Perda de soja ainda é alta, mas cai pela metade em 24 anos








Perda de soja ainda é alta, mas cai pela metade em 24 anos
Nos últimos 24 anos, os produtores brasileiros de soja conseguiram reduzir de quatro para duas sacas por hectare, as perdas durante a colheita das lavouras. A má notícia, no entanto, é que o prejuízo ainda é alto e, neste ano, deverá atingir R$ 780 milhões, valor suficiente para comprar 5 mil colheitadeiras, 11,8 mil tratores ou construir 33,1 mil casas populares.

O levantamento é da unidade Soja da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), sediada em Londrina (Norte do Paraná). Na safra 1978/79, a Embrapa-Soja lançou um programa nacional para a redução do desperdício na cultura. Foram iniciados cursos para operadores de colheitadeiras, produtores e técnicos, além de campanhas educativas que prosseguem até hoje.

O melhor resultado do programa foi obtido no Paraná. O estado, segundo maior produtor nacional, conseguiu reduzir as perdas a 1,1 saca por hectare, pouco mais de metade da média nacional. Mesmo assim, esse volume ainda é mais do que dobro da meta do programa: perder, no máximo, 0,5 saca em cada hectare da cultura.

Mesmo nas lavouras paranaenses, a quantidade da leguminosa que fica nas lavouras representará nesta safra um prejuízo de mais de R$ 70 milhões -7,5% do saldo da balança comercial (diferença entre exportação e importação) do estado em 2001, que foi de aproximadamente R$ 940 milhões.

Em todas as suas regiões produtoras, o Brasil deverá perder na safra que começa a ser colhida, 2,5 milhões de toneladas, 6% dos 41,4 milhões de toneladas previstas. A área plantada no País, segundo maior produtor mundial, é de 15,4 milhões de hectares.

Levantamento do Ministério da Agricultura estima que, da colheita até o consumo, passando pelo transporte, o armazenamento, o processamento e a comercialização, as perdas dos principais produtos agrícolas (soja, milho, trigo, arroz e feijão) e hortigranjeiros, as perdas cheguem a 23% da produção. O prejuízo é de US$ 2,34 bilhões, quase 10% do PIB agrícola brasileiro (US$ 30 bilhões).

Segundo o engenheiro agrônomo Nilton Pereira da Costa, coordenador do programa nacional da Embrapa, os fatores que mais contribuem com as perdas durante a colheita são seis: má regulagem da colheitadeira, velocidade excessiva da máquina, falta de treinamento dos operadores, presença de plantas daninhas no campo, excesso ou falta de umidade e manejo deficiente das lavouras (decorrente principalmente do mau preparo do solo e escolha de variedades mal adaptadas àquela região).

Do total de perdas, 85% ocorrem na plataforma de corte. O uso de máquinas alugadas e o sucateamento da frota colaboram para isso. Os pesquisadores constataram que, principalmente em áreas de produtores que não possuem colheitadeiras e pagam pelo serviço, os operadores costumam ultrapassar a velocidade indicada, entre 5 e 6 quilômetros por hora.

Levantamento da Emater (divisão de assistência técnica e extensão rural da Secretaria de Agricultura do Paraná), realizado na safra 1998/99 em cerca de 800 propriedades do estado, apontou que mais de 78% das colheitadeiras estavam em uso havia mais de dez anos.

Depois do Paraná, Minas Gerais obteve a melhor média de redução das perdas na colheita: 1,5 saca por hectare. Não por acaso, nos dois estados o programa da Embrapa conta com apoio de órgãos estaduais. No Paraná, a Emater contribuiu nas últimas safras com cerca de 500 levantamentos das perdas no campo. Há cinco anos, esse número chegou a 1,4 mil.

Santa Catarina (2,4 sacas por hectare) e Rio Grande do Sul (2,1) superam a média nacional de perdas. Nessa condição também está o Mato Grosso, maior produtor nacional do grão. O estado do Centro-Oeste, que planta 3,4 milhões de hectares, tem perda de 2,3 sacas por hectare.

