Pioneirismo em testes de embalagem marca 25 anos do Centro de Tecnologia



Exemplo de parceria pública e privada, centro quer levantar fundos para se aparelhar melhor e acompanhar novas tendências do setor

O Centro de Tecnologia de Embalagem (Cetea) de Campinas completa neste mês 25 anos de atividade. Para festejar a data, aproveitou para lançar campanha de arrecadação de R$ 7 milhões, até 2015, com seus associados da iniciativa privada. Os recursos servirão para obras de melhoria nos laboratórios, compra de novos equipamentos e ampliação dos espaços utilizados na pesquisa de novos métodos de testes em embalagem. O aporte irá se somar à verba regular que gira em torno de R$ 6 milhões por ano, proveniente dos cofres públicos e dos parceiros privados.

A idéia é aparelhar ainda mais o centro – que integra o Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento – para enfrentar novos desafios tecnológicos do setor nos próximos anos. O Cetea é uma das instituições brasileiras mais importantes na área de teste, análise e pesquisa de embalagens industriais de plástico, celulose (papel, papelão), vidro, metal, madeira etc.

O coordenador do Cetea, engenheiro Assis Euzébio Garcia, ressalta que o programa 2015 é o terceiro empreendido pelo centro desde sua criação em 1982. O primeiro ocorreu nessa época, com injeção de recursos estaduais e de órgãos federais, como a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

O dinheiro serviu para montar uma instituição especializada em embalagem que atendesse à demanda da época, dentro dos preceitos estabelecidos pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

No segundo passo, em 1993, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) liberou verba para expandir a infra-estrutura. Com os novos recursos, lembra Garcia, o Cetea adquiriu equipamentos modernos para seus laboratórios.

Nanotecnologia

O mesmo tipo de procedimento (modernizar-se para acompanhar tendências tecnológicas) deve se repetir nos próximos anos, por isso a necessidade do Cetea 2015. “Técnicas inovadores e complexas surgem a todo momento no mercado de embalagens, como a utilização de materiais da nanotecnologia, por exemplo”, explica.

Órgão colegiado

O centro é um exemplo ilustrativo de como instituições públicas e privadas trabalham em conjunto pelo desenvolvimento do setor produtivo. Aproximadamente 170 organizações (fabricantes de embalagens e de alimentos, bem como suas entidades representativas) são associadas e contribuem para o Cetea. A contrapartida é o desconto de 20% nos custos dos testes e análises efetuados nos laboratórios do centro.

A utilização dos recursos é acompanhada pelo conselho de 26 representantes da Secretaria de Agricultura, do governo federal e dos associados contribuintes. Entre as organizações com assento no colegiado encontram-se a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), o Ministério da Ciência e Tecnologia, a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia), a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), a Associação das Indústrias Automáticas de Vidro (Abividro), a Associação Paulista de Supermercados (Apas), entre outras.

Quando foi criado, o Cetea tinha como coordenador de pesquisa o atual diretor do Ital, Luis Madi. “Na década de 70, o mundo inteiro já estudava a importância de desenvolver embalagens cada vez mais seguras e menos agressivas ao meio ambiente”, lembra-se Madi. Ele cita como exemplo o Pnud, programa de extrema importância nos primórdios do centro de embalagem do Ital. Madi informa que o Cetea responde hoje por 1/3 das atividades do Ital, que agrega outras oito unidades técnicas em Campinas. Tem como vizinhos a Apta e o Instituto Agronômico (IAC).

Acreditação e pioneirismo

Na década de 90, o Cetea foi pioneiro ao realizar testes de embalagens oriundas por um plástico que conquistaria o mundo: o PET – polietileno tereftalato. Nessa época, o Brasil ganhava a primeira fábrica do material. Hoje, a unidade do Ital é acreditadora (órgão que fornece avaliação e certificação de qualidade em sua área de atuação) em testes de embalagens.

De olho na qualidade

O Cetea é formado por dez laboratórios, em que trabalham 62 pesquisadores e técnicos de análise. O centro se divide em três gerências: embalagens plásticas e relações com o meio ambiente, embalagens metálicas e de vidro e aquelas utilizadas em transporte.

Entre os diversos testes, Garcia menciona os mecânicos (resistência a queda, tensão, tração), químicos (reação do produto com a embalagem) e físicos (ensaios necessários para se fabricar a embalagem).

No Laboratório de Microscopia, a futura engenheira de alimentos Beatriz Soares explica que seu trabalho é detectar trincas, corrosões e materiais estranhos em embalagens de metal e plástico. Atualmente, analisa um enlatado de carne enviado pelo fabricante que deseja detectar eventuais problemas em seu produto alimentício.

O Laboratório de Permeabilidade é especializado na detecção de O2 (oxigênio) e água que atravessam a embalagem e chegam ao produto. O oxigênio, assegura Assis, é um dos maiores vilões porque ataca a gordura e altera o sabor do alimento.

Já no Laboratório de Embalagens de Transporte é feita a simulação de todos os impactos por que passam os produtos num veículo. São testes de vibração, queda livre e compressão (empilhamento máximo). O engenheiro e pesquisador Tiago Dantas, que trabalha com eletrodomésticos e alimentos, testou até embalagens de motocicletas e de minas submarinas, para a Marinha. “Mas sem as bombas”, ressalva.

Por Otávio Nunes, da Agência Imprensa Oficial

(C.C.)



11/24/2007


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