Pernambuco busca descentralizar os investimentos
Integrar as políticas industrial e de desenvolvimento regional, frear a concentração de renda em uma única região e dinamizar o crescimento econômico e social de Pernambuco.
Foi em torno desses objetivos que representantes do governo federal, do governo estadual e da iniciativa privada se reuniram, na quarta-feira (20), na sede da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), para a 1ª Oficina de Trabalho do Plano Brasil Maior, a política industrial do governo federal.
O evento foi promovido pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), em parceria com os ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e da Integração Nacional (MI) e com o apoio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Sdec) e da Fiepe.
“Nosso objetivo é combinar instrumentos federais e estaduais que contribuam para o adensamento produtivo e para o enfrentamento dos gargalos enfrentados pelo estado. São exemplos dessas medidas a utilização de margens de preferência para empresas locais nas compras públicas e a identificação de oportunidades trazidas por investimentos privados e governamentais. Para organizar esse trabalho, vamos formar um grupo tripartite e criar uma agenda prática de alinhamento desses instrumentos”, conta o coordenador da Rede Nacional de Política Industrial (Renapi) da ABDI, Paulo Lacerda.
Para o representante da Fiepe no evento, Antonio Sotero, o apoio do governo federal chega em boa hora. “Pernambuco precisa de maior destaque nacional. Estamos muito fortalecidos em segmentos como o de petróleo e gás (em um ano iniciaremos a primeira fase de operação da refinaria Abreu Lima e, em 2015, a segunda). Temos ainda uma grande planta petroquímica em Suape e forte atividade na indústria naval – Pernambuco concentra a maior carteira de pedidos do Brasil na área naval e offshore. Também estamos recebendo uma grande montadora de automóveis e sistemistas da cadeia de autopeças. Agora precisamos de um trabalho que dê sustentabilidade a esse processo, identificando oportunidades de emprego e renda e visualizando previamente as demandas de bens e serviços”.
Segundo o presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (AD Diper), Roberto de Abreu e Lima Almeida, o estado já observa a atração e curiosidade de empresas estrangeiras. “Essas organizações já estão enxergando além de Rio, São Paulo e Minas Gerais. No período de 2010 a 2015, Pernambuco registrará R$ 38 bilhões só em investimentos empresariais, o que significa mais de 30 mil empregos diretos em mais de 70 empreendimentos”.
Porém, 95% dos investimentos públicos e privados do estado estão instalados num raio de 130 km da capital, Recife – o que inclui, entre outros investimentos, R$ 45 bilhões em Suape e R$ 8,51 bilhões na região de Goiana. “Mais de 80% do Produto Interno Bruto (PIB) de Pernambuco está concentrado nesse raio. São diferenças de distribuição econômica e social que precisamos sanar, por meio de programas indutores de desenvolvimento”.
Almeida assinalou ainda que a disputa acirrada entre os estados pela atração de investimentos é resultado da falta de uma política de desenvolvimento regional, que dá espaço para guerras fiscais e ações sem respaldo legal. Nesse sentido, a secretária de Desenvolvimento Regional do MI, Adriana Alves, informou que a Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) está em vias de ser enviada ao Congresso Nacional, em forma de projeto de lei. “Estamos cumprindo uma última etapa, de consulta aos delegados para eventuais sugestões”, declarou.
Adriana destacou que há um intenso esforço federativo não apenas para construir agendas de desenvolvimento estaduais mas também para definir pacotes de metas. “O Brasil está fazendo apostas estratégicas, em setores, ligados a ciência, tecnologia e inovação, integração produtiva, educação, acesso a serviços, infraestrutura e redes de cidades. Essas apostas estão sendo negociadas com os estados e executadas por meio de medidas como o fortalecimento dos arranjos produtivos locais, o aproveitamento do poder de compra do estado, as oportunidades derivadas das obras de infraestrutura do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), entre outras”.
Uso do poder de compra privado
Durante a 1ª Oficina de Trabalho do Plano Brasil Maior, o coordenador da Rede de Desenvolvimento de Fornecedores do Pará (Redes), Marcel Souza, apresentou a Redes, iniciativa da Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa) que promove um elo entre as empresas paraenses e os grandes projetos instalados naquele estado.
As empresas inscritas na Redes têm oportunidades diferenciadas de relacionamento e desenvolvimento empresarial. Elas atendem as demandas específicas da cadeia de suprimentos de cada empresa mantenedora do projeto.
As mantenedoras são, além de fontes de recursos da iniciativa, apoiadoras do processo de evolução das empresas paraenses, porque fornecem informações estratégicas que subsidiam a integração. Fazem parte desse grupo companhias como Alcoa, Celpa, Brasil Kirin, Vale, Votorantim, entre outras.
O projeto instituiu, ainda, o Prêmio Redes de Desenvolvimento, que apresenta e premia as empresas que priorizaram a compra de produtos e serviços de fornecedores paraenses e que acreditam no potencial da região.
Como resultado da Redes, já se observa um aumento histórico do volume de compras locais pelas grandes indústrias, que saltou de 19% em 2000 para 47% em 2010.
Próximas Oficinas de Trabalho do Plano Brasil Maior
A Oficina de Trabalho do Plano Brasil Maior em Recife inaugurou o ciclo de eventos que vai disseminar os instrumentos e medidas da política industrial brasileira nas várias regiões do país. No primeiro semestre de 2014, também devem receber o evento os estados de Goiás, Amazonas, Ceará, Bahia, Santa Catarina e Paraná.
A meta é apresentar e discutir instrumentos e medidas do Plano Brasil Maior que contribuam para o fortalecimento e adensamento das cadeias produtivas de cada estado. Entre outros objetivos, o Plano Brasil Maior visa ampliar o investimento fixo, elevar o dispêndio empresarial em pesquisa e desenvolvimento, aumentar a qualificação de recursos humanos, ampliar o valor agregado nacional, estimular a indústria intensiva em conhecimento, fortalecer as micro, pequenas e médias empresas, incentivar a produção mais limpa, diversificar as exportações e ampliar o acesso da população a bens e serviços para qualidade de vida. Mais informações sobre a política industrial estão disponíveis no site do Plano Brasil Maior.
Fonte:
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
21/11/2013 18:20
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