A Embrapa desenvolveu um kit tecnológico para o programa. Integram o conjunto fita de vídeo com treinamento, manual e copo plástico, que mede perdas e produtividade das culturas de milho, soja e arroz. O pesquisador Cézar de Mello Mesquita, criador do copo, trabalha atualmente em uma nova versão do material, que medirá também a quantidade de grãos quebrados. Segundo ele, o limite aceitável é de 3%.

Utilizando uma área de 2 metros quadrados como amostra, o produtor consegue calcular sua perda por hectare ao colocar no copo os grãos que ficaram no solo após a passagem da colheitadeira. Com patrocínio de fabricantes de máquinas agrícolas, a Embrapa distribuiu, desde 1982, quando o sistema foi criado, cerca de 100 mil kits medidores.

Fábio Barbante de Barros, sojicultor e diretor da Sociedade Rural do Paraná (SRP), sediada em Londrina, diz que o sistema da Embrapa hoje é adotado pela maioria dos produtores do Norte paranaense. "As perdas ainda são grandes porque a agricultura depende de muitos fatores, principalmente do clima", afirma Barros, que cultiva 400 hectares de soja em Sertaneja (a 80 quilômetros de Londrina).

Barros afirma também que os médios e grandes produtores estão comprando colheitadeiras e maquinários novos para as lavouras, estimulados pelo programa federal Moderfrota. Esse programa, do Ministério da Agricultura, financia a compra de colheitadeiras em até oito anos e tratores e plantadeiras em até cinco anos.

Maringá premia redução de perdas com carro e moto

A Emater de Maringá (Noroeste do Paraná) vai entregar nesta safra um carro popular zero quilômetro para o operador de colheitadeira do município que obtiver o melhor índice de redução de perda na colheita da soja. O segundo colocado ganhará uma moto.

O concurso é realizado há sete anos e tem o apoio da Prefeitura e da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Segundo o engenheiro agrônomo Jorge Ogassawara, da Emater, o principal resultado é que o índice de perdas no município é inferior a uma saca por hectare. A média parananse, a mais baixa do País, é de 1,1 saca.

A expectativa deste ano é superar o número de inscritos, que na safra passada chegou a 42 operadores. O método de conferência é o copinho desenvolvido pelo pesquisador Cézar Mesquita, da Embrapa-Soja. "O estímulo do concurso faz com que os produtores se preocupem desde o preparo do solo para o plantio", diz Ogassawara.
Na opinião de Mesquita, a estratégia de Maringá está correta. "O maior problema é o operador, não a máquina." Ele diz que a principal causa disso é a falta de capacitação dos profissionais. (V.D.)


São Francisco quer captar recursos
O governo catarinense enviou à Assembléia Legislativa um projeto de lei que transforma o porto de São Francisco do Sul, atualmente uma autarquia estadual, em uma empresa de economia mista. À primeira vista, o procedimento pode soar como mera formalidade burocrática. Na prática, porém, a proposta altera a estrutura administrativa do empreendimento e torna mais fácil a atração de investidores privados. "Hoje, como autarquia, até para comprarmos um parafuso precisamos de autorização do governador. Com a mudança, teremos maior autonomia, um orçamento próprio e liberdade para firmar parcerias", diz o superintendente do porto, Marcelo Salles.

Se aprovado o projeto de lei, a nova empresa, que será chamada Companhia de Portos de Santa Catarina (SC Portos), terá o estado como sócio majoritário, com pelo menos 51% das ações. Prefeituras, estatais, empresas que utilizem os serviços do porto, fundos de investimentos e bancos poderão adquirir os 49% restantes dos papéis. Para garantir que os potenciais minoritários se interessem pela empreitada, o projeto de lei encaminhado à Assembléia autoriza o Poder Executivo "a celebrar acordos de acionistas com os demais sócios, objetivando garantir a eficiente condução dos negócios e a adequada rentabilidade aos investimentos realizados".

