Parlamento debaterá crise econômica com ministros



Os ministros da Fazenda da Venezuela e dos quatro membros permanentes do Mercosul - Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai - serão chamados a participar de uma audiência pública sobre a crise econômica internacional e os seus reflexos sobre o bloco. Uma recomendação nesse sentido, apresentada pelo senador Aloizio Mercadante (PT-SP), foi aprovada nesta segunda-feira (28) pela Comissão de Assuntos Econômicos, Financeiros, Comerciais, Fiscais e Monetários do Parlamento do Mercosul, presidida pelo deputado brasileiro Cezar Schirmer (PMDB-RS).

A sugestão de realização da audiência - em pauta na reunião da comissão - foi inicialmente apresentada em abril à Mesa Diretora pelo deputado Dr. Rosinha (PT-PR), atual presidente do Parlamento. Com o aprofundamento da crise, que envolve a retomada da inflação e o aumento dos preços dos produtos alimentícios, Mercadante julgou oportuna a promoção de um debate mais amplo, com a participação das principais autoridades do bloco sobre política econômica.

- Todos os países da região estão sofrendo pressão pelo aumento de preços. Precisamos discutir formas de buscar uma convergência na área econômica e sobre medidas de combate à inflação - sustentou Mercadante.

Na opinião do senador, a realização de uma audiência pública sobre a crise internacional ajudará a fortalecer o Parlamento do Mercosul. Mercadante recordou que o saldo comercial do Brasil com o Mercosul (US$ 5,3 bilhões), aí incluída a Venezuela, representou praticamente a metade do saldo comercial do Brasil com todo o mundo (US$ 11,3 bilhões), ao longo do primeiro semestre de 2008.

O senador defendeu ainda o esforço promovido pelos países do Mercosul no sentido de desdolarizar o comércio entre os países do bloco. Em reunião realizada pela manhã, o embaixador Régis Arslanian, representante brasileiro junto ao Mercosul e à Associação Latino-Americana de Integração (Aladi), havia informado que o saldo comercial do Brasil com o Mercosul aumentou 45% entre o primeiro semestre de 2006 e o primeiro semestre de 2008. Durante esse período, esclareceu o embaixador, as exportações brasileiras para o bloco cresceram 62%, e as importações, 77%.

Unasul

Durante reunião igualmente realizada nesta segunda-feira, a Comissão de Assuntos Internacionais, Inter-regionais e de Planejamento Estratégico resolveu apresentar ao Plenário a sua preocupação com a decisão dos governos da região de criar o Parlamento da União das Nações Sul-Americanas (Unasul). O novo órgão, anunciado durante reunião de cúpula do Mercosul realizada em Tucumán, na Argentina, teria sede na cidade boliviana de Cochabamba.

Existe uma preocupação, especialmente entre os parlamentares brasileiros, de que venha a haver uma duplicidade de representação regional, uma vez que o Parlamento do Mercosul já começa a consolidar-se e teria de conviver com um novo órgão legislativo.

- Precisamos ter esclarecimentos sobre o que é exatamente esse Parlamento da Unasul, a respeito do qual não temos informação precisa, pois este é um tema que já está nas discussões do Conselho do Mercado Comum - disse o senador Sérgio Zambiasi (PTB-RS), que participou da reunião juntamente com o deputado Max Rosenmann (PMDB-PR).

Por sua vez, a Comissão de Infra-Estrutura, Transportes, Recursos Energéticos, Agricultura, Pecuária e Pesca decidiu realizar, em setembro, um seminário intitulado "A transição energética e seu impacto sobre a geopolítica mundial", em Caracas, na Venezuela. Entre os temas em debate, estarão a situação atual das reservas mundiais de petróleo e gás e o impacto dos biocombustíveis sobre a segurança alimentar. Por recomendação do senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), serão ouvidos representantes da iniciativa privada e dos trabalhadores do setor, além de técnicos em energia.

- As nossas principais experiências de integração estão no setor de energia, como as hidrelétricas de Itaipu e Yaciretá. E um debate sobre o futuro da integração nessa área ajudará a consolidar o Mercosul - previu Arruda.

28/07/2008

Agência Senado


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