Petrobras já gastou R$ 63 milhões para compensar acidente no Par








Petrobras já gastou R$ 63 milhões para compensar acidente no Paraná
O vazamento de 4 milhões de litros de óleo cru na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária (Região Metropolitana de Curitiba), vai custar à Petrobras pelo menos R$ 63 milhões em investimentos de recuperação de áreas degradadas. O acidente ocorreu há um ano e meio, poluiu o Rio Iguaçu, e foi considerado um dos mais graves desastres ecológicos da história do País.

Esse valor é a soma dos R$ 40 milhões que a estatal já pagou de multa ao Instituto Ambiental do Paraná (IAP), com os R$ 19 milhões que ainda vai aplicar em programas ambientais na região, em parceria com o governo paranaense, além de R$ 4 milhões que serão gastos, nos próximos dois anos, na recuperação da área onde ocorreu o vazamento.

O volume de dinheiro necessário poderá crescer ainda mais. Corre na Justiça do Paraná ação do Ministério Público Estadual que exige indenização de aproximadamente R$ 2 bilhões pelo acidente. A estatal também poderá ser condenada a pagar outros R$ 50 milhões de multa ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Essa multa foi aplicada logo após o acidente, ocorrido em 16 de julho de 2000, mas a Petrobras recorreu, alegando que ninguém pode ser punido duas vezes pelo mesmo crime, e ela já havia sido multada pelo órgão ambiental do governo paranaense.

“Visitei o ponto zero (como ficou conhecido o local exato do vazamento, dentro da área da Repar) e as fontes de água dessa área já estão cristalinas”, disse ontem o diretor de Serviços da Petrobras, Irani Varella. Ele esteve em Curitiba para acompanhar a apresentação dos projetos em que serão utilizados recursos da estatal, feita pelo governador Jaime Lerner (PFL).

Batizado de Rio Limpo, o programa pretende recuperar a Bacia do Alto Iguaçu, que abrange 13 municípios da Região Metropolitana de Curitiba, onde vivem 1,6 milhão de habitantes –quase 20% da população paranaense. Essa área, onde estão as nascentes do rio, foi a mais atingida pelo óleo.

O Iguaçu é o mais importante rio em território paranaense. Corta o Estado no sentido leste-oeste. Tem 1,3 mil quilômetros de extensão e forma as famosas Cataratas, em Foz do Iguaçu, antes de desaguar no Rio Paraná. O trecho de 60 quilômetros afetado pelo óleo já era o mais poluído, pelo lixo e o esgoto doméstico, da região metropolitana.

O governo estadual vai investir R$ 27 milhões no programa, parte deles oriundos da multa paga pela Petrobras. Os recursos serão aplicados em coleta e tratamento de esgoto, seis parques, lagoas de retenção de lixo (utilizando cavas de extração de areia desativadas), relocação de famílias que moram em áreas invadidas junto ao rio e programas de educação ambiental.

Até 2003, o governo paranaense promete coletar 80% do esgoto doméstico produzido na Região Metropolitana de Curitiba, tratando 100% dessa quantidade. Atualmente, 54% dos efluentes da região são coletados, com tratamento de 80% desse total.


Servidor público celetista é estável
Ao julgar recurso do Estado da Bahia, a Subseção de Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho (TST) decidiu que o direito à estabilidade previsto na Constituição Federal para o servidor público se aplica também ao empregado público regido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Relator do processo, o ministro Carlos Alberto Reis de Paula assinalou que o artigo 41 da Constituição assegura estabilidade, após dois anos de efetivo exercício, aos servidores nomeados por concurso público. “Não tendo feito distinção entre servidores estatutários e servidores celetistas, não cabe ao intérprete fazê-lo para excluir estes últimos”, afirmou o ministro.

O ministro acrescentou que o Supremo Tribunal Federal (STF), ao julgar mandado de segurança relatado pelo ministro Sidney Sanches, decidiu que a estabilidade é assegurada não apenas aos ocupantes de cargos, mas também aos empregados públicos. Na ocasião, o ministro do Supremo também destacou que o artigo 41 da Constituição se refere genericamente a servidores.


TRF determina que clube desocupe área ambiental
A Quarta Turma do Tribunal Regional Federal (TRF) da Quarta Região, com jurisdição nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, determinou que a Sociedade Balneária Pinheira desocupe a área da Praia da Pinheira (SC) no prazo de 90 dias. A decisão foi tomada no julgamento do mandado de segurança da Procuradoria Regional da União, órgão da Advocacia-Geral da União (AGU), que recorreu contra a decisão da 6ª Vara da Justiça Federal, em Florianópolis, que permitia à Sociedade Balneária permanecer na área, apesar de considerar correto o cancelamento do Registro Imobiliário Patrimonial, feito pela Delegacia do Patrimônio da União.

