PFL atende Roseana e rompe aliança de 8 anos com FHC









PFL atende Roseana e rompe aliança de 8 anos com FHC
O PFL anunciou ontem o rompimento de uma aliança política de quase oito anos com o governo Fernando Henrique Cardoso. A aliança com o então candidato FHC foi firmada entre PFL e PSDB no dia 2 de maio de 1994. O casamento se desfaz hoje, em reunião da Executiva do partido.

"Vamos romper com a base do governo. Integrantes do partido de qualquer escalão vão devolver seus cargos, e o partido tomará uma atitude de independência nas votações, mas nunca contra o país", disse ontem em entrevista o presidente do PFL, o senador licenciado Jorge Bornhausen (SC).

Prestigiada pela decisão do partido, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, comemorou. Anteontem, havia feito um ultimato ao PFL, ameaçando desistir de sua candidatura à Presidência caso o partido não rompesse com o governo: "Ouvi das bancadas um apoio muito grande. Se for amanhã [hoje" a decisão assim, serei, sim, a candidata do partido à Presidência", disse a governadora.

A estratégia pefelista inclui uma declaração de guerra à pré-candidatura presidencial do tucano José Serra. "Destruíram todas as pontes para uma aliança", dizia ontem o senador José Sarney (PMDB-AP), resumindo o tratamento que o PFL deve destinar a Serra. No mesmo dia do ultimato de Roseana, Bornhausen disse a FHC que, na hipótese da inviabilização de Roseana, não vê mais chance de aliança com Serra. O veto foi transmitido pelo telefone, no intervalo de reuniões com Roseana e as bancadas do PFL no Congresso.

Entre os serristas, a orientação ontem era pressionar FHC para assegurar que a saída do PFL do governo seja "de ponta a ponta". Isto é: que o partido perca de fato os cargos que possui também nos segundo e terceiro escalão.

A intenção dos pefelistas é deixar os três ministérios que ainda têm e colocar à disposição de FHC cerca de 2.000 cargos na administração direta e indireta do governo.

A crise deflagrada pela decisão do PFL fez com que FHC antecipasse sua volta ao país. Momentos antes de embarcar no Panamá, no final da tarde de ontem, o presidente falou ao telefone com Serra. Descartou a hipótese, que circulou durante todo o dia em Brasília, de uma renúncia coletiva ou mesmo de uma reforma ministerial ampla neste momento.

A permanência de Aloysio Nunes Ferreira na Justiça virou um ponto de honra para o grupo serrista e teria sido garantida pelo presidente. Pivô da crise entre os partidos, Aloysio é acusado especialmente pelos Sarney de ter facilitado o vazamento de informações da busca e apreensão, pela Polícia Federal, de documentos e dinheiro na Lunus, empresa sediada em São Luís dela e do marido, Jorge Murad, gerente de Planejamento do Maranhão.

Mesmo rompendo formalmente com o governo, o PFL procura deixar uma porta aberta com o presidente. A sigla tende a adotar uma atitude "light" em relação a FHC e "hard" em relação a Serra. O partido promete, por exemplo, dar os votos necessários à aprovação de projetos de maior interesse do Planalto, como a prorrogação da CPMF, o imposto do cheque.

Na nota em que vai oficializar o rompimento com o governo, o PFL deve falar em risco de "mexicanização" do Brasil, numa alusão indireta ao que considera uma tentativa do governo federal de eleger Serra a qualquer custo.

No México, o PRI (Partido Revolucionário Institucional) manteve o poder durante 71 anos (1929-2000) à custa de uma máquina política, econômica e midiática que inviabilizou alternativas de poder. O partido foi acusado de maquiar o resultado de eleições para vencer.

Pesquisa telefônica encomendada pelo PFL captou uma pequena queda na intenção de voto (de dois pontos percentuais) de Roseana devido ao episódio Murad. Na última pesquisa Datafolha, antes da operação da PF, Roseana estava tecnicamente empatada na liderança da disputa com Luiz Inácio Lula da Silva, do PT.


