Patriota reconhece problemas com Argentina, mas diz que Mercosul exibe vigor



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O comércio com a Argentina tem desempenho "bem menos" do que satisfatório, conforme disse o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, nesta quinta-feira (4). Apesar de reconhecer problemas com o principal parceiro econômico do Brasil no Mercosul, ele tentou tranquilizar os senadores da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) quanto ao "estado de saúde" do bloco, integrado também por Uruguai, Venezuela e Paraguai (suspenso).

Segundo Patriota, o Mercosul vem dando demonstrações de vigor, com a entrada da Venezuela, o interesse da Bolívia em também aderir ao bloco e a intenção de Guiana e Suriname de se tornarem membros associados. Ele comparou o Mercosul com a União Europeia, que enfrenta problemas diferentes. O primeiro-ministro britânico David Cameron prometeu consulta popular sobre manutenção do Reino Unido no bloco europeu caso os conservadores vençam nas próximas eleições, em 2015.

– Enquanto há países querendo sair da União Europeia, no Mercosul o interesse é no sentido contrário – ressaltou.

O chanceler brasileiro lembrou que o Mercosul abrange 72% do território sul-americano e 83% do Produto Interno Bruto (PIB) do subcontinente. Nos últimos 20 anos, o volume de comércio evoluiu de US$ 4 bilhões para US$ 58 bilhões.

Argentina

Um "exame detido" nas relações com a Argentina, na avaliação de Patriota, revela "áreas problemáticas", como os indícios de desvio de comércio naquele país, em benefício de nação não integrante do Mercosul. Ele evitou mencionar o país supostamente beneficiado, mas empresários brasileiros denunciaram o oferecimento, pela Argentina, de uma série de vantagens comerciais à China.

Segundo Patriota, o desvio de comércio para favorecer países não membros do Mercosul deve ser examinado com o máximo de seriedade. Além disso, conforme o ministro, setores como os de calçados e têxteis enfrentam medidas restritivas de Buenos Aires, que teriam contribuído para a redução de 74% do superávit que o Brasil tinha no comércio entre os dois países, entre 2011 e 2012.

Paraguai

Respondendo a questionamento de vários senadores, o ministro disse que as eleições presidenciais no Paraguai, previstas para o próximo dia 21, poderão “abrir caminho” para sua reincorporação ao Mercosul. O país vizinho foi suspenso em junho do ano passado, após o impeachment do então presidente Fernando Lugo. Como essa suspensão foi uma decisão coletiva, segundo o ministro, sua revogação também o será, dependendo da avaliação da União de Nações Sul-Americanas (Unasul).

Patriota afirmou que "uma clara melhoria da posição negociadora" das nações da América do Sul, em decorrência de seu crescimento econômico, vem contribuindo para a retomada dos entendimentos com vistas à integração do Mercosul com a União Europeia, que estavam estagnados.



04/04/2013

Agência Senado


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