Perito da PF diz que 29 candidatos nas últimas eleições se beneficiaram do esquema das contas CC-5



A Polícia Federal identificou os nomes de 29 candidatos a cargos de deputados federais, estaduais e distritais, suplentes de senadores e senadores, nas últimas eleições, entre os beneficiários de remessas feitas por doleiros para a agência do Banestado em Nova York. Os nomes serão revelados em reunião secreta que está sendo realizada nesta tarde.

A identificação foi possível por meio do cruzamento das informações dos 30 mil beneficiários de remessas com as informações de bases de dados oficiais, conforme revelou o perito da PF Renato Barbosa, no depoimento prestado nesta quarta-feira (30) à CPI que investiga a evasão de divisas para paraísos fiscais.

O perito afirmou que a depuração da mesma base de beneficiários em Nova York, com dados relativos às eleições de 1994 e 1998, resultou na identificação de 124 nomes de candidatos a prefeitos e vereadores. Além disso, explicou que desenvolveu um programa eletrônico simples para cruzar o cadastro de 1,5 milhão de servidores públicos federais, fornecido pela Controladoria Geral da União, com a mesma planilha de beneficiários.

Isso gerou, segundo Barbosa, uma listagem de 269 nomes -coincidentes- de funcionários públicos federais que receberam recursos enviados pelas contas CC-5 abertas em Foz do Iguaçu para a agência do Banestado em NY.

- Existem pessoas que ocuparam cargos de relevância no governo passado - afirmou o perito, acrescentando que alguns ainda se encontram trabalhando na atual administração.

Na explicação solicitada pelo senador José Jorge (PFL-PE), Barbosa esclareceu que a base de 30 mil beneficiários inclui as remessas legais e ilegais que passaram pela agência do Banestado em NY.

- São contas de empresas off shore de doleiros, o que já aponta indício de irregularidade - afirmou.

Servidores

Durante a audiência pública, o procurador Luiz Francisco de Souza, disse que novo cruzamento com a base de dados da Receita Federal possibilitará apurar a responsabilidade desses -maus servidores-, tendo em vista os indícios de que eles não declararam tais rendimentos ao Fisco, o que é considerado crime. Para que isso aconteça, Luiz Francisco apelou para que a CPI use sua prerrogativa e estenda a quebra de sigilo dessas contas para a Receita, o que agilizaria as investigações.

O responsável pela coordenação das investigações do Ministério Público da União sobre o envolvimento de funcionários públicos federais no esquema de evasão de divisas sugeriu que esse mesmo cruzamento feito pela perícia da PF seja adotado nas demais esferas de governo. Na avaliação dele, outros -Silveirinhas- serão identificados, em referência ao chefe dos fiscais da Receita do estado do Rio de Janeiro, Rodrigo Silveirinha, acusado de ter contas no exterior abastecidas de propinas obtidas de empresas devedoras com o fisco estadual.

- Se a CPI fizer isso, já terá cumprido sua tarefa - afirmou.




30/07/2003

Agência Senado


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