Tucanos abortam idéia de renúncia coletiva
A cúpula do PSDB abortou ontem articulação -atribuída ao PFL- de renúncia coletiva dos ministros do governo Fernando Henrique Cardoso. Para os tucanos, a renúncia valorizaria a decisão de rompimento do PFL com o governo e puniria o ministro Aloysio Nunes Ferreira (Justiça), apontado por pefelistas como responsável pelo vazamento de informações desfavoráveis à pré-candidatura da pefelista Roseana Sarney ao Planalto.

"Isso não tem pé nem cabeça", afirmou o líder do PSDB na Câmara, Jutahy Júnior (BA), depois de reunião com o ministro tucano Pimenta da Veiga (Comunicações) e o presidente do partido, deputado José Aníbal (SP).

Durante a reunião, o ministro Arthur Virgílio (Secretaria Geral da Presidência) telefonou para Pimenta pedindo explicações sobre a proposta. Pimenta, que falou com FHC por telefone, afastou essa possibilidade. O pré-candidato José Serra também se opôs à idéia.

Congressistas que estiveram no Ministério das Comunicações disseram que o assunto foi discutido. Para os tucanos, com a demissão de Aloysio, pareceria que o PSDB está acuado com a possibilidade de o PFL deixar o governo. Além disso, avaliam, a saída dele seria uma demonstração de que o governo teve participação na operação de busca e apreensão de documentos na empresa da governadora do Maranhão, Roseana Sarney, e de seu marido, Jorge Murad, na última sexta.

A operação foi realizada pela Polícia Federal, vinculada ao Ministério da Justiça, e o PFL responsabiliza Aloysio pela ação.

A cúpula do PSDB aposta no poder de convencimento de FHC para acalmar o PFL. Entre os tucanos a expectativa era que o PFL deixaria os ministérios, mas continuaria apoiando votações de interesse do governo no Congresso. Em contrapartida, não perderia os cargos no segundo e terceiro escalões.


FHC antecipa volta ao país e descarta reforma ministerial
Anteriormente presidente chegou a dizer que crise com PFL era "tempestade em copo d'água”

Dois dias depois de chamar de "tempestade em copo d'água" a crise na base governista, o presidente Fernando Henrique Cardoso, que estava no Panamá, decidiu voltar às pressas para o Brasil devido ao rompimento anunciado pelo PFL. FHC deixou o Panamá ontem. Sua chegada a Brasília, anteriormente prevista para as 18h de hoje, deveria ocorrer à 1h.

Em Brasília, congressistas e políticos cogitavam a hipótese de o governo aproveitar a saída dos ministros do PFL para fazer uma reforma ministerial. Mas, pouco antes de embarcar, FHC falou por telefone com o pré-candidato tucano à Presidência, José Serra, e descartou a hipótese.

O ministro Pimenta da Veiga (Comunicações) também negou a possibilidade. "Essa hipótese não está descartada porque nem foi cogitada", afirmou.

Em menos de 24 horas em solo panamenho, FHC telefonou pelo menos duas vezes para o vice-presidente Marco Maciel. Queria ter informações sobre a reação do PFL e discutir com Maciel soluções para a crise. Em conversa com assessores, o presidente demonstrou perplexidade com o "desembarque" do PFL do governo. O partido sempre foi considerado por FHC um aliado fiel nas votações mais difíceis que o governo enfrentou no Congresso.

Sobre a ameaça de que o PFL impeça a aprovação da prorrogação da CPMF (o imposto sobre o cheque), o presidente disse que seus apelos são dispensáveis. "Eu tenho a palavra do PFL de que a CPMF será aprovada", afirmou.

Segundo FHC, "o PFL tem responsabilidade nacional. Saberá superar essas dificuldades tendo em mira um objetivo maior".

Apoio a Aloysio
Os tucanos decidiram fazer um "cordão de isolamento" em torno do ministro da Justiça, Aloysio Nunes Ferreira. O objetivo é mostrar que o PSDB apóia o ministro e que ele não perdeu força devido às acusações dos pefelistas de que ele tenta prejudicar a governadora Roseana Sarney (P FL-MA).

A cúpula tucana se reuniu ontem, antes do anúncio do PFL de que romperia a aliança com o PSDB. Durante a reunião, o ministro Arthur Virgílio (Secretaria Geral) chegou a telefonar para Pimenta -que conversara com FHC- para falar sobre os rumores da reforma ministerial.

