Parque da Várzea faz campanha para coletar óleo de cozinha



Objetivo é evitar que o produto atinja e contamine as águas do Rio Guarapiranga

Poucas pessoas sabem o que fazer com o óleo de cozinha após utilizá-lo para preparar alimentos. A falta de informação leva a maioria a usar o ralo da pia, o cesto do lixo ou o solo do quintal como depósito de muitos litros de óleo queimado. Poucos também são os que conhecem os danos que a destinação incorreta desse resíduo pode causar ao meio ambiente. O óleo de cozinha, se jogado no solo, leva dez anos para se decompor. Com essa preocupação, a administração do Parque Estadual da Várzea de Embu-Guaçu deu início a uma campanha de conscientização e incentivo a seus freqüentadores.

Com a proposta de evitar que o produto descartado caia na rede de esgoto e acabe atingindo a represa do Rio Guarapiranga, a diretoria instalou tambores de coleta na portaria do parque e no Núcleo de Educação Ambiental, para que o material seja coletado e, posteriormente, transformado em sabão. O parque situa-se em área de proteção ambiental, sendo cortado pelo Rio Embu-Guaçu e pelo Ribeirão de Santa Rita, dois dos rios que formam a Represa do Guarapiranga. O terreno de várzea é fértil e abriga grande diversidade biológica.

“Nosso intuito é evitar que esse óleo vá para a Bacia, para o rio e polua. A idéia maior é conscientizar a população sobre o estrago que esse resíduo traz ao meio ambiente”, informa o diretor do parque, Gilberto Passos. O sabão produzido servirá para a limpeza do próprio local. Também será utilizado como sabonete pelos visitantes. De acordo com Passos, a técnica para a fabricação do produto é bem simples e pode ser aplicada ao uso pessoal ou para comercialização.Terceira idade – A educadora ambiental da Unidade de Negócio Centro da Sabesp, Sônia Oliveira, explica que, ao ser jogado no ralo da pia, o óleo vai direto para a rede da Sabesp. Antes disso, deixa resíduos pelas tubulações e canos da casa, que, com o tempo, se solidificam, diminuindo gradualmente a vazão, o que conduz à obstrução da passagem de esgotos.

O parque estadual recebe, em média, 5 mil visitantes por mês. Para auxiliar na divulgação da campanha, Passos conta principalmente com a colaboração de grupos da terceira idade que utilizam o espaço para a prática de atividades físicas, ministradas por médicos da prefeitura local. “Abordamos essas pessoas, explicamos o projeto, e elas começaram a trabalhar”, afirma, completando: Esse grupo tem grande potencial para ser multiplicador da campanha.

O espaço recebe, também, muitos alunos da rede pública, que, por meio do Núcleo de Educação Ambiental, têm acesso a atividades educativas e exposições sobre preservação do meio ambiente. Passos conta, ainda, com a participação dos funcionários do Parque da Várzea e comerciantes para conscientizar os moradores da região. “Tem sido um bom começo; já coletamos mais de 100 litros de óleo”, comemora.

O diretor do Parque da Várzea acredita na importância da colaboração de todos para o sucesso da campanha. Diz que tem visitado os estabelecimentos comerciais e planeja a distribuição de um kit contendo um folheto explicativo, um minissabão e três sacolinhas plásticas. Para incentivar a coleta, todos os visitantes que levarem um pouco de óleo ao parque vão receber um pequeno sabão embrulhado em plástico magipack. “Seria interessante, inclusive, planejarmos outra campanha, para tentar reduzir o uso de óleo na alimentação, aproveitando o mote excesso de fritura é prejudicial à saúde. Dessa forma, estaríamos combatendo dois males ao mesmo tempo”, conclui o administrador.

Piloto que deu certo

Em julho de 2007, a Sabesp, por meio de sua Unidade de Negócio Centro, em parceria com a Sociedade dos Amigos e Moradores do Bairro de Cerqueira César (Samorcc) e a ONG Trevo, deu início a um programa-piloto de reciclagem de óleo de cozinha. A Sabesp distribuiu folhetos informativos nos trechos compreendidos da Avenida Paulista à Rua Estados Unidos, da Avenida Rebouças à Brigadeiro Luiz Antonio e da Avenida Brigadeiro Luiz Antonio à Rua da Consolação. A ONG instalou, mediante solicitação dos moradores, bombonas de coleta, com capacidade de até 50 litros de óleo, em condomínios, residências, hotéis e restaurantes da região.

“Quando os reservatórios estão cheios, a ONG deve ser comunicada para retirada. O material tem como destinação o reaproveitamento na fabricação de sabão biodegradável, verniz, tinta, massa para colar vidro e biodiesel”, avisa a educadora Sônia, da Sabesp.

Ela afirma que a adesão da população e comerciantes da região foi ampla. Lembra que, em outros bairros, como Heliópolis, e em algumas subprefeituras, o programa tem obtido sucesso idêntico. A ONG Trevo criou ainda 200 ecopontos na cidade: bombonas de 200 litros instaladas em indústrias, igrejas, shoppings e escolas.

Atualmente, a Sabesp estuda parceria com o Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria de São Paulo. “Não se trata de um programa somente ambiental, mas de sustentabilidade ambiental, na medida em que também gera emprego, renda e melhora a qualidade de vida”, define Sônia.

Da Agência Imprensa Oficial



05/14/2008


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