Tanto interesse e esforço para atrair investidores privados não ocorre por acaso. "Temos uma estrutura portuária antiga, que está aquém das necessidades de um estado exportador como o nosso", diz Salles. "Temos que abrir a possibilidade de captar recursos porque precisamos investir em melhorias sempre", completa. O superintendente do porto não diz quanto teria que ser gasto para modernizar o empreendimento e aumentar sua capacidade de movimentação de cargas. Garante, no entanto, que várias empresas já procuraram a administração do porto para obter informações sobre possíveis parcerias.

Um documento encaminhado pela administração do porto ao governo do estado mostra que há muito a ser feito no local. Atualmente, São Francisco do Sul opera no limite da capacidade, com taxa de ocupação por berço superior a 90%. E, segundo o texto do relatório, taxas de ocupação acima dos 60% podem resultar em filas de navios e atrasos no embarque e desembarque de mercadorias, o que "onera sobremaneira ao proprietário da carga" e "intranquiliza o armador". Resultado: "empresas da região tem que buscar movimentar suas cargas por outros portos".

Ainda assim, no ano passado a movimentação em São Francisco do Sul aumentou. O volume de cargas embarcadas e desembarcadas chegou às 4,7 milhões de toneladas, 2% a mais do que as 4,6 milhões de toneladas do ano anterior. Em outros portos da região, o desempenho foi melhor. Em Paranaguá, por exemplo, a expansão do volume de cargas chegou aos 37%.

Para reverter o problema, segundo os administradores do porto catarinense, a mudança de autarquia para empresa de economia mista é fundamental. Isso porque, com a estrutura atual, a empresa depende de recursos do estado para qualquer investimento de grande porte. Este ano, por exemplo, o orçamento do estado prevê a liberação de R$ 58,2 milhões para o porto.

Com a transformação em empresa, o dinheiro do governo seria usado em obras de dragagem, sinalização, acessos terrestres e segurança. Obras de infra-estrutura, aquisição de equipamentos e construção de novos cais de atracação ficarão a cargo dos sócios.


Agrale vende 200 tratores lançados há apenas 3 meses
A Agrale S.A. registrou aumento de 10% na produção de tratores em 2001 e manteve a liderança nacional, que detém desde 1968, no segmento até 49 HP de potência, com 64% de participação de mercado.

O compacto Agrale 4100.4 superou as expectativas e, em três meses de comercialização, iniciada em outubro, vendeu 200 unidades. O trator é o menor e mais compacto do mercado e tem tração nas quatro rodas, sendo indicado para pequenas propriedades. Segundo o gerente de vendas da Agrale, Silvio Rigoni, os tratores representam 15% da receita total da empresa, que atua em outros segmentos, como o de chassis, motores estacionários (para máquinas), grupos geradores, motos e caminhões.

Em 2001, a Agrale faturou R$ 205 milhões, com acréscimo de 30% em relação a 2000. Para este ano, as expectativas são de aumentar em 20% o faturamento da empresa gaúcha e ampliar em 40% a participação dos tratores nesta receita. Rigoni adianta que, para 2002, a meta é vender 600 unidades do modelo Agrale 4100.4.

A Agrale pertence ao Grupo Francisco Stedile e existe desde 1965, com sede em Caxias do Sul, região serrana do Estado. Em janeiro, a participação da empresa na venda total de tratores cresceu para 4,1%, contra 2,8% registrados em 2001. Esse resultado confirma o desempenho obtido em novembro e dezembro passado, sobretudo na comercialização de tratores de pequeno porte. "Esperamos que, em 2002, seja mantido este ritmo de crescimento e que a empresa chegue a 5% do mercado nacional", comenta. Ainda para este ano, a Agrale pretende lançar novos modelos de tratores.

O trator Agrale 4100.4 foi bem aceito na Serra gaúcha e na cidade paulista de Jundiaí, região de viticultura. Silvio Rigoni ressalta que o trator é econômico e tem um consumo médio de um litro de óleo diesel por hora de trabalho, enquanto que outros veículos de 75 cv consomem de oito a nove litros de combustível por hora.

