Pesquisa paulista sobre o genoma do câncer está à disposição da comunidade científica mundial



Estudo, financiado em parte pelo Governo do Estado, coloca o Brasil em segundo lugar na pesquisa sobre o Genoma Humano do Câncer

Estudo, financiado em parte pelo Governo do Estado, coloca o Brasil em segundo lugar na pesquisa sobre o Genoma Humano do Câncer O governador Mário Covas anunciou nesta sexta-feira, dia 21, que o Projeto Genoma Humano do Câncer, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e o Instituto Ludwig de Pesquisas sobre o Câncer, atingiu a marca de 500 mil sequências de genes humanos expressas nos tumores de maior incidência no Brasil. O mais importante é que 270 mil dessas sequências já foram colocadas em domínio público e poderão colaborar com o desenvolvimento de novas formas de combater a doença. “Compreendendo que nesta área as coisas não se limitam a uma propriedade de natureza intelectual mas sim ao interesse comum da humanidade, as informações foram liberadas para um banco comum de conhecimento”, enfatizou Covas. “Trata-se da vida das pessoas, trata-se de uma conquista contra uma doença que tem afligido a humanidade de forma muito significativa”. A pesquisa paulista coloca o Brasil como o segundo País do mundo no estudo do genoma humano, atrás apenas dos Estados Unidos. O objetivo agora é chegar a um milhão de sequências até o final do ano. Para isso, os investimentos também serão dobrados, devendo atingir US$ 20 milhões em 2000. O trabalho está sendo realizado pela rede ONSA, Organização para Sequenciamento e Análise de Nucleotídeos, um instituto virtual de genômica estruturado pela Fapesp, que reúne laboratórios espalhados por todo o Estado e inclui parcerias com a USP, Unicamp, Unesp e Unifesp, entre outros. Segundo o professor Andrew Simpson, coordenador do Projeto Genoma Humano do Câncer, o próximo passo é identificar a função dos genes. “A partir disso virão todos os avanços para as próximas décadas em termos de diagnósticos e tratamentos de câncer e de outras doenças que ameaçam a vida humana”. Para isso está sendo desenvolvido um projeto inédito no mundo denominado Genoma Clínico do Câncer, para análise prática dos genes da doença junto à comunidade médica. Outro projeto é o Genoma Estrutural, que vai estudar a estrutura e a função das proteínas expressas em células de tumores de câncer. Com as informações de sequenciamento genético será possível fazer diagnósticos precoces, mais precisos, que permitirão o uso mais racional das terapias já existentes e, depois, o desenvolvimento de novas terapias para fortalecer o arsenal de ferramentas contra o câncer. “Os frutos do genoma humano já estão aparecendo. Existem novos diagnósticos no câncer de cólon, por exemplo, que permitem identificar um subgrupo que vai ser absolutamente curado se for tratado de certa maneira”, comentou Simpson. Já existem também novas drogas disponíveis que foram desenvolvidas, como a herceptina, porque moléculas específicas associadas com câncer foram descobertas. “A história do câncer vai melhorar significativamente, vamos diagnosticar mais cedo, com mais precisão, usar drogas melhores e ter novas drogas”. Um dos pontos de maior discussão em relação ao sequenciamento genético é a questão das patentes sobre material biológico relevante para a humanidade. A posição dos pesquisadores paulistas é de que os dados brutos referentes aos genes ligados ao câncer são de domínio público e por isso foram colocados à disposição da comunidade científica mundial. A mesma opinião foi expressa pelo presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, e pelo primeiro ministro britânico, Tony Blair. No caso da utilização dos genes para o desenvolvimento de um produto específico, a patente é aceita. “Trata-se de proteger um produto industrial e caso não exista essa proteção, não haverá interesse no seu desenvolvimento”, observou o professor José Fernando Perez, diretor científico da Fapesp. Ele explicou, porém, que aquilo que já é domínio público não pode ser patenteado. As pesquisas científicas na área genômica no Brasil começaram em outubro de 1997, com a estruturação da rede ONSA. O primeiro trabalho foi o sequenciamento da Xylella fastidiosa, bactéria causadora da praga do amarelinho, que ataca 34% dos laranjais paulistas causando prejuízos de US$ 180 milhões. No final de 1998, chegou-se ao Genoma Funcional, que hoje desenvolve 21 projetos de pesquisa sobre a patogenicidade da Xyllela. Em março de 1999, começaram os estudos do genoma humano, que utiliza a metodologia chamada ORESTES, Open Reading Frames Expressed Sequence Tags, que se detém à parte central dos genes, onde se concentra a informação mais relevante para a síntese da proteína e por isso é mais eficiente. Também estão em andamento o sequencimaneto genético da cana-de-açúcar e o da bactéria que causa o cancro cítrico. Estavam presentes o secretário de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico, José Anibal, o Dr. Ricardo Brentani, presidente do Hospital do Câncer e do Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer, e o professor Carlos He

07/21/2000


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