Pesquisador eleva em 95% rendimento de carro misturando hidrogênio à gasolina



O professor Sebastião Alberto de Oliveira, do Departamento de Agronomia da Universidade de Brasília, conseguiu melhorar em cerca de 95% o rendimento de um automóvel, misturando hidrogênio à gasolina. O automóvel, um utilitário fabricado em 2007, que tem normalmente um desempenho de cerca de 11 quilômetros por litro de combustível, passou a fazer 20,9 após a instalação de uma máquina montada por ele: um gerador eletrolítico de hidrogênio. O equipamento melhora a potência do motor, diminui o consumo de combustível e gera menos poluição, comemora Oliveira.


A invenção não é exclusiva, explica o professor.  Pesquisadores da própria UnB e de outras universidades têm trabalhado em projetos semelhantes, de utilização do hidrogênio associado a outros combustíveis. Mas o resultado alcançado por Sebastião surpreendeu outros pesquisadores. "É um resultado excelente", afirma o professor Rafael Morgado, do curso de Engenharia da Faculdade UnB Gama, que trabalha há um ano em um projeto semelhante, mas ainda não testado em veículos.


Como funciona

A máquina de Sebastião é composta basicamente por dois recipientes. Um deles, de vidro, contém água com sal. O outro contém 17 placas de aço inox, dispostas paralelamente, e fica conectado à bateria do carro. A solução de água com sal sai por uma mangueira até chegar ao recipiente com as placas, onde é aquecido pela energia da bateria. A temperatura, que é de quase 100 graus Celsius, quebra as moléculas de hidrogênio contidas na solução e forma o gás hidrogênio, que segue para o motor do carro por outra mangueira. No motor, o gás se mistura ao combustível, que pode ser gasolina, álcool ou diesel.


Segundo Sebastião, a economia é causada por três motivos. O primeiro é que o hidrogênio é muito mais energético que a gasolina. Segundo, a expansão da água gerada também ocasiona aumento de potência do motor. Além disso, a água em alta temperatura causa limpeza das válvulas, velas, bicos, injetores, câmaras de combustão, que vão afetar o rendimento do carro. "É provável que, desses fatores, a limpeza da câmara de combustão seja o principal responsável pelo rendimento do motor", acredita.


O professor Rafael Morgado explica que o hidrogênio nessas experiências funciona como um catalisador. Em parceria com o professor Carlos Alberto Gurgel, da Engenharia Mecânica, ele está desenvolvendo um experimento parecido com o de Sebastião, mas estuda maneiras de controlar a saída do hidrogênio para tornar mais eficiente o resultado no carro, além de garantir mais segurança. "O hidrogênio é extremamente inflamável, por isso o controle é importante", explica. Até o final do ano, ele vai instalar em seu Opala 1976 o gerador eletrolítico que está desenvolvendo.


Os equipamentos de Sebastião e Rafael podem ser utilizados em carros a gasolina, álcool ou diesel, mas nem todos têm espaço no motor para alojar a máquina. "A invenção não é novidade. O problema é a aplicabilidade e otimização do sistema em função dos tipos de carros", explica. Ele acrescenta que o rendimento depende da velocidade, da amperagem e da concentração de hidrogênio. Mas o professor Carlos Alberto Gurgel alerta para os cuidados que o experimento exige. "O manuseio do hidrogênio exige conhecimento científico e experiência. Em meu laboratório, por exemplo, já houve duas explosões", revela.


Sucatas

Além de reduzir o consumo de gasolina e ser menos poluente, o gerador eletrolítico ainda é produzido a partir de sucatas. As placas, por exemplo, são sobras das lojas que vendem esse produto. O professor junta os restos e o técnico Edílson dos Santos Pereira, responsável pela oficina mecânica do Instituto de Física, corta no formato necessário em suas horas vagas. "Sem a ajuda dele, teria sido muito difícil executar o trabalho", elogia.


A construção do gerador de hidrogênio nasceu da insistência do professor em desenvolver maneiras de tornar seu próprio carro mais econômico. A cada 15 dias ele vai ao sul de Tocantins, onde tem uma fazenda e o consumo de gasolina pesava no bolso. Foi quando começou as pesquisas, em novembro de 2008.


Até chegar ao modelo atual de gerador de hidrogênio, ele testou vários outros. O primeiro era feito por dois tubos, um dentro do outro, mergulhados na solução de água com sal. "Fui observando os problemas e aprimorando o projeto", conta. O professor continua experimentando alternativas que possam melhorar o resultado no carro, como aumentar o número de furos nas placas de aço inox.


Fonte:
agência da Universidade de Brasília (UnB)



05/08/2010 02:39


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