Equipado com o motor monocilíndrico a diesel Agrale M-93, com potência 14,7 cv, o modelo, graças à tração auxiliar, permite o aproveitamento de 25% a mais de potência, comparado com os demais comercializados em sua faixa de potência. O novo modelo utiliza ainda direção hidrostática, que torna sua condução mais leve, exigindo menor esforço do operador. Além da linha 4000, composta de tratores pequenos com potência de 14,7 cv a 36 cv, a Agrale também atua com mais duas linhas de produtos, a linha 5000, que são tratores médios com potência de 60 cv a 80 cv, e a linha 6000, com tratores de 135 cv de potência.


IPVA incide sobre ano e peso da aeronave
A Secretaria da Fazenda do Paraná não poderá cobrar Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) de 54 aeronaves de 10 empresas paranaenses de taxi aéreo. O Terceiro Grupo de Câmaras Cíveis do Tribunal de Justiça (TJ) do Paraná confirmou, na última quinta-feira, por unanimidade, a liminar concedida em setembro do ano passado pelo juiz do Tribunal de Alçada, Rosene Arão de Cristo Pereira, impedindo a cobrança do imposto sobre aviões e helicópteros de propriedade dessas companhias.

Numa contagem de sete a zero, os juizes acataram novamente a argumentação dos advogados das empresas, segundo a qual o IPVA é um tributo relacionado à veículos automotores terrestres e, na forma como o governo estadual pretende impor, não pode incidir sobre aeronaves, uma vez que este meio de transporte está sujeito à jurisdição federal do Departamento de Aviação Civil (DAC). O TJ se baseou também na proibição de cobrança semelhante decidida anteriormente pela Justiça dos Estados de São Paulo e Mato Grosso.

Segundo o advogado André Cordeiro, do escritório Alceu Machado, Sperb & Bonat Cordeiro, que assinou o mandado de segurança, pelos cálculos feitos no ano passado o IPVA sobre a frota de 50 aeronaves somaria cerca de R$ 1 milhão, levando-se em consideração que a Secretaria da Fazenda cobrava o imposto retroativo à 1996. "Mas, pelo que estamos percebendo pelos valores lançados pelo Estado, as 10 empresas teriam que pagar aproximadamente R$ 3,5 milhões", declara o advogado.

Ele se refere ao fato de, mesmo protegidas pela liminar concedida em setembro último, o governo ter continuado a notificar uma série de proprietários a pagar o imposto tanto no ano passado como no atual exercício. "Além de ser ilegal, o valor é exorbitante", queixa-se Cordeiro.

Somente um avião da JetSul, empresa de taxi aéreo de Curitiba, dona de 8 aeronaves, teve seu imposto de 2002 lançado em R$ 260 mil. É quase um terço do valor do jato, um Hawker HS de 7 lugares. “Eu vendo o avião para o governo por três prestações de R$ 260 mil e ainda dou um ano de garantia”, ironiza o presidente da JetSul, José Rodrigues Cordeiro.

A cobrança de IPVA sobre aviões e helicópteros era uma novidade no Paraná até o ano passado, mas o governo estadual já estava preparado para cobrar. Em 1995, o Estado alterou a legislação e incluiu uma tabela de preços na Lei Estadual 11.280, estabelecendo aos parâmetros . O imposto incide sobre o ano do modelo e sobre o peso de aviões e helicópteros. Por esta escala, o menor avião da frota teria de pagar R$ 39 mil este ano e, o maior, R$ 260 mil.

As notificações a partir de maio passado irritaram proprietários e deixaram o setor tão preocupado que as 10 empresas fundaram uma entidade, a Associação das Empresas de Taxi Aéreo do Sul do Brasil, também presidida pelo dono da JetSul. “É um absurdo. A aviação já paga taxa demais no Brasil”, reclama, lembrando das taxas aeroportuárias, de estacionamento dos aviões, de uso da pista de taxis, de rolamento e de prestação de serviços aeroviários. “E ainda pagamos mais 3% sobre o combustível usado para a Infraero ”, completa o presidente.


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