Em 1958, a Delegacia do Patrimônio da União autorizou a sociedade a ocupar a Praia da Pinheira, com o compromisso de preservar o meio ambiente. Apesar disso, a área foi loteada e a posse dos lotes foi vendida para terceiros, sem a autorização da Secretaria do Patrimônio da União. Por isso, a Delegacia do Patrimônio da União acatou a recomendação do Ministério Público Federal (MPF) de cancelar o registro imobiliário da empresa e determinar a desocupação da área.

A decisão foi tomada com base em laudo pericial, que considerou a Praia da Pinheira como área de restinga, de preservação permanente, bem como considerou que a ocupação e o loteamento contrariavam o artigo 9º, inciso II, da Lei 9.636/98, que proíbe ocupações que comprometem o meio ambiente. A Associação de Moradores da Praia da Pinheira já havia pedido à Secretaria de Meio Ambiente de Santa Catarina, à Polícia Federal e à Procuradoria Regional da União da Quarta Região a desocupação da área.

Para o relator do processo no TRF, João Pedro Gebran Neto, a ocupação da área pode ser revogada ou anulada a qualquer momento. Outro argumento é de que a Sociedade Balneária Pinheira, que pode contestar a decisão da Quarta Turma do TRF, não tem “direito líquido e certo de permanecer ocupando terras públicas”.


Lucro da Unimed Curitiba aumenta capital em R$ 27 milhões em 2001
A Unimed Curitiba é uma das cinco maiores do sistema Unimed do país e apresentou um aumento do capital circulante líquido que foi de R$ 27 milhões no ano passado - em torno de R$ 7 milhões a mais do que no ano de 2000, mesmo com o provisionamento de R$ 6,7 milhões para contingências e reservas técnicas que atendem às disposições da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). As sobras (nome dado ao lucro no sistema de cooperativas) foram de apenas R$ 404 mil.

Para o diretor presidente, Marco Aurélio Cravo, que encerra a gestão em março, os números poderiam ser bem melhores se não fosse a carga tributária. “ Atualmente a lei que rege as cooperativas é a mesma. Cooperativa de crédito, agrícola e de saúde pagam os mesmos tributos”, afirmou Cravo.

Além das muitas dificuldades, reflexo de uma panorama internacional e nacional sofridos durante o ano passado, para Cravo os fatores domésticos, como o direcionamento do governo federal diante da necessidade de equilíbrio das contas públicas, impostas pela Lei de responsabilidade Fiscal achataram a situação das empresas e fizeram com que os brasileiros pagassem a conta através da alta carga de impostos. “A Lei de responsabilidade Fiscal é uma ferramenta importante para uma situação de equilíbrio. Mas, o dinheiro está escasso e o governo se ausentou da responsabilidade de prestação de serviços como a saúde”, enfatizou o presidente.

A Unimed Curitiba tem mais de 3 mil médicos cooperados e mais de 25 mil pessoas que direta ou indiretamente, estão envolvidas com a cooperativa. É a 12a. maior empresa por receita do estado do Paraná com 330 mil usuários - sendo 57,2% constituído por pessoas físicas e os 42,8% restantes de pessoas jurídicas; em Curitiba e 11 milhões no Brasil. Segundo as entidades privadas 40 milhões de pessoas, ou seja, ¼ da população brasileira tem plano de saúde. “O plano de saúde desonera o sistema público, é o cidadão que paga mais um imposto que na verdade é um direito constitucional. Esses usuários deixam de usar o serviço público em Curitiba gerando uma economia que no ano passado foi de R$ 57 milhões para os cofres públicos em assistência médica, não considerando os outros planos de saúde”, enfatizou Cravo.

A Unimed é a maior comprado de serviços de assistência médica, no ano passado consumiu R$ 152 milhões em produtos e serviços e R$ 130 milhões em remuneração dos médicos. Cravo disse que a riqueza que circula na cidade é muito grande trazendo um benefício que deveria ser considerado pelo governo através de estimulos às cooperativas. O Sistema Único de Saúde (SUS) é municipalizado e a prefeitura recebe 5% da receita bruta referente ao pagamento do ISS e 0,65% de PIS e 3% de Cofins para o governo federal. “É um abuso que desestrutura o equilíbrio de qualquer empresa, como pagar imposto sobre um valor que não fica na empresa. Cravo afirmou que o poder público está irredutível, as regras da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) faz com que a saída da cooperativa para cumprir todas as exigências seja tornar-se uma empresa financeira, fugindo do seu caráter cooperativo. “O capital de uma cooperativa é a força de trabalho das pessoas, no caso da Unimed, são os médicos”, afirmou Cravo.

