"PARTIDOS BRASILEIROS NÃO EXERCITAM DEMOCRACIA INTERNA", DIZ TÁVOLA



A inexistência de partidos políticos verdadeiramente livres e organizados amesquinha a vida política no Brasil. A opinião é do senador Artur da Távola (sem partido-RJ), por entender que as agremiações "são de cúpula, carentes de debates internos e dominados por oligarquias, cartórios ou caciques".
Na avaliação de Távola, ao contrário do que determina a lei, quem manda nos partidos é a comissão executiva e não o diretório partidário. Na prática, observou, "a comissão executiva hipertrofia-se e o diretório atrofia-se".
- Via de regra os governos acabam por dominar a comissão executiva, nela estrategicamente colocando parlamentares deles dependentes ou quadros não parlamentares pertencentes ao grupo do governante - afirmou Távola.
Para o senador, esse "aparelhamento" do partido leva o titular do Poder Executivo a ganhar qualquer convenção e a afastar dos órgãos decisórios os que não pertençam à sua corrente. Essa, segundo Távola, é a razão da saída de quadros qualificados, esvaziando e empobrecendo o partido de quem está no poder.
- Em síntese: governadores e prefeitos mandam nos partidos, pois escolhem os delegados à convenção. O uso autoritário desse enorme poder interno acaba por incentivar o grande troca-troca partidário da política brasileira - analisou.
Távola acredita que nos partidos que não estão no poder a luta interna é mais aberta, mas também acabam dominados por quem "faz o jogo dos governos ou por quem coloca mais gente na executiva dos partidos".

17/09/1999

Agência Senado


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