Após o encontro, o líder do PSDB na Câmara, Jutahy Júnior (BA), afirmou: "Isso não tem pé nem cabeça". Mas congressistas que estiveram no Ministério das Comunicações disseram que o assunto foi discutido.
Para os tucanos, a reforma e o eventual desembarque de Aloysio do ministério daria a entender que o PSDB estaria acuado com a possibilidade de o PFL deixar o governo. Além disso, avaliavam, a saída dele seria uma demonstração de que o governo teve participação na operação de busca e apreensão de documentos na empresa de Roseana e seu marido, Jorge Murad.

A operação foi realizada pela Polícia Federal, vinculada ao Ministério da Justiça, e o PFL responsabiliza Aloysio pela ação.

Entre os tucanos a expectativa era que o PFL continuaria apoiando votações de interesse do governo. Virgílio afirmou: "O presidente espera que o PFL reveja a sua posição, mas o governo não vai se pautar em função [sic] do PFL".


"Divórcio" do PFL pode unir PMDB e PSDB
Em meio aos seus graves problemas internos, o PMDB teve ontem um motivo para comemorar. A decisão do PFL de rompimento com o governo de Fernando Henrique Cardoso, mas declarando guerra a José Serra, abre uma avenida para o partido tentar se firmar como o aliado preferencial dos tucanos na sucessão e num eventual futuro governo.

A maioria do grupo governista, que controla a cúpula do partido, é favorável a uma aliança com o pré-candidato do PSDB à Presidência. Com a ruptura entre PFL e PSDB, o PMDB julga que os tucanos se esforçarão para obter o apoio peemedebista na eleição. Leia-se: receber o tempo de TV do PMDB, o terceiro maior partido, em troca do cargo de vice e de alianças vantajosas nos Estados.

A análise dos dirigentes peemedebistas é que Serra precisará do partido para resistir ao bombardeio do PFL. O partido de Roseana Sarney, governadora do Maranhão e pré-candidata pefelista ao Planalto, quer minar o tucano.

Mais: a decisão da Justiça Eleitoral de obrigar os partidos a seguir a aliança presidencial nas coligações nos Estados abre a perspectiva, hoje improvável, de o partido não se alinhar a nenhum postulante ao Planalto para liberar as composições regionais.

Essa possibilidade ainda dependerá de uma resposta da Justiça Eleitoral, mas será explorada pelo PFL. Roseana, que sabe ser difícil uma aliança com o PMDB, vai pressionar o partido a não lançar candidato para enfraquecer Serra e fortalecer os grupos peemedebistas interessados em se coligar aos pefelistas nos Estados.
Na guerra interna, o desafio imediato do grupo pró-FHC do PMDB é vencer a ala oposicionista, que surpreendeu ao atingir o quórum necessário numa contestada pré-convenção no final de semana em São Paulo. Reunidos ontem no escritório do ministro Ney Suassuna (Integração Nacional), os governistas temiam não conseguir quórum maior para o seu encontro, uma pré-convenção amanhã em Brasília.

De qualquer forma, haverá batalha jurídica para saber qual pré-convenção é válida. Se não conseguirem, os governistas terão dificuldade para se aliar a Serra.


Na TV, Serra procura se associar a FHC
Com ênfase na idéia de "continuidade sem continuísmo", críticas indiretas a Roseana Sarney e boa parte do tempo dedicada a falar de sua vida na política e suas realizações no governo de Fernando Henrique Cardoso, o senador José Serra estrelou ontem o programa partidário do PSDB na TV, com 20 minutos de duração.
Baseado no crescimento da popularidade do presidente -na última pesquisa Datafolha, obteve 31% de bom/ótimo-, o programa procurou associar a candidatura de Serra à imagem de FHC.

"Se o Fernando Henrique me apóia, é porque sabe que vou manter as coisas boas. Sabe também que vou promover correções e mudanças no que for necessário", afirmou o pré-candidato.

O apresentador do programa e a melodia do jingle tocado foram os mesmos utilizados na propaganda eleitoral de FHC em 98.

