Parlamentares do Sul reagem a barreiras argentinas



Os parlamentares da região Sul do Brasil reagiram nesta terça-feira (19) aos pronunciamentos otimistas sobre a relação com a Argentina, feitos por parlamentares do país vizinho e integrantes do governo brasileiro. Durante audiência pública promovida pela Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul (Parlasul), eles se queixaram de dificuldades concretas enfrentadas por empresários da região no comércio bilateral.

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A senadora Ana Amélia (PP-RS) ressaltou a necessidade de um debate “aberto, franco, democrático e sincero” com os argentinos. Ela lembrou que centenas de caminhões permanecem parados na fronteira bilateral, carregados de produtos como chocolate e calçados. As dificuldades impostas pela Argentina, prosseguiu, têm impacto sobre os setores de carne suína, máquinas agrícolas e móveis.

O deputado Renato Molling (PP-RS) lembrou que o governo argentino tem pedido a empresários brasileiros para investir na produção do outro lado da fronteira. Quando o fazem, porém, esses empresários continuam enfrentando problemas pela falta de insumos que não conseguem importar.

Já o deputado Dr. Rosinha (PT-PR) observou que o aumento da integração comercial sempre provocará novas crises entre Argentina e Brasil. A integração, disse ele, “sempre será imperfeita”. O importante, a seu ver, é que, a cada nova crise, se tente “buscar a solução, não a agressão”.

Bloqueio e desemprego

Por sua vez, o deputado Osmar Terra (PMDB-RS) disse que foi prefeito da cidade gaúcha de Santa Rosa, onde se produzem máquinas colheitadeiras que não estão conseguindo entrar no país vizinho.

- Na prática a teoria é outra. Na prática, o que existe é bloqueio e desemprego. No Rio Grande do Sul, são mais de cinco mil desempregados – relatou.

O senador Paulo Paim (PT-RS) pediu que os governos dos dois países mantenham a palavra empenhada nas negociações bilaterais. Ele relatou ter ouvido de empresários e trabalhadores brasileiros a mesma queixa de acordos não cumpridos pela Argentina, durante audiências públicas da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa.

Interesses paulistas

Por último, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) criticou o governo brasileiro por atender mais aos interesses da indústria paulista que os dos empresários de outros estados da federação, especialmente os do Sul do país.

- O Brasil só olha para São Paulo – afirmou Simon.

Ao final dos debates, o senador Roberto Requião (PMDB-RS), presidente da Representação Brasileira, observou que a primeira condição para que se altere uma realidade é o aprofundamento do conhecimento sobre ela.

- O Parlasul vai acompanhar essa situação mais de perto. O importante é que hoje tomamos conhecimento de opiniões dos dois lados – disse Requião.

Venezuela

O senador Luiz Henrique (PMDB-SC) pediu maior empenho dos parlamentares dos dois países pela aprovação, no Senado do Paraguai, do protocolo de adesão da Venezuela ao Mercosul.

- Na hora em que a Venezuela estiver integrada ao Mercosul, esse mercado vai se fortalecer – apostou o senador.



19/06/2012

Agência Senado


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