Policial legislativo relata investigação que culminou com denúncia de pedófilo que usava rede do Senado



Matéria atualizada às 20h15

O chefe da Polícia Legislativa do Senado, Pedro Ricardo Araújo Carvalho, relatou, em depoimento nesta terça-feira (4) à Comissão Parlamentar de Inquérito da Pedofilia, os procedimentos adotados na investigação que resultou na denúncia, pelo Ministério Público, de José Carlos Jacob de Carvalho, acusado de armazenar imagens de pedofilia na rede do Senado Federal, que trabalhava no gabinete do senador Aloizio Mercadante (PT-SP).

De acordo com o policial, uma denúncia anônima em 2007 alertou a Polícia Legislativa para o uso da máquina com o armazenamento de imagens de crianças e adolescentes em situação de abuso. O computador teve seu conteúdo monitorado e, posteriormente, foi apreendido e enviado à Polícia Federal para perícia, que enviou os resultados um ano depois, o que possibilitou a denúncia formal de Jacob. O funcionário foi exonerado por Mercadante no mesmo dia em que o senador foi informado da denúncia, mas não foi preso.

De acordo com o presidente da CPI, senador Magno Malta (PR-ES), as fotos registram abusos até de crianças de berço. Indagado a respeito das justificativas apresentadas por Jacob em depoimento informal, Pedro Carvalho disse:

- Ele alegou que era parte de um trabalho, que escrevia um livro sobre sexualidade.

Magno Malta informou que a CPI aguarda para a quarta-feira (5), a partir das 10h, o depoimento de Jacob e também de Ewandro de Carvalho Sobrinho, que está sendo investigado pela Polícia Civil do Distrito Federal por manter relações com jovens menores de idade, inclusive com uma menina de 14 anos. Até agora, entretanto, não se confirmou a presença de Jacob, que é português naturalizado brasileiro desde 1997 e, segundo Malta, entrou de licença do trabalho até 2010.

- Se ele não comparecer, vou me comunicar com o advogado dele e amanhã [quarta-feira] mando a convocação para a Polícia Federal pedindo que o traga coercitivamente - informou. 

Cartilha

Magno Malta também anunciou a edição de uma cartilha chamada Abuso Sexual Infanto-Juvenil, com o objetivo de esclarecer os pais sobre os abusos a que seus filhos estão sujeitos, e orientá-los sobre a forma de preparar as crianças para detectar abusos. A cartilha, impressa dentro da cota a que tem direito na Gráfica do Senado, estará disponível para download na página pessoal do senador e tem sua reprodução autorizada. A intenção, explicou o senador, é distribuí-la em escolas e igrejas, por meio de organizações não-governamentais e outras instituições.

- A educação é a saída para tudo. Quando você educa, você forma o caráter. A falta de informação produz deformidades - afirmou. 

Novas quebras de sigilo

A CPI também aguarda a quebra do sigilo telemático de 16.500 perfis do site de relacionamentos Orkut, onde foram encontrados imagens de pedofilia, conforme foi prometido pela empresa Google, criadora do Orkut. A entrega será feita ao senador Magno Malta por representante da Google no Brasil, às 10h desta quarta-feira (5), na sala 02, da Ala Nilo Coelho do Senado Federal.

A expectativa, anunciada durante a audiência, é encontrar pelo menos mais 7 mil pedófilos, identificados a partir dos IPs dos computadores e, a partir daí, pedir a quebra do sigilo telefônico às companhias. Essas empresas também vão assinar Termos de Ajuste de Conduta (TAC), para tornar mais ágeis, por exemplo, a cessão de informações pedidas pelas CPIs.



04/11/2008

Agência Senado


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