Patrícia Saboya: Quase 3 milhões de crianças trabalham no Brasil



Quase três milhões de crianças entre cinco e 15 anos trabalham atualmente no Brasil. A informação, que faz parte de levantamento divulgado recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi destacada pela presidente da Comissão de Assuntos Sociais (CAS), ao dar início, nesta quarta-feira (13) à audiência pública realizada pela comissão para avaliar o Plano Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao Trabalhador Adolescente. Ela lembrou que 12 de junho é o Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil .

Durante a reunião, especialistas destacaram que, de acordo com dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (Pnad) do IBGE, entre 2004 e 2005, pela primeira vez depois de mais de uma década em queda, a taxa de ocupação infantil no Brasil cresceu. Segundo dados do PNAD, em 2004, a taxa era de 7,33% e, em 2005, passou para 7,8%.

Patrícia Saboya destacou a necessidade de a sociedade buscar saídas e soluções para esse problema grave, que atinge milhões de crianças brasileiras.

- É preciso buscar políticas mais ousadas e criativas, encontrar os meios e as estratégias necessárias para encontrar soluções. Temos que entender os sonhos dos jovens - defendeu a senadora.

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) colocou parte da culpa da situação na mudança de conceito do programa de distribuição de renda governamental, transformado de Bolsa-Escola para Bolsa-Família.

- Foi um efeito devastador. Se antes a pessoa recebia o dinheiro porque o filho ia para a escola, agora recebe porque é pobre. Se antes dizia "vou sair da pobreza porque meu filho vai paraescola", agora diz "se deixar de ser pobre, perco a bolsa" - afirmou Cristovam.

Para o senador, a grande questão não é eliminar o trabalho infantil e, sim, universalizar a educação de qualidade. Para discutir melhor a situação, Cristovam sugeriu uma audiência pública a ser realizada em conjunto pelas comissões de Assuntos Sociais (CAS), de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) e de Educação (CE), convocando os ministros da Justiça, Tarso Genro; da Educação, Fernando Haddad; e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, para "que expliquem por que aumentou o trabalho infantil no Brasil".

Cristovam sugeriu ainda que seja enviada uma carta ao presidente da República, assinada pelo maior número possível de senadores, externando a indignação do Senado em relação a essa situação. Propôs também a criação de uma comissão permanente para acompanhar a erradicação do trabalho infantil.

A senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) também fez críticas ao governo, especialmente à vinculação dos programas de erradicação do trabalho infantil à Bolsa-Família. A senadora acredita que uma ação centralizada não surte os efeitos desejados e que programas nesse sentido têm de ser implantados primeiro na área rural, como aconteceu com o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), do qual participou. Além disso, destacou a necessidade de implementação de fiscalização efetiva, jornada ampliada nas escolas e capacitação dos professores com a finalidade de tornar a escola mais atrativa.

Crianças ligadas ao Projeto Cata-Vento participaram da reunião e entregaram um documento aos senadores, lido pela menina Raiane Carolina. Ela contou que já trabalhou nas ruas com a mãe e afirmou que o trabalho atrapalha o estudo e a educação das crianças. Pediu ajuda aos parlamentares para tirar as crianças "dessa vida" a fim de que elas tenham o direito de estudar e brincar.

-É triste ver crianças nas ruas pedindo dinheiro - comentou Raiane.



13/06/2007

Agência Senado


Artigos Relacionados


Patrícia Saboya pede pressa no Fundeb, que vai beneficiar 11 milhões de crianças

Patrícia Saboya recebe o relatório Um Brasil para as Crianças

Patrícia Saboya lamenta violência contra crianças

Patrícia Saboya quer melhoria na vida de crianças

Patrícia Saboya anuncia CPI da exploração sexual de crianças

Patrícia Saboya se encontra na Europa com representantes da Unicef e de Ongs de defesa de crianças