Polícia ambiental lança campanha para prevenir acidentes com balões



No ano passado, estima-se que 59 incêndios foram provocados pela queda de balões no Estado

No início deste mês, a Polícia Ambiental lançou a campanha “Soltar Balão não é Legal, é Crime ambiental”. Com o objetivo de alertar a população sobre os riscos da prática, a campanha vai até o final de julho. Serão realizadas palestras em escolas para explicar aos estudantes os perigos de soltar balões.

O maior problema dos balões está na combinação de estopa, papel de seda e materiais inflamáveis, parafina e querosene, aquecidos em seu interior. Para o delegado de polícia e professor de direito ambiental José Roberto Ferraz, a arma contra esse tipo de delito é a informação. “Penso que para combater este tipo de crime são necessárias campanhas de esclarecimento e de conscientização da população e dos baloeiros,” afirma.

Tradicionais em nossa cultura, os balões estão associados às festas juninas e quermesses repletas de dança de quadrilhas e vinho quente. Mesmo com a divulgação dos perigos que representam, é nesta época do ano que a prática de soltar balões aumenta – e os problemas também. Nos meses de junho e julho, o ar fica mais seco e facilita a propagação de incêndios, principalmente florestais, que danificam ainda mais a fauna e a flora, mesmo em áreas urbanas.

Além do fogo, a queda de um balão pode interromper o fornecimento de energia ao danificar linhas de transmissão, causar incêndios nas áreas urbanas, em pólos petroquímicos, refinarias de petróleo e depósitos de combustíveis. Em 2007, estima-se que 59 incêndios tenham sido causados pela queda de balões no Estado de São Paulo – 18 na Capital, 21 na Grande São Paulo e 20 no interior.

A legislação

A Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, proíbe a fabricação, a venda, o transporte e a soltura de balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas ou qualquer tipo de assentamento urbano. A pena para este crime é a detenção de um a três anos, multa ou ambas.

Existem dois tipos de multas, a pena que é aplicada pelo juiz, de 30 a 40 reais, e a administrativa que é imposta pelos órgãos ambientais, seu valor varia de mil a dez mil reais por balão apreendido.

Somente no primeiro semestre deste ano já foram arbitrados R$ 234.947,58 em multas, sendo que em todo ano passado foram R$ 262.342,04. No ano passado, 44 pessoas foram detidas por cometer este tipo de delito. Neste ano, o número aumentou para 77.

Ferraz diz que os grupos de baloeiros ainda podem ser indiciados por crime de formação de bando. “Estas pessoas se reúnem, especificamente, para a prática do crime ambiental e outros crimes comuns, como invasão de domicilio, ameaças, danos dolosos ao patrimônio público ou privado e manejo ilegal de explosivos”, afirma.

Para que este crime seja combatido, é essencial a participação da população por meio de denúncias, que podem ser feitas pelos telefones 190 (Polícia Militar) e 181 (Disque-Denúncia). A Polícia Militar utiliza diversos instrumentos para combater este crime, mas quando um balão é solto a única coisa que se pode fazer é esperá-lo cair. E, neste caso, mesmo que os baloeiros sejam presos, poderá ser tarde demais.

Tragédias comprovam o perigo

O capitão Mauro Lopes, do Corpo de Bombeiros, conta que atendeu uma grave ocorrência há sete anos: um incêndio em uma residência na Freguesia do Ó causado por um balão. “Foi uma das ocorrências mais marcantes da minha carreira, oito pessoas morreram quando montavam um balão”, recorda.

No local – uma casa térrea com um quintal que ligava o portão da casa aos fundos –, o dono estava com os amigos, todos homens, montando um balão de grande porte com uma cangalha de fogos. A cangalha incendiou-se acidentalmente, estourando os fogos. O dono da casa saiu correndo em direção à rua e os seus amigos se refugiaram em um quarto dos fundos e morreram asfixiados pelos gases da queima dos fogos.

Em 2007 também ocorreu um incêndio, no Centro Cultural São Paulo. O balão caiu sobre o telhado com a tocha acesa e danificou cerca de 2,5 mil documentos do acervo da Biblioteca Sérgio Milliet. Mais de 75% da cobertura de acrílico do local foi destruída.

O caso mais grave ocorreu no Rio de Janeiro, no dia 13 deste mês. Um menino de 13 anos morreu após 22 dias internado. Ele teve queimaduras em 75% do corpo. O acidente aconteceu em um sítio, na Baixada Fluminense, quando a cangalha de um balão arrebentou e caiu em cima do garoto.

Alana Lourenço

Da Secretaria de Segurança Pública

(I.P.)

 



06/26/2008


Artigos Relacionados


Polícia Ambiental alerta estudantes sobre perigo de soltar balões

Polícia Militar Ambiental intensifica operações de combate à soltura de balões

Iamspe lança campanha para prevenir câncer de pele

Governo lança campanha para redução de acidentes de trânsito

Ministério das Cidades lança nova campanha de prevenção aos acidentes de trânsito

CCT vota projeto para prevenir acidentes com material radioativo