Serra falou das realizações do governo tucano, enfatizando que "ainda há muito a ser feito" e que é preciso "corrigir os erros".

Com o slogan "se fosse fácil, alguém já tinha feito", foram citadas algumas obras do governo de Fernando Henrique Cardoso, como o Bolsa-Escola e a privatização da telefonia, além das obras de Serra no Ministério da Saúde.

As críticas indiretas à governadora Roseana Sarney (MA), pré-candidata do PFL à Presidência, vieram de citações ao período de governo de seu pai, o ex-presidente José Sarney.

"O país começa finalmente a pagar a enorme dívida social com seu povo. Olha, isso não significa em absoluto que a gente tenha chegado lá. [..." Mas o Brasil que estamos construindo é muito diferente daquele país perdido na inflação de 80% ao mês de alguns anos atrás", afirmou Serra.

O pré-candidato também rebateu críticas sobre sua suposta "falta de carisma": "Não basta ser bom de discurso ou ser simpático [para fazer o Brasil crescer"".

A propaganda falou ainda dos fundadores do PSDB. Ao som de um samba, foram mostradas imagens de Teotonio Vilela, André Franco Montoro e Mário Covas, entre outros. O programa foi dedicado a Covas, morto há um ano.


Justiça nega a quebra de sigilos de empresa de Roseana e Murad
A juíza Ednamar Silva Ramos, da 2ª Vara da Justiça Federal no Tocantins, decretou a quebra do sigilo bancário das empresas Agrima Agricultura e Comércio e Nova Holanda Agropecuária, mas negou a quebra de sigilo da empresa Lunus Participações, de propriedade da governadora Roseana Sarney e de seu marido, Jorge Murad.

Roseana pediu ontem ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) que suspenda o inquérito que gerou a operação de busca e apreensão de documentos na empresa Lunus.

O Ministério Público deverá pedir novamente a quebra do sigilo bancário da Lunus após a análise dos documentos apreendidos no escritório da empresa em São Luís, desde que sejam encontradas provas de ligações entre a Lunus e a Nova Holanda, que toca um projeto de R$ 33 milhões financiado pela Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia).

Além de buscar provas de ligações entre a Lunus e a Nova Holanda, o Ministério Público também busca provas de envolvimento de Murad com o projeto Usimar, que desviou R$ 44 milhões da Sudam.

A Justiça Federal abriu processo em dezembro contra 40 pessoas acusadas de participação no caso Usimar, entre elas Roseana e Murad. Murad é acusado de pressionar o representante do Ministério da Fazenda no Condel (Conselho Deliberativo da Sudam), José Barroso Tostes Neto, a aprovar o projeto, apesar das irregularidades apontadas. Tostes votou contra.

A quebra do sigilo bancário da Lunus, da Agrima e da Nova Holanda foi pedida pelo Ministério Público em Tocantins no dia 22 de fevereiro, juntamente com o pedido de busca e apreensão de documentos nos escritórios dessas empresas. No dia 23, a juíza Ednamar atendeu os pedidos de busca e apreensão e a quebra do sigilo bancário da Agrima e da Nova Holanda.

O Ministério Público suspeita que a Lunus mantenha um contrato de gaveta com a Agrima, embora tenha deixado oficialmente essa empresa em 1994. A partir daquele ano, Roseana -sócia majoritária da Lunus- não poderia ser sócia de um projeto beneficiado com recursos da Sudam porque foi eleita governadora do Maranhão.

A PF descobriu que o empresário Aldenor Cunha Rebouças, dono do escritório de consultoria AC Rebouças -responsável técnico pelo projeto Usimar- era na prática o controlador das seis empresas "offshore" criadas no paraíso fiscal da Ilhas Virgens.

D ocumentos apreendidos no escritório AC Rebouças, em setembro de 2001, comprovam a criação das seis empresas "offshore" e mostram que elas são administradas pela AC 2020, Administração e Participações, que tem como presidente Aldenor Cunha Rebouças.


Artigos

Bush está certo
Clóvis Rossi

SÃO PAULO - Não contem comigo para engrossar o já ensurdecedor coro de críticas a George Walker Bush pela decisão de aumentar a proteção ao aço norte-americano.

