Pesquisa DataSenado aponta que 15% das mulheres brasileiras sofrem violência doméstica
Destinada somente ao público feminino, e que, segundo os coordenadores da DataSenado, é uma novidade, a pesquisa evidencia claramente que enquanto o país se assusta com a escalada da violência nas ruas, uma outra forma de agressão, contra a mulher, continua a ser praticada de forma silenciosa no interior das residências e tendo como principais algozes seus familiares diretos.
A situação mais grave, segundo levantamento da DataSenado, encontra-se na região Norte, onde uma em cada cinco mulheres afirma já ter sofrido agressões. Os números, de alguma forma, coincidem com pesquisa com o mesmo padrão de informações realizada em 2005 por esse órgão de pesquisa do Senado.
Um dado interessante que emerge da pesquisa está relacionado ao motivo da agressão. Pelas respostas das entrevistadas, 45,5% das manifestações de violência resultariam do uso do álcool e 22,8% teriam o ciúme como pretexto. A falta de dinheiro entra como causa de 6,5% dos casos de agressão; a chamada traição conjugal e o uso de drogas, com 4,9%; e a influência de familiares é responsável, segundo a pesquisa, por 4,1%. Outros fatores ficariam abaixo do patamar de 4%.
De acordo com a pesquisa, 74,8% dos agressores são os próprios maridos e 12,2%, os companheiros. O pai responderia por 2,4% das iniciativas violentas. Na caracterização das formas de agressão, 58,5% teriam caráter físico; 10,6% seriam de ordem psicológica; 8,9% teriam base moral, enquanto 4,9% assumiriam conotações sexuais. Das mulheres que se disseram agredidas, 73,2% deixaram de conviver com seus respectivos maridos e companheiros.
Quanto ao segmento que mais sofreu agressão, a pesquisa revela que as jovens e mulheres na faixa etária de 16 a 19 anos são as que mais sofrem violência (35%). Percebe-se pelo levantamento que as agressões têm um grande conteúdo social, pois 84% das mulheres vitimadas estudaram até o ensino fundamental.
Mesmo que 85,4% das entrevistadas tenham manifestado que estão conscientes de que a violência doméstica é crime - previsto principalmente na chamada Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06) -, outros números da DataSenado podem trazer alguma preocupação para aqueles que querem combater essa forma de agressão com mais vigor. De acordo com a pesquisa, apenas 40% das mulheres agredidas tomaram a iniciativa de registrar denúncias junto a delegacias comuns e especializadas - as demais ou não fizeram nada (27,6%) ou se contentaram em buscar apoio junto a familiares e amigos.
Em relação à percepção da relação mulher e sociedade, 49,6% das entrevistadas consideram que a mulher não é tratada com respeito no país. O maior índice de desrespeito estaria na sociedade como um todo (38,3%), em seguida na família (31,6%) e no trabalho (16,7%). Mesmo sabendo que a violência doméstica é crime e que dá cadeia (85,4%), 44,5% das entrevistadas acreditam que as leis brasileiras não protegem adequadamente as mulheres.
07/03/2007
Agência Senado
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