Pesquisa da USP mostra que dinheiro traz felicidade
Levantamento integra dissertação de mestrado da economista Sabrina Vieira Lima
Em um país com grande desigualdade social como o Brasil, a renda figura como um dos fatores mais significativos para determinar se a pessoa é feliz ou não. Esse foi um dos resultados da dissertacao de mestrado Economia e felicidade: um estudo empírico dos determinantes da felicidade no Brasil, da economista Sabrina Vieira Lima, apresentada na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEARP), da USP.
Além de maior renda, disseram-se mais felizes os que estão empregados, casados, homens e que não eram nem católicos nem espíritas (o estudo considerou espírita os seguidores de candomblé, espiritismo e umbanda).
Os dados analisados foram coletados dos levantamentos do insituto World Values Survey 1991 e 1997, dos EUA, realizados com 2.931 brasileiros de todas as regiões do País. A dissertação corrobora a literatura internacional atribuindo uma significativa relação positiva entre renda e felicidade. “Essa relação tende a ter um peso maior para as pessoas que estão próximas da linha de pobreza ou de situações de não atendimento adequado de suas necessidades básicas de sobrevivência”, explica Sabrina.
Variáveis A economista selecionou variaveis sócio-econômicas e demográficas para determinar o que mais influenciava a felicidade do brasileiro. Ela trabalhou com a renda absoluta (ter renda); a renda comparativa, ou seja, ganhar mais ou menos do que as pessoas em condições semelhantes às suas; o desemprego; a probabilidade de a pessoa desempregada conseguir emprego; a probabilidade de a pessoa empregada perder o emprego; escolaridade; gênero; estado civil; idade; religião e região do País em que se vive.
O estudo mostrou que a renda absoluta tem muito mais impacto na felicidade do que a comparação entre a pessoa e seu próximo. A pesquisadora aponta que isso pode ocorrer pelo fato de o Brasil ser um país no qual a maioria das pessoas está concentrada em faixas baixas de renda, o que pode significar que o fato de se ter alguma renda é mais importante para a pessoa do que sua comparação com seus pares.
O mesmo ocorre com o emprego: mais importante do que a probabilidade de se conseguir um emprego ou a probabilidade de perdê-lo, não estar desempregado é mais significativo para a determinação da felicidade. Para esse levantamento, foi considerada apenas a população economicamente ativa, ou seja, desconsideraram-se crianças, jovens e aposentados.
De modo geral, quanto à religião, os católicos e os espíritas declararam-se menos felizes do que muçulmanos, hinduístas, budistas, ortodoxos, protestantes e judeus. “Isso não quer dizer que sejam infelizes. Apenas que, comparativamente com as outras religiões, são os que se diziam menos felizes”, ressalta a economista. Já os homens mostraram-se mais felizes do que as mulheres e, as pessoas casadas, mais felizes do que as solteiras, viúvas e separadas. A escolaridade, idade e região do País não se apresentaram como fatores determinantes para felicidade dos brasileiros, segundo a pesquisadora.
Da USP Online
04/04/2008
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