Patrícia Saboya diz que o governo nada fez contra a prostituição infantil



Como presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga redes de exploração sexual de crianças e adolescentes no Brasil e como vice-líder do governo, a senadora Patrícia Saboya Gomes (PPS-CE) cobrou respostas concretas do governo federal no combate à prostituição infantil.

- Nada foi feito até o dia de hoje. A evidência dos fatos é que não conseguimos ser prioridade dentro das ações deste governo, do qual sou vice-líder. Venho cobrar publicamente o que já fizemos várias vezes pessoalmente - afirmou a parlamentar, lembrando que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, na primeira reunião ministerial, que o combate a esse tipo de crime seria prioridade em seu governo.

A senadora comentou alguns dos casos investigados pela CPMI desde junho do ano passado, apresentados por algumas das dezenas de pessoas ouvidas nas 10 audiências públicas e oito sessões temáticas. Ela citou, assim, a jovem que denunciou uma rede de prostituição na Paraíba envolvendo políticos, empresário e juízes, lembrando, aos 20 anos de idade, da época em que era jovem e bonita.

A senadora mencionou também em Plenário o caso da mãe do Mato Grosso do Sul que deu a filha de 10 anos ao amante; da ex-prostituta de Cuiabá (MT) que, aos 18 anos, dizia ter a alma velha; e do delegado que, ao levar ao Instituto Médico Legal (IML) um garoto de nove anos que era explorado por um grupo de nove taxistas de Porto Alegre (RS), comparou seu ânus a uma cloaca.

A parlamentar disse que nem tudo está perdido: destacou a coragem da juíza Suely Alonso, que, apoiada pelo Ministério Público e pela sociedade local, desbaratou uma rede de prostituição envolvendo empresários e políticos de Porto Ferreira (SP). Dos 17 denunciados, 15 já cumprem penas não inferiores a 45 anos de prisão, condenadas em primeira instância.

Patrícia Saboya afirmou que, apesar de ter dedicado toda sua vida pública ao tema, viu coisas que nunca imaginou. Destacou o trabalho da relatora da CPMI, deputada Maria do Rosário, que assistiu ao discurso da senadora no Plenário do Senado. E disse que, se os parlamentares da comissão não obtiveram respostas para as investigações, não foi por responsabilidade deles, mas talvez por ingenuidade, por terem pensado que poderiam ter uma equipe da Polícia Federal trabalhando dentro da CMPI.

A senadora disse compreender o excesso de problemas do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, mas que não se conforma com a falta de ação do governo para combater o problema. Em aparte, o senador Ramez Tebet (PMDB-MS) afirmou ser preciso um planejamento efetivo para acabar com o sofrimento das crianças brasileiras.



12/05/2004

Agência Senado


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