Bush fez o que todo presidente digno desse nome faria: defendeu o que considera o interesse de seu país. Mais concretamente: defendeu empregos na indústria do aço dos Estados Unidos.

Só há uma maneira razoável de criticar a decisão de Washington: demonstrar que ela não defende o interesse nem da economia norte-americana nem dos trabalhadores do aço (é possível que, com a decisão de Bush, suba o preço interno do aço e, por extensão, fiquem prejudicados todos os setores que dele dependem em sua cadeia produtiva).

O resto foge do foco. Dizer que Bush faz um discurso pró-livre comércio e, na prática, age de outra maneira é redescobrir a pólvora. Desde que o mundo é mundo, os países ricos atuam dessa maneira.

Condenar Bush por violar os sagrados princípios do liberalismo é confundir economia com religião. Vamos ser honestos pelo menos uma vez na vida: essa história de livre comércio como ideologia só existe em "papers" acadêmicos.

Na vida real, cada país adota o livre comércio apenas na exata medida de suas necessidades e de sua força para impor medidas protecionistas a seus próprios produtores.

De todo modo, a grita contra Bush e a sua cortina de aço tem uma utilidade: mostra como o Brasil deve negociar a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) e também a chamada Rodada de Doha, da Organização Mundial do Comércio.

Só deve ceder mercado à proporção que seus parceiros o façam. Jamais pela cantiga de ninar que diz que bonito é liberalizar o comércio. Bonito é defender os interesses do país. O resto é bobagem -o que fica agora evidente até para aqueles que babam na gravata ante tudo o que os EUA fazem ou dizem.


Colunistas

PAINEL

Fidelidade tem limite
Ao mesmo tempo em que decidiu deixar o governo, o PFL deu o seguinte recado a Roseana: se os documentos apreendidos no MA trouxerem fortes indícios contra a governadora ou se ela despencar nas pesquisas, o partido buscará outro caminho.

Palavra de candidata
Em reunião na noite de anteontem com Jorge Bornhausen, Roberto Brant e José Sarney, Roseana afirmou que não há nada contra ela nos documentos apreendidos pela PF. Disse que o PFL pode apostar em sua candidatura, sem riscos.

Rota de fuga
Por via das dúvidas, o PFL quer manter uma porta aberta com o PSDB para negociar um eventual plano C, já que não aceita José Serra.

Valsa da despedida
De Cesar Maia (PFL-RJ), explicando a redução no tom dos ataques ao PSDB e o recuo de José Sarney em discursar contra FHC: "A decisão ganha dimensão e densidade quando serena. Assim como boas leis, boas decisões políticas são tomadas em ritmo de valsa e não de rock".

Bater na mesa
Líderes tucanos queriam que FHC se antecipasse e demitisse todos os pefelistas antes de o PFL anunciar a saída do governo. Vellozo Lucas, prefeito de Vitória (ES), e Alberto Goldman estão entre os "radicais".

Várias frentes
Inocêncio de Oliveira (PFL-PE) avisou ao PT que, a partir de hoje, o partido poderá concordar com o bloco de oposição a respeito de um decreto legislativo na Câmara que derrube a verticalização das coligações.

A perder de vista
O escândalo da Sudam, que fez Jader (PMDB) renunciar, afetou FHC de outra forma. Ele deixará a Presidência sem inaugurar a Ferronorte, menina dos olhos no setor ferroviário. A obra ficou atrasada por causa da suspensão das verbas da Sudam.

Tribunal imprevisível
O PT tem dúvidas sobre fazer alianças regionais com partidos que se mantenham à margem da eleição presidencial. Acredita que o TSE só vá decidir sobre a validade desse tipo de coligação após agosto, quando as chapas não poderão mais ser modificadas e acabariam impugnadas.

Meses de chumbo
José Genoino (PT), candidato ao governo de São Paulo, desistiu de ter um vice do PMDB: "Depois do AI-45 [número do PSDB" baixado pelo TSE, é melhor não arriscar".

