Polícia Rodoviária aponta rotas de prostituição infantil



Em audiência pública na Assembléia Legislativa de Minas Gerais, a CPI que investiga a exploração sexual de crianças e adolescentes ouviu nesta terça-feira (30) o inspetor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Junie Pena. Ele apresentou aos parlamentares levantamento promovido pela PRF sobre os principais pontos de prostituição infantil nas estradas brasileiras.

No Rio Grande do Sul, por exemplo, a PRF apontou rotas nas BRs 116 (Pelotas-Jaguarão), 472 (Uruguaiana-Barra do Quaraí) e 471 (Santa Vitória do Palmar-Chuí). Pena revelou, ainda, duas novas rotas de tráfico infantil para o exterior. De caminhão, as vítimas saem pelo norte do País com destino ao Suriname; e pelo Sul, com destino à Argentina e ao Uruguai.

Após o depoimento, a relatora da CPI, deputada Maria do Rosário (PT-RS), afirmou que alguns caminhoneiros facilitam o tráfico e a exploração de crianças e adolescentes, ao transportá-los de um estado a outro e até para fora do País.

- Os caminhoneiros levam as meninas pelo caminho da exploração sexual entre prostíbulos, restaurantes e bares, dificultando a identificação e a proteção dessas crianças - afirmou. Maria do Rosário disse que a CPI vai trabalhar na conscientização dos caminhoneiros e buscar parcerias com a categoria para reduzir o tráfico e a exploração de crianças e adolescentes.

A presidente da CPI, senadora Patrícia Saboya Gomes (PPS-CE), disse que o problema existe em todo o país, inclusive em sua cidade, Fortaleza, onde as meninas são abordadas nas praias por homens adultos. Para ela, é necessária uma mudança cultural para resolver a questão. A solução, segundo ela, passa pela implantação de políticas públicas criativas.

- Não basta oferecer um curso de corte e costura para essas meninas - disse ela. A representante da Confederação Nacional dos Transportes, Maria Tereza Pantoja, pediu que o caminhoneiro não fosse estigmatizado, mas fosse transformado em agente de combate a esse crime. Segundo ela, "a questão geral é a pobreza no Brasil, onde 42% da população não ganha o suficiente para se manter".

Nas próximas semanas, a CPMI vai realizar audiências públicas em Natal (RN), João Pessoa (PB), Fortaleza (CE), Cuiabá (MT) e Rio de Janeiro (RJ). O relatório final dos trabalhos deverá ser apresentado no final de maio. Instalada em junho do ano passado, a comissão recebeu cerca de 800 denúncias de todo o País, visitou 15 estados, realizou diligências, aprovou mais de 120 requerimentos e expediu quase 800 ofícios a vários órgãos e autoridades.



30/03/2004

Agência Senado


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