Para a Unimed as cooperativas prestam serviços aos cooperados e a atual tributação desconsidera princípios constitucionais utilizando critérios arbitrários. “ A prefeitura não pode querer tributar da forma atual, isso é uma dupla tributação. Os impostos deveriam ser calculados sobre o serviço que a empresa presta,” analisou Cravo. Se a tributação das cooperativas de saúde fossem estimadas dessa forma a tributação da Unimed Curitiba seria sobre o valor de aproximadamente de R$ 32 milhões.

Mesmo assim os números evoluíram e a Unimed passou de um patrimônio líquido em 2000 de R$ 24 milhões para R$ 27 milhões em 2001 e conseguiu com o adiantamento de cinco anos de aluguel de um posto bancário do Banco Real - ABN Amro Bank, adquirir um edifício, no bairro do Tarumã, onde está desde janeiro, instalada a sede da cooperativa, numa área total de mais de 5 mil m2 e que exigiu um investimento de R$ 1,3 milhão. “O bom desempenho que permitiu o equilíbrio financeiro é produto de uma renovação do quadro gerencial e da firme atuação da auditoria e a certificação do Iso 9002 que permitiram o acréscimo de novos clientes, a expansão da receita”. A Unimed Curitiba tem o mais elevado índice de penetração entre as Unimeds que atuam em regiões metropolitanas, com 40% do mercado.

Mas nada disso impediu que os médicos sofreram redução em sua participação no PIB do setor, estimado em cerca de R$ 25 milhões em 2001. O percentual destinado aos médicos já foi de 41% da receita total em 1988 passou para 33% no ano passado e segundo Cravo pode chegar a uma redução de 6% até 2006 passando para 27%.


WG e EugênioMFL se fundem
As agências de propaganda WG, de Florianópolis, e EugênioMFL, de São Paulo, anunciaram ontem que vão fundir-se e formar uma nova empresa. Por enquanto, a companhia, que terá sede na capital paulista, vai chamar-se EugênioWG. A estrutura da agência catarinense será mantida, mas vai funcionar como um escritório regional da companhia. “Antes éramos uma empresa catarinense com sede em Florianópolis e um escritório em São Paulo. Agora somos uma empresa nacional, com uma filial na capital catarinense”, diz Wilfredo Gomes, dono da WG.

Segundo ele, as discussões para a fusão duraram dois meses. “Vimos que ela era importante porque vai aumentar a estrutura das duas empresas e aumentar nosso poder de barganha no momento de negociar contratos. Além disso, permitirá uma redução de custos importante para quem quer manter a lucratividade dos negócios”.

No caso da WG, a fusão surge depois de uma série de más notícias. Nos últimos meses a agência perdeu contas de clientes importantes como a Marisol, a Frangos Macedo e a Intelbrás. Ainda assim, Gomes está otimista. “Esse ano deveremos faturar, juntos, aproximadamente R$ 100 milhões, o que nos colocará entre as 20 maiores do País”. Em 2001 a WG faturou R$ 30 milhões.


Coopervale investe R$ 15 milhões em silos e diversifica produção para gerar renda
Depois de contabilizar recordes de faturamento e receita no último exercício, a Cooperativa Agrícola Mista Vale do Piquiri (Coopervale) começa o ano lançando R$ 15,7 milhões em investimentos para incentivar a diversificação agrícola entre seus produtores. A cooperativa, sediada em Palotina, extremo-oeste paranaense, vai construir uma amidonaria de R$ 6,5 milhões, implantar uma Unidade Produtora de Leitões (PL) de R$ 3,2 milhões e, com R$ 6 milhões, erguer 6 de um total de 42 novos silos.

“A meta é investir em novas opções para gerar mais renda ao produtor”, resume o presidente da Coopervale, Alfredo Lang. No projeto de suínos, este ano serão concentrados esforços apenas na primeira fase, que prevê uma produção de 6 mil cabeças por mês para atender a cota da Cooperativa Central Agropecuária Sudoeste (Sudcoop), a cooperativa central da qual a empresa é afiliada. “Mas, uma vez que cumprida esta etapa, vamos procurar novos parceiros”, afirma. O projeto, que inclui investimentos futuros ainda não definidos, prevê alcançar 28,6 mil cabeças por mês em 4 anos.

