezuela no Mercosul, e o voto em separado do senador Romero Jucá (PDMB-RR). E disse que provavelmente no dia 27 a CRE ouvirá o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma. O prefeito disse, em entrevista, que, para a oposição, é importante a entrada da Venezuela no bloco.

O ingresso da Venezuela no Mercosul ainda depende das decisões dos Parlamentos do Brasil e do Paraguai. Segundo o embaixador, o Paraguai aguarda uma definição do Brasil sobre o assunto, depois de a matéria ter sido retirada da pauta do Congresso daquele país.

Honduras

Ainda no encontro, Arslanian disse aos parlamentares que o Brasil não poderia furtar-se a conceder abrigo ao presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, e que, com essa atitude, o Brasil propiciou um clima para o diálogo que tem de ser travado pelos próprios hondurenhos.

Sobre o assunto, Azeredo afirmou que, na comissão, existe acordo "até certo ponto". Ele registrou que a CRE aprovou moção de censura ao cerco à embaixada brasileira e que o entendimento é o de que o abrigo é correto: "O desacordo é quanto à permanência de Zelaya e ao número de pessoas que estão na embaixada", relatou o presidente da comissão.

Rita Nardelli / Agência Senado



19/10/2009

Agência Senado


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