Fila da água
Marta Suplicy pediu ontem a Lúcio Alcântara (PSDB-CE), presidente da Comissão de Economia do Senado, ajuda para aprovar um empréstimo internacional para obras de combate a enchentes. Na semana passada, o senador ouviu o mesmo pedido de Geraldo Alckmin.

Cadeira vermelha
Aldo Rebelo (PC do B-SP) foi eleito ontem presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados. A escolha de um comunista para o cargo gerou protestos da direita.

Dengue no ar
Sucessor de José Serra no Ministério da Saúde, Barjas Negri fará amanhã um pronunciamento em cadeia regional de rádio e TV no Rio de Janeiro.

Violência no campo
Agripino Lima (PTB), prefeito de Presidente Prudente (SP) que ameaçou "matar a tapas" o líder do MST José Rainha, foi ouvido no inquérito policial que apura uma chacina de posseiros ocorrida no início da semana na porteira de sua fazenda no município de Pedro Gomes (MS).

Ameaça e morte
A polícia tomou o depoimento de Lima, mas não o indiciou. A família assassinada -dois adultos e duas crianças- ocupava a fazenda do prefeito. Parentes denunciaram à imprensa que fazendeiros da região fizeram ameaças de despejo. O prefeito negou participação no crime.

TIROTEIO

De Roberto Requião (PMDB), sobre a crise PSDB-PFL:
- A Roseana Sarney é a "tigrona" e o PFL é a "tchutchuca" [gíria do funk para mulher meiga e submissa] do presidente Fernando Henrique.

CONTRAPONTO

Luva de pelica
O deputado federal paulista Ricardo Berzoini (PT) vivia queixando-se a seus colegas de bancada de que a maioria dos taxistas de SP é malufista.
- É impossível entrar num táxi sem ouvir elogios a Maluf - reclamava Berzoini.
Certo dia, ele pegou um táxi e descobriu que o motorista era petista. Empolgado, decidiu que chamaria o motorista toda vez que precisasse de um táxi em SP. No meio da polêmica tentativa de aliança entre o PT e o PL, o deputado quis saber a opinião do taxista petista:
- E aí, o que você acha da coligação com o PL?
- A grande vantagem é que aumenta nosso tempo de TV - respondeu o motorista.
- E você acha que isso é importante?
- É muito importante porque vamos precisar de bastante tempo para explicar essa coligação ao eleitor.


Editorial

VOTAÇÕES NO CONGRESSO

As dificuldades para aprovar a emenda que prorroga a cobrança da CPMF na Câmara revelam que o velho "rolo compressor" do governo está parando. Com a decisão do PFL, de impedir a votação nesta semana, o recolhimento do imposto do cheque deve ser suspenso, ao menos temporariamente, em 16 de junho: provavelmente não haverá tempo para que os deputados votem o texto em segundo turno e que o Senado aprove a emenda a tempo de evitar a interrupção da cobrança.

Ao que tudo indica, a proposta tem boas chances de ser aprovada. A manutenção do tributo interessa a todos os candidatos a presidente. Apesar disso, a manutenção da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira só será autorizada a toque de caixa no Senado porque o governo federal decidiu retirar do rol de prioridades o projeto que altera a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Ora, essa concessão não foi devidamente esclarecida.

O governo insistiu em aprovar esse projeto a todo custo no ano passado, trancando a paut a da Câmara por três semanas e atrasando a votação de temas prioritários, como o Orçamento Geral da União e as mudanças no Imposto de Renda. Neste ano, após gastar uma verba estimada em R$ 2,5 milhões numa campanha publicitária a favor de sua aprovação, o governo retirou a urgência da proposta, num acordo informal com os senadores. Agora, sabe-se lá quando isso será votado, se é que será votado.

De duas, uma: se a flexibilização das leis trabalhistas era e é prioritária, o governo não poderia ter cedido -ainda mais para aprovar uma emenda, a da CPMF, sobre a qual existe praticamente consenso no Congresso. Mas, se o projeto que altera a CLT não é nem nunca foi prioritário, não havia razões para tanto estardalhaço em torno dele, muito menos para torrar dinheiro público em campanhas inócuas. Por ora, o segundo equívoco é o mais provável.


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03/07/2002


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