A UPL, que será instalada em 200 hectares de Vila Floresta, localidade situada no reflorestamento de 1,22 mil hectares de eucaliptos mantido pela cooperativa, funcionará com duas unidades na Coopervale (um matrizeiro e um avozeiro) e com a produção no campo, nas propriedades de cerca de 40 suinocultores. Os leitões permanecem na empresa até atingirem 21 quilos e, posteriormente, são levados para engorda nas fazendas, até alcançarem de 110 quilos a 120 quilos, o peso ideal para o abate no frigorífico da Sudcoop.

O objetivo é estar produzindo até o final do ano. A Coopervale está interessada em aproveitar a crescente demanda no exterior por carnes brasileiras, na qual o suíno estaria gradativamente acompanhando a já grande procura por frango nacional no mercado externo. No ano passado, o Brasil exportou 265,16 mil toneladas do total de 29,94 milhões de cabeças de suínos produzidas no País segundo dados do Sindicato Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). O Paraná abateu 4,98 milhões de cabeças, o equivalente a 17% da produção nacional.

Paralelamente, a cooperativa está instalando uma central de armazenagem para estocar o excedente da produção de grãos que é levado para os armazéns dos entrepostos localizados em outras cidades, aumentando em mais 252 mil toneladas a capacidade total atual de 774,5 mil toneladas. Para o presidente, o investimento em silos é necessário para atender a crescente demanda nesta área. A empresa recebeu 1,058 milhão de toneladas de diferentes produtos, volume 53% maior que as 691 toneladas movimentadas no exercício anterior. “Além do mais, servirá para escoamento futuro, se a Ferroeste chegar até Guaíra”, observa Lang. Ele diz que a idéia é aproveitar o ramal ferroviário que liga Guaíra à Palotina.

Também este ano a empresa construirá mais uma amidonaria, uma planta para produção de amido de mandioca, um insumo largamente utilizado pelas indústrias alimentícia e de celulose. A previsão é duplicar a produção, processando mais 400 toneladas de raiz por dia. “Além de usar muita mão-de-obra, contribuindo para gera r postos de trabalho, a atividade vem apresentando uma rentabilidade de 2 a 3 vezes maior que a da soja”, explica Lang.

Somente com o negócio da mandioca, a empresa obteve R$ 11 milhões do seu faturamento consolidado de R$ 572 milhões do último ano, 45% mais que os R$ 394 milhões registrados no exercício anterior. O complexo soja e os grãos, de maneira geral, continuam sendo o “carro-chefe” da cooperativa, com uma receita de R$ 288 milhões, a metade do seu faturamento total. Boa parte da expansão de 2001 veio do aumento da produção de aves, cuja unidade passou a operar com um segundo turno e um abate diário de 145 mil cabeças dia, 30 mil a mais que a média do ano anterior.


Artigos

Relações conturbadas entre prestadores de serviços e seus clientes
Valter Portella

As relações entre os prestadores de serviços e seus clientes nunca estiveram tão desgastadas quanto atualmente. Embora se trate de um problema amplo e que atinge diversos setores, vou me concentrar nos acontecimentos que envolvem os profissionais da saúde e sua clientela, por ser a categoria da qual faço parte.

Manifesta-se concentradamente na questão dos pagamentos, embora vá muito além de uma simples questão comercial. Vendo pela perspectiva dos clientes, parece predominar uma bem pronunciada mesquinharia, transparente na disposição generalizada de não pagar os serviços recebidos ou pagar o mínimo possível. Disso se concluiria que a saúde passou a ser um produto barato, conforme um modelo no qual o paciente receberia a melhor das atenções sem comprometer-se com as obrigações financeiras que um consumo qualificado requereria.

O problema ao qual me refiro resulta da não existência desse modelo, o que faz com que as relações estabelecidas resultem conflituosas. Apesar dessa tendência do mercado, a atividade liberal segue sendo um reduto procurado pelo bom profissional que, embasado em sua competência, visa uma remuneração condizente com os serviços qualificados que ele é capaz de prestar, como ocorre com qualquer profissional que atue na área liberal.

