Patrícia Saboya denuncia descaso com aumento da violência contra crianças e adolescentes



Ao apresentar relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado no último dia 11, que aponta números alarmantes sobre o crescimento da violência contra crianças e adolescentes no mundo, a senadora Patrícia Saboya (PSB-CE), que há dois anos presidiu a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Exploração Sexual, manifestou decepção por ver o descaso das autoridades brasileiras diante de um quadro que considera grave e que requer medidas urgentes.

- É preciso que os governos acordem para as mazelas que o mundo tem aprontado contra as crianças, para essa chaga que tem contaminado as regiões mais pobres do país e do mundo, nas escolas, nas ruas e no lar - enfatizou a parlamentar.

A senadora destacou a violência sexual, em 94% dos casos praticada dentro de casa, por familiares, assinalando a dificuldade de a criança pequena diferenciar a atitude carinhosa natural daquela que se caracteriza como abusiva. Outra dificuldade apontada pela senadora no combate a esse tipo de crime é o fato de a sociedade não querer intervir "no que acontece entre quatro paredes".

Patrícia Saboya destacou que, segundo o relatório da ONU, 150 milhões de meninas e 73 milhões de meninos menores de 18 anos foram forçados a manter relações sexuais ou outra forma de contato físico abusivo. A ONU, ressaltou a senadora, aponta a necessidade de medidas urgentes no combate a esses crimes, pois há anos a situação não se apresentava tão grave.

A senadora citou, ainda, dados da Organização Mundial da Saúde sobre a extirpação do clitóris, violência a que são submetidas, anualmente, entre 100 milhões e 140 milhões de mulheres e meninas, especialmente na África sub-saariana, Sudão e Egito. O trabalho infantil também foi mencionado pela senadora como outra forma de violência a que foram submetidos, segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), 218 milhões de crianças em 2004.

Patrícia Saboya criticou as propostas com vistas à redução da maioridade penal, no Brasil, dizendo que uma parcela insignificante dos crimes cometidos no país o são por menores de 18 anos. Por outro lado, lamentou, são altos no Brasil os índices de homicídios de adolescentes entre 15 e 18 anos, parcela da população com a qual,ressaltou, os governos e a sociedade têm uma grande dívida.

A senadora foi aparteada pelo senador Leomar Quintanilha (PCdoB-TO) que citou o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), para quem a solução para o problema da violência infantil estaria na educação. Quintanilha defendeu investimentos em políticas públicas que apresentem alternativas às crianças de baixa renda, em geral sujeitas ao abandono das mães que, ao buscarem trabalho, deixam-nas em casa por conta de outras crianças.

Heloísa Helena

Patrícia Saboya elogiou a candidatura da senadora Heloísa Helena à Presidência da República, afirmando que, mesmo em condições precárias - sem militância, apenas um minuto no horário eleitoral gratuito, sem infra-estrutura e logística - obteve 7 milhões de votos. Destacou, especialmente, "a bravura e a coragem" de Heloísa e o carinho que recebeu dos eleitores, por sua forma direta de dizer o que pensa, sem medo de ofender a quem quer que seja.

18/10/2006

Agência Senado


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