Pesquisa: Livro mapeia a situação da saúde e do estilo de vida da população paulista



Obra é resultado de pesquisa realizada pelas três universidades públicas estaduais, que ouviu quase 7 mil pessoas

O livro Saúde e Condição de Vida em São Paulo – Inquérito Multicêntrico de Saúde no Estado de São Paulo, lançado no mês passado, traz mapeamento do estilo de vida, do uso dos serviços médicos e de como anda a saúde da população. A obra é resultado do trabalho de pesquisadores das três universidades públicas paulistas (USP, Unesp e Unicamp), que ouviu 6.819 pessoas entre 2001 e 2002, em quatro regiões da Grande São Paulo (Butantã, Taboão da Serra, Embu e Itapecerica da Serra) e nas cidades de Campinas e Botucatu. “Os dados mostram que o Sistema Único de Saúde (SUS) universalizou os serviços. Em compensação, identificamos diferenças no acesso a exames mais complexos, como a mamografia e o papanicolaou”, diz Chester Luiz Galvão, diretor da Faculdade de Saúde Pública da USP e um dos autores do livro. “Como requerem tecnologias mais avançadas, esses serviços acabam sendo oferecidos pelo sistema privado”, explica.

A maior desigualdade detectada pela pesquisa está no setor odontológico, área pouco coberta pelo Estado. O estudo revela também o que a população considera deficiente. Entre pessoas com mais de 60 anos, com escolaridade de até quatro anos, 17,3% avaliaram os serviços de saúde como ruim ou muito ruim. “Em relação ao estilo de vida, as diferenças no consumo de bebidas alcoólicas, cigarro e alimentos são extremas”, afirma Galvão. Os grupos considerados de baixa escolaridade e de classes socioeconômicas inferiores apresentam riscos bem maiores para esses fatores. “Essa população tem maior prevalência para as doenças crônicas”, acrescenta o pesquisador.

Demanda reprimida

Galvão informa que, desde o início do estudo, foram finalizados cinco trabalhos de pós-graduação, entre dissertações de mestrado e teses de doutorado, e outros 20 estão em andamento. A intenção é que o conhecimento produzido por esses trabalhos acadêmicos e os resultados da pesquisa que se transformou em livro sejam utilizados no planejamento dos serviços públicos de saúde. “Geralmente os gestores trabalham apenas com a demanda, ou seja, com os dados de indivíduos que se beneficiam dos serviços. Agora, temos amplo conjunto de informações de base populacional, incluindo as pessoas que não têm o hábito de procurar os serviços de saúde”, argumenta Galvão.

Parte dessa demanda reprimida, por exemplo, pode ser vista nas respostas dadas em relação aos exames feitos nos últimos anos. A questão da mamografia volta a aparecer de forma relevante. Segundo os dados apresentados no livro, 31,8% das mulheres com mais de 39 anos de idade nunca fizeram exame preventivo para o câncer de mama. Entre os homens da mesma faixa etária, 49,9% nunca realizaram teste de próstata. O trabalho foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), por meio do Programa de Pesquisas em Políticas Públicas, em parceria com a Secretaria da Saúde. O livro, editado pela Imprensa Oficial do Estado, será distribuído gratuitamente a institutos de ensino e pesquis

05/16/2006


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