Pesquisa sobre entrada da Venezuela no Mercosul indica empate técnico



Enquete que está sendo realizada pela Secretaria de Pesquisa e Opinião Pública (Sepop) do Senado, em parceria com a Agência Senado, sobre a entrada da Venezuela no Mercosul, já recebeu 6.824 participações e, até o momento, indica que as opiniões sobre a questão estão divididas. Do total, 50,2% dos participantes são contra a adesão da Venezuela ao bloco, enquanto 49,75 % se declararam favoráveis ao pleito venezuelano

A Sepop ressalva que a enquete não pode ser usada como representação estatística da população brasileira porque não foram usadas técnicas de amostragem próprias de pesquisa de opinião com essa finalidade.

Desde o início da pesquisa, no dia 1º de julho, houve equilíbrio entre número de votos favoráveis e desfavoráveis das pessoas que opinaram. A pesquisa prosseguirá até a próxima sexta-feira (31) e está disponível na página da Agência Senado e no endereço eletrônico da Sepop: http://www.senado.gov.br/sf/senado/centralderelacionamento/sepop/.

Protocolo

O protocolo de intenções para ingresso da Venezuela ao Mercosul já foi aprovado pelos parlamentos da Argentina e do Uruguai, faltando ainda a decisão do Paraguai e do Brasil.

No Congresso brasileiro, o protocolo já foi aprovado na Câmara dos Deputados e tramita no Senado. O texto será votado na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) e, posteriormente, em Plenário.

Com a finalidade de orientar o voto dos senadores, a CRE já realizou três audiências públicas em que especialistas, que opinaram sobre a adesão da Venezuela ao bloco. Também os debates mostram cisão em relação ao tema.

Para o ex-chanceler Celso Lafer, incorporar a Venezuela ao Mercosul como membro pleno é comprometer a identidade, a eficiência e o poder de atração do bloco como expressão de um regionalismo aberto. Ele sugeriu aguardar mais tempo para observar a postura política do presidente venezuelano Hugo Cháves.

Segundo a cientista política Maria Regina Soares de Lima, do Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro, a adesão da Venezuela ao Mercosul dará partida a um movimento de incorporação da sub-região andina que pode ser interessante para o bloco. Ela disse que uma recusa brasileira de aprovar o protocolo pode ser vista como um ato hostil à Venezuela, o que poderá atrapalhar o crescimento das exportações brasileiras para aquele país.

Senadores divididos

O assunto também divide os senadores da CRE: Romero Jucá (PMDB-RR) e João Pedro (PT-AM) são favoráveis à imediata entrada da Venezuela, por entenderem que isso trará aproximação proveitosa do bloco com os países do norte da América do Sul, enquanto Fernando Collor (PTB-AL) e Eduardo Azeredo (PSDB-MG) preferem esperar um pouco mais, para observar a evolução do pagamento das exportações feitas para a Venezuela.

Na última reunião da CRE sobre o assunto, em 9 de julho, carta enviada pelo embaixador da Venezuela, Julio Garcia Montoya, com o propósito de justificar sua ausência no debate, foi considerada "hostil e desrespeitosa em relação ao Senado" pela maioria dos integrantes da Comissão.

Para Collor, a carta do embaixador Garcia "não era diplomática nem civilizada", representando "uma intromissão indevida nos métodos do Estado brasileiro de chegar a uma conclusão sobre a entrada da Venezuela no Mercosul". Ele chegou a propor um voto de censura ao embaixador venezuelano, mas sua proposta foi derrotada por 5 votos a 4.

Ao final, a Comissão optou pela solução conciliatória proposta pelo senador Heráclito Fortes (DEM-PI) de enviar, de volta, a carta ao embaixador, sem comentários.



24/07/2009

Agência Senado


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