Patrocínio: clonagem terapêutica só com células de adultos



O senador Carlos Patrocínio (PFL-TO) disse nesta segunda-feira (25) concordar com a emenda apresentada pelo senador Sebastião Rocha (PDT-AP) ao projeto de lei, de autoria do próprio senador amapaense, que trata da clonagem humana. O projeto proibia qualquer tipo de clonagem, mas depois de seminário realizado em junho último, Rocha apresentou emenda permitindo a clonagem terapêutica a partir de células somáticas, tais como a do tecido nervoso, a da medula óssea, a da placenta e a do cordão umbilical. Foi mantida a proibição da clonagem reprodutiva.

Patrocínio acredita que a utilização de células de adultos é uma alternativa viável para o uso -condenável- de células-tronco retiradas de embriões humanos. Na sua opinião, não se justifica que, para salvar a vida de um paciente transplantado, inúmeros embriões humanos sejam eliminados. Ele lembrou ainda que o Brasil é o maior país católico do mundo e que o Vaticano é categórico ao dizer que a vida tem início na fecundação, sendo o embrião um ser vivo com todos os seus direitos. As demais religiões monoteístas defendem posições semelhantes, observou.

Segundo Patrocínio, a genética vem se desenvolvendo a passos de gigante e a alternativa mais moderna é a substituição de embriões pela extração de células-tronco do próprio organismo dos pacientes em transplante. -Esta técnica evita, inclusive, o problema da rejeição, pois o paciente, mesmo doente, produz, sem cessar, células-tronco-, argumentou.

Conforme declarou Rocha logo após o seminário, tendo em vista o avanço dos estudos no campo das células somáticas, não seria correto cercear essas pesquisas. Até porque uma decisão política nesse sentido poderia levar as pessoas portadoras de doenças degenerativas, como o mal de Parkinson, a perder as esperanças na cura.

O senador pelo Tocantins admitiu que sementes transgênicas, alimentos e seres vivos geneticamente modificados, bem como embriões utilizados para reprodução assistida, já fazem parte do mundo globalizado. No entanto, afirmou não ser possível aceitar a clonagem humana, pois os estudos do genoma já publicados não indicam sua viabilidade sem efeitos potencialmente catastróficos. Ele disse, entretanto, ser favorável à continuação dos estudos e pesquisas em genética que não impliquem destruição de embriões.

Em aparte, o senador Tião Viana (PT-AC) também condenou a clonagem humana, afirmando que o Congresso Nacional deve refletir e legislar sobre o assunto.



25/11/2002

Agência Senado


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