Disso tudo resulta a confusão. A clientela não está diferenciando atividade liberal de atividade assistencial, como a que oferece os órgãos governamentais. Vai aos consultórios particulares esperando receber o melhor atendimento, pois tem consciência que não o encontrará na rede pública, mas, ignorando as diferenças, busca o benefício da dispensa de pagamento ou o pagamento mínimo, como se estivesse numa unidade sanitária ou num serviço assistencial comunitário.

A preocupação em poupar, gastar o mínimo possível, evitando qualquer desbordamento tipo gastança são racionalizações que utilizam para encobrir a verdadeira intenção de obter o serviço ou o produto desejado sem nada gastar. Ora, não vivemos num paraíso socialista e tampouco este tipo de sociedade existe. Os serviços particulares fazem parte do modelo de sociedade na qual vivemos, necessitando por isso serem consumidos como tal, sem confusões nem mal-entendidos. Mas é provável que o governo tenha sua parcela de responsabilidade. Senão, vejamos.

Ao criar o SUS, que paga absurdos dois reais e cinqüenta centavos pelo procedimento médico mais importante, a consulta médica, ele está sugerindo ao mercado uma valorização para o serviço médico que, embora fira o bom senso, acaba sendo assimilado. Ao se omitir diante do avanço das entidades que se atravessam, intermediando as relações entre médicos e pacientes, ele colabora, reforçando a tendência a remunerar estes profissionais por baixo, pois estas empresas os contratam por preços não condizentes com os serviços que os obrigam a cumprir, seja nos postos de atendimento que mantém ou os credenciando para atender nos seus consultórios, num simulacro de atendimento privado.

Nesse caso, estão valendo-se de uma conjuntura, também favorecida por órgãos governamentais, no caso os vinculados a formação de profissionais de nível superior, ao permitir a proliferação indiscriminada de faculdades de medicina, que acabam lançando no mercado profissionais mal preparados e em número excessivo, desconhecendo com essa prática as recomendações da Organização Mundial de Saúde sobre as porcentagens adequadas de médicos e populações a serem assistidas.

Assim, com o excesso de médicos no mercado, lutando entre si por uma oportunidade de trabalho e com a população, que já tem suas próprias preocupações com a sobrevivência pessoal, consciente destas vicissitudes, surge a tendência do médico aviltar-se e do cliente tirar alguma vantagem.

Já vivenciei ou ouvi todo o tipo de ocorrências sugestivas da existência desse propósito, relacionando pacientes e médicos ou serviços de saúde. Pessoas em todos os aspectos respeitáveis, dispondo de recursos materiais e convênios com entidades assistenciais, que não precisariam nem deveriam, por uma questão ética, valer-se da rede pública de saúde, uma vez que ela existe para atender à população carente, mas que, para não pagar, não se constrangem em obter uma ficha e aguardar serem chamados para uma simples consulta ambulatorial, tem se tornado ocorrência comum e, com a freqüência, não mais constrangedora. Ao lhes receitar alguma medicação, eles sempre perguntarão se não é possível receitar algum remédio disponível na farmácia da unidade, novamente para não gastar.

Nos hospitais, muitos assumem dívidas e nunca mais aparecem para efetuar o pagamento, outros escondem a posse de convênios com entidades assistenciais para beneficiar-se (?) do atendimento via SUS. Entretanto, estas mesmas pessoas seguem fazendo investimentos, alguns vultuosos, em outras áreas de consumo, como aquisição ou construção de moradias, de veículos e na educação particular para seus filhos. Estas pessoas estão transgredindo valores éticos, morais e aproximando-se da ilegalidade, mas, o que me causa a maior surpresa, é que elas não estão se dando conta do que estão fazendo e muitas até confiam na lisura de suas atitudes.

É aqui que queria chegar, nessa consciência alterada da realidade das relações entre médicos e pacientes que está alcançando, em alguns momentos, um clima de grande tensão. Pois é evidente que os médicos acabam entrando no conflito, assumindo sua parcela de responsabilidade na manutenção desse problema pois, afinal, a realidade difícil endurece e insensibiliza a todos. Resulta daí um conflito de interesses, motivado pela disposição de cada parte de tentar levar vantagem sobre a outra.

Embora os cidadãos tenham conhecimento dos preços aviltados com que os médicos têm sido pagos, ainda assim esse conhecimento não é capaz de desfazer a concepção fantasiosa criada em torno dos rendimentos destes profissionais. Para grande parcela da população, os médicos “ganham muito bem”.

