Polícia Federal diz que não vai permitir que clandestinos nigerianos desembarquem em Paranaguá
Os nove nigerianos que embarcaram clandestinamente no navio mercante de bandeira turca Yasa Kaputan Erbil, que está fundeado desde o dia 19 na Baía de Paranaguá (Paraná), devem pedir asilo político no Brasil. Entretanto, a Polícia Federal esclarece que não vai autorizar o desembarque dos nigerianos.
O delegado da Polícia Federal em Paranaguá, Jorge Fayad, alega questões de segurança nacional e garante que o desembarque não será autorizado em hipótese alguma. “Não sabemos quem são e nem se têm antecedentes criminais. É também questão de saúde pública, não sabemos se são portadores de alguma doença infectocontagiosa que possa acarretar dano à população”.
Fayad disse que um dos nigerianos foi reconhecido pela própria polícia, apesar de não portar documentos. “É a décima-oitava vez que ele tenta entrar no Brasil e já criou muita confusão por aqui. A última vez que foi repatriado foi há dois anos. Ele é agressivo, teve que voltar dopado e acompanhado de uma equipe médica”.
Ele explicou que a administradora do navio, a Agência Marítima Brazilian Port Agents, é responsável pelos clandestinos. “Se [a empresa] entender que [os nigerianos] estão respaldados em alguma lei, que procurem por isso, mas, no momento, isso não está sendo nem cogitado, porque estamos respeitando o Estatuto dos Estrangeiros”, explicou.
A representante da Brazilian Port Agents, Taciane Lacerda, disse que a companhia está seguindo todas as determinações da Polícia Federal e que procura uma solução para o impasse. “Até agora, não há prejuízos financeiros porque a data programada para o embarque de soja no Porto de Paranaguá é o próximo dia 28”. O cargueiro permanece parado entre as ilhas do Mel e das Cobras.
Segundo o delegado Fayad, os nigerianos estão em segurança e a situação dentro do navio é de normalidade. “Eles ficaram 11 dias sem alimentação e em situação degradante, mas ocasionada por eles mesmos. Eles se colocaram nesta situação”.
Representantes da Comissão Nacional de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) visitaram o navio e, segundo um dos membros da comissão, Dálio Zippin, as condições são precárias. “Eles estão revoltados com a situação, agressivos, e o comandante foi obrigado a colocá-los em salas separadas, que se assemelham a gaiolas sem banheiro e sem ventilação adequada”. A comissão deve entrar, ainda nesta segunda-feira (26) em contato com a Embaixada da Nigéria e com autoridades federais para tentar resolver o impasse.
Segundo Zippin, a Nigéria vive uma guerra étnica e religiosa e os clandestinos relataram que, por serem católicos, estão sendo ameaçados de morte. “Eles têm o direito de ser ouvidos pelas autoridades e de reivindicar asilo político”, disse ele.
Fonte:
Agência Brasil
26/09/2011 20:33
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