Polícia Ambiental alerta estudantes sobre perigo de soltar balões



Campanha Soltar Balões Não É Legal! É Crime Ambiental inclui palestras e material

De junho a agosto o clima é seco, o céu limpo, quase não chove e venta pouco. O tempo, propício para soltar balão, inspira baloeiros, alguns verdadeiros artistas, a aproveitar a ocasião e mostrar seus talentos para a prática criminal. Papéis coloridos, varetas, cordas, presilhas e outros materiais transformam-se em balões de tamanhos variados, de 1 a 60 metros (equivalente a um prédio de 20 andares). Muitos têm formato de laranja, triângulo, caixa, charuto, ou fazem alusão a Santos Dumont, Copa do Mundo, bandeiras do Brasil, times de futebol e até artistas famosos. Os modelos mais sofisticados podem custar em torno de R$ 15 mil.

As pessoas se impressionam com a beleza da arte exibida no ar. A brincadeira seria divertida se o balão não trouxesse gigantesco poder de destruição. “A combinação de estopa com materiais inflamáveis (parafina e querosene) aquecidos no interior do balão, representa enorme perigo. Quando acaba a sustentação e o artefato desce, o resultado pode ser catastrófico. E é, na maioria das vezes”, afirma o tenente Marcos das Neves Palumbo, do Corpo de Bombeiros. A estatística é preocupante: 66% deles caem acesos, ou seja, de cada três lançados, dois permanecem com suas tochas em chamas após a queda.

A fim de alertar os estudantes sobre os riscos da prática delituosa, a Polícia Ambiental, ligada à Polícia Militar do Estado de São Paulo, lança a campanha Soltar Balões Não É Legal! É Crime Ambiental, que começou no 2 de junho e vai até o final de julho. A Associação das Indústrias do Pólo Petroquímico do Grande ABC (Apolo), parceira da iniciativa, imprimiu 130 mil folhetos, 22,5 mil cartazes e 30 mil cartilhas sobre educação ambiental. Multa: R$ 5,5 mil – O porta-voz do Comando de Policiamento Ambiental, capitão Walter Nyakas Junior, explica que o programa prevê a atuação do efetivo da Polícia Ambiental (2,2 mil homens). O contingente intensificará a fiscalização rotineira e realizará palestras “no maior número possível de escolas da rede pública e particular do Estado”, para conscientizar os estudantes sobre os perigos de soltar balões. Nos debates, os alunos receberão os impressos e serão esclarecidos sobre as determinações da Lei Federal nº 9.605, de 13 de fevereiro de 1998.

A legislação pune quem transporta, fabrica, comercializa ou solta balões, capazes de causar incêndios em florestas, matas e em qualquer área urbana ou de assentamento humano. O infrator cumpre pena de um a três anos de detenção e paga multa de R$ 5.593,99 por balão apreendido.

O capitão Nyakas frisa que a ação para coibir o crime ocorre o ano todo. Somente nos primeiros meses de 2008 (no Estado) foram detidas 36 pessoas que tentavam lançar o artefato e recolhidos cerca de R$ 190 mil em multas. No ano passado, 44 infratores foram punidos, e pagaram pouco mais de R$ 263 mil.

“O lançamento de balão é ocorrência grave porque gera grande propagação de fogo”, atesta o tenente Palumbo, do Corpo de Bombeiros. Em 2007, houve 155 incêndios causados provavelmente por balão. Só na capital foram 58.Denúncia – O tenente Palumbo conta que as regiões leste e norte da capital, próximas ao Campo de Marte e Aeroporto de Cumbica, são as que apresentam maior incidência de lançamento. Na Grande São Paulo, a prática ocorre em chácaras de Mogi das Cruzes e Atibaia, por exemplo. Mas diz que o crime também acontece no interior do Estado.

Alerta que a Secretaria de Segurança Pública dispõe de grupo de monitoramento das atividades dos baloeiros para flagrar os criminosos. Palumbo acrescenta que a colaboração do cidadão no combate a este tipo de delito é muito importante. Se desconfiar de alguém que confecciona balão, contate o disque-denúncia pelo 181 e informe detalhes antes do lançamento. O anonimato do denunciante é garantido. 

“A maioria das prisões ocorre com a ajuda da população, que denuncia”, diz o capitão Nyakas, da Polícia Ambiental. Em maio, um telefonema possibilitou surpreender 15 pessoas, minutos antes de soltarem balão, num sítio em Guarulhos, na Grande São Paulo. O artefato media cerca de 20 metros e dispunha de uma cangalha com 5,5 mil lanternas.

Além da apreensão de dois veículos e três motos, os infratores foram penalizados com detenção de um a três anos e multa que chegou a R$ 67 mil.

No feriado passado, 22 de maio, a polícia prendeu em flagrante e multou outros oito infratores nas proximidades do Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos.

Perigo na terra -

Balão causa incêndios catastróficos. No dia 17 de maio do ano passado, por exemplo, caiu um sobre o telhado do Centro Cultural São Paulo. A tocha do artefato – acesa mesmo após a queda – ocasionou incêndio que destruiu mais de 75% da cobertura de acrílico, localizada acima da Biblioteca Sérgio Milliet. Aproximadamente 2,5 mil documentos do acervo (fotos, entrevistas de artistas) foram danificados.

Na madrugada de domingo, 11 de maio deste ano, por pouco não houve uma tragédia no Aeroporto de Cumbica. Por volta de 3h30, o artefato caiu no pátio de manobras, onde as aeronaves são abastecidas. O balão estava apagado, mas os fogos atados à sua cangalha explodiram em contato com o solo. Um caminhão-pipa chegou ao local em 40 segundos e controlou o incêndio.

O problema poderia ter adquirido dimensões trágicas, pois um avião da TAM, distante 30 metros da explosão, acabara de encher seu tanque com 4 mil litros de querosene. De acordo com o setor de prevenção de acidentes da Infraero, só neste ano 12 balões caíram em Cumbica. Em 2007, houve 104 registros nas imediações e a queda de 42 deles na área do aeroporto. Perigo também no ar – “A imagem do balão não é transmitida ao radar aéreo, que só rastreia componentes metálicos”, informa o comandante Cleber Teixeira Mansur, presidente da Associação Brasileira de Pilotos de Helicóptero.

Se uma tocha de 60 quilos (material inflamável usado para fazer o balão subir e se mantiver no ar) for sugada pela turbina do avião, o resultado seria uma explosão, avisa o comandante. O helicóptero pára se sua hélice do rotor traseiro se enrolar num balão. Diz que até hoje não soube de acidentes reais, mas os pilotos sempre levam sustos, notadamente na recente queda de balão na área de manobras de Cumbica. Durante o dia, a falta de contrastes na paisagem impede que o profissional identifique um balão no espaço.

Por causa da menor velocidade, Mansur explica que helicóptero teria mais capacidade de manobra para se desviar de um artefato no ar do que um avião.

Se um balão flutuar próximo da área de pouso de um avião é provável a ocorrência de acidente. “Quando a aeronave prepara-se para pousar, atinge velocidade de 270 a 300 quilômetros por hora. Imagine quantos quilômetros seriam necessários para desviar desse balão com segurança?”, pergunta o comandante

Cleber Teixeira Mansur abomina essas ações criminosas. “Os baloeiros gastam uma fortuna nessas brincadeiras perigosas. É uma ignorância sem procedência”

AÇÃO DA POLÍCIA AMBIENTAL EM NÚMEROS

                        2006    2007    2008

Ocorrências     21        21        6

Autuações        19        45        29

Balões apreendidos      37        38        6

Rojões apreendidos     96        90        35

Pessoas detidas           21        44        36

Cangalhas        28        27        2

Multas  R$ 162,3 mil    R$ 262,1 mil    R$ 190 mil

(Fonte: Polícia Ambiental de São Paulo)

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Da Agência Imprensa Oficial



06/04/2008


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