Esta é uma visão idealizada, responsável pela criação de mitos e visões distorcidas destes profissionais.
A esse respeito, cabe mencionar a crença de muitos munícipes que os médicos são pagos para trabalhar no hospital da cidade, fonte imaginária da riqueza também imaginária atribuída a estes profissionais. Ora, não é nada disso, os médicos são apenas credenciados para prestarem atendimento aos pacientes que procuram o hospital e somente são remunerados se efetivamente atenderem aos pacientes, que podem ser particulares (raríssimos casos), associados à Unimed (poucos casos) ou pacientes genericamente carentes (a grande maioria).

Disso tudo, conclui-se que o elemento essencial da relação médico-paciente perdeu-se por aí. A confiança no trabalho médico cedeu lugar à desconfiança, passando este sentimento a presidir as relações entre as partes, que possibilitou o desenvolvimento de um contexto no qual a preservação da verdade, o verdadeiro alicerce dessa relação e que deveria regular todos os atos que levam a constituição de uma atividade terapêutica conseqüente, tornou-se mera encenação, simulação de comportamentos que nenhuma das partes desconhece, mas que hipocritamente prevalece como se fosse a própria verdade.


Colunistas

NOMES & NOTAS

Superávit
Pelo terceiro ano consecutivo, a Fundação CEEE, do Rio Grande do Sul, um dos maiores fundos de pensão da Região Sul, obteve superávit atuarial em seu fundo garantidor de benefícios previdenciários, chegando a R$ 63,7 milhões, em 2001. Esse resultado é fruto do desempenho dos investimentos em renda fixa e renda variável da instituição. Apesar de ter sido um ano bastante conturbado no mercado financeiro devido à fatores como a crise energética, o colapso da Argentina, o atentado ao World Trade Center e a guerra no Afeganistão, a carteira de ações da Fundação CEEE fechou 2001 com um rendimento muito superior ao IBOVESPA, alcançando 1,06%, enquanto a Bovespa teve um rendimento negativo de 11,02%. Parte da carteira de renda fixa foi mantida em papéis pré-fixados a taxas extremamente atrativas, equilibrando o resultado obtido na carteira de ações, o que garantiu uma rentabilidade de 15,49%. Nem mesmo a instituição do Regime Especial de Tributação, retroativo a setembro do ano passado e a negociação dos impostos atrasados, contestados pelos fundos de pensão, abalou o desempenho da Fundação CEEE. De acordo com o presidente da Fundação CEEE, Ronaldo Vieira, o resultado obtido em 2001 demonstra o alto grau de profissionalismo da Fundação, solidificando sua posição de vanguarda entre os fundos de pensão no país, mesmo em cenários adversos como foi o do ano passado.

Mercado de Trabalho
A Fundação de Economia e Estatística (FEE), a Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS) e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) divulgam, hoje pela manhã, na Secretaria de Estado do Trabalho, Cidadania e Assistência Social (STAS), o desempenho do mercado de trabalho na Região Metropolitana de Porto Alegre em 2001. A PED/RMPA é resultado do convênio entre a FEE, Dieese, FGTAS/Sine e a Fundação Seade de São Paulo.

Gramadosite
A Prefeitura de Gramado, na Serra gaúcha, realizou um processo de licitação e escolheu a página “Gramadosite” como o site oficial do município. A partir de março, o site apresentará grandes novidades. “Teremos um novo lay out e matérias atualizadas nas mais diversas áreas: cultura, turismo, eventos, educação, literatura, esportes, negócios, arquitetura, hotelaria, gastronomia, serviços e outros”, destaca o diretor da empresa Hy Company, que mantém o site, Francisco Miralha. Uma das grandes vantagens é de que os turistas terão acesso a qualquer tipo de informação. Além disso, “a comunidade poderá se ver na rede”. Depois de cinco anos no ar, hoje são 20 mil acessos diários. “Com essa demanda, sentimos a necessidade de disponibilizar mais informações e com qualidade”, explica.

Aliança rachada
“Sou o guardião da aliança”. Com essa frase, o governador paranaense, Jaime Lerner (PFL), deixou claro ontem que pretende reeditar este ano a coligação de partidos que o elegeu em 1998 –PFL, PSDB, PTB e PPB. Foi um recado ao deputado federal e ex-ministro Rafael Greca, que insiste em ser o candidato do PFL ao Palácio Iguaçu. Nos bastidores, Lerner defende que o partido ocupe o cargo de vice numa chapa encabeçada por Beto Richa (PSDB). O PPB também insiste no discurso de candidatura própria. O quarto elo da aliança, o PTB, está dividido entre apoiar Richa ou Alvaro Dias (PDT).


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02/27/2002


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