Especialistas associam estilo de vida à obesidade
Mudança no estilo de vida - com maior consumo de frutas e verduras e diminuição do consumo de açúcar, sal e gorduras, bem como o aumento de atividade física - e programas de informação sobre alimentação saudávelsão ações importantes para evitar a obesidade entre crianças e adolescentes. Essa é a opinião da maioria dos especialistas que participaram, nesta terça-feira (3), da audiência pública na Subcomissão Permanente de Promoção, Acompanhamento e Defesa da Saúde, que funciona no âmbito da Comissão de Assuntos Sociais (CAS). Os participantes da audiência discutiram as causas e as conseqüências do avanço da obesidade no Brasil, especialmente entre as crianças.
A professora-adjunta da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), revisora de periódicos da Revista de Nutrição da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCCAMP) e dos Cadernos de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Olga Maria Silvério Amâncio, defendeu no debate a educação alimentar associada à atividade física para prevenir a obesidade na população infantil. A professora sugeriu a inserção no currículo escolar de disciplina que aborde educação alimentar.
- Por que em vez de reeducar, não se educa? - questionou a especialista.
Para Olga Maria, o tipo de alimento adequado a cada pessoa depende das circunstâncias em que ela vive, considerando-se variantes específicas como natureza da dieta e atividade física. Na opinião da professora, determinado alimento não pode ser considerado bom ou ruim fora de contexto.
Doenças
A alimentação saudável é requisito fundamental para a saúde, que quando não observado pode levar as pessoas a desenvolverem doenças crônicas não transmissíveis, nas quais está incluída a obesidade, alertou ainda no debate a secretária do Conselho Federal de Nutricionistas (CFN), Maria Emília Daudt von der Heyde. A especialista, que é também representante da entidade Ação Brasileira pela Nutrição e Direitos Humanos, explicou que esse tipo de doença é causado pelo aumento do consumo de açúcar e sal e pela diminuição da ingestão de verduras e frutas. Ela informou que estudos demonstram que, com tais hábitos, 60% das mortes no mundo poderão ser em função dessas doenças crônicas.
Maria Emília defende maior controle da publicidade de alimentos considerados prejudiciais à criança, bem como programas que ofereçam à população maior conhecimento nutricional. A especialista observou que atualmente as crianças assistem à televisão durante muitas horas e interferem precocemente nas compras da família.
Já o Chefe do Centro de Apoio e Atendimento ao Adolescente da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Mauro Fisberg, atribui a obesidade infantil à mudança de hábitos das crianças. Lembrou que as crianças de hoje têm maior acesso ao alimento e menor atividade física. Essa mudança, explicou, fez com que diminuísse a incidência de doenças infecciosas e transmissíveis e aumentassem as doenças crônicas, ligadas ao que ele definiu como "doenças da abundância".
Fisberg disse ainda que, em pesquisa realizada nas escolas da cidade de São Paulo, foi observado que o índice de sedentarismo infantil é de 70% e que, em média, as crianças estão com 30% de excesso de peso. Já em relação aos adolescentes, explicou, verificou-se maior índice de aumento de peso entre os meninos (40%), em comparação com as meninas (23%).
Entre as sugestões que o especialista apresenta para combater a obesidade, estão o estímulo à atividade física de forma leve e contínua e o controle, por parte das escolas, sobre os lanches oferecidos nas cantinas.
Publicidade
O consultor jurídico da Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Rodolfo Machado Moura, ressaltou no debate que o Código Brasileiro de Auto-regulamentação Publicitária determina que as propagandas não devem estimular a substituição das refeições básicas por alimentos considerados prejudiciais, por conterem alto teor de gordura, sal ou açúcar. Informou ainda que qualquer cidadão pode apresentar denúncia ao Conselho Nacional de Auto-regulamentação Publicitária (Conar) se constatar irregularidades que venham a acontecer nas propagandas veiculadas nas emissoras de rádio ou de televisão. Segundo ele, a ação do Conar é rápida e eficiente, além de ser gratuita.
O consultor do Conar salientou, no entanto, que os meios de comunicação apenas comercializam seus espaços publicitários e que o conteúdo das publicidades é de responsabilidade das agências que produzem os anúncios. Para Rodolfo Moura, todo produto licitamente produzido tem direito a ser livremente anunciado.
- A liberdade de expressão significa impedimento de licença ou censura. A manifestação do pensamento não pode sofrer restrição, exceto as constitucionais - disse.
Rodolfo Moura destacou ainda que os diversos dispositivos constitucionais, entre eles o que determina proteção à criança, devem ser considerados de forma conjunta na avaliação de uma peça publicitária. Isso porque, como observou, a publicidade também se beneficia do dispositivo constitucional que assegura ampla liberdade de expressão.
03/